A economia não deve melhorar, então o que a Copa vai trazer de bom para o Brasil?

No curto prazo, o brasileiro realmente não deve esperar impactos relevantes, mas no longo prazo eles virão, apontou a consultoria Colliers International

Paula Barra

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SÃO PAULO – A esperança que a economia brasileira, que já não vai muito bem das pernas, ganhe um estímulo extra com a Copa do Mundo no curto e médio prazo parece cada vez mais irreal. A expectativa é que o impacto do evento seja de apenas 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo cálculos da Moody’s. Mas se para a economia já não vai ajudar muito agora, o que Copa pode trazer de bom para o Brasil?

No curto prazo, o brasileiro realmente não deve esperar impactos relevantes, mas no longo prazo eles virão, apontou um relatório da consultoria Colliers International. “Os ganhos serão substanciais, mas parece que não serão realizados durante o evento. Os ganhos chegarão nos próximos anos e serão indiretos”, disse Walter Boettcher, economista-chefe da consultoria. 

Segundo relatório recente da Colliers, os benefícios de sediar a Copa não são puramente financeiros, mas vincula a “marca” do País à comunidade internacional. “O país-sede tem um imediato aumento dos ganhos e uma mudança na percepção sobre o lugar, resultando em um impulso no turismo e benefícios políticos, mas eles vêm ao longo dos anos”, disse. 

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Para Boettcher, os novos estádios podem ajudar a acelerar o crescimento econômico de algumas cidades, sendo as mais beneficiadas São Paulo (Arena de São Paulo), Recife (Arena Pernambuco) e Cuiabá (Estádio Pantanal). 

Além disso, os investimentos em infraestrutura e modernização para o evento devem suportar o desenvolvimento da economia, mas que serão medidos ao longo dos anos, e não em meses. Ele comenta que, certamente, há uma revolta em relação aos gastos do Brasil na Copa, especialmente aos gastos de construção que são atribuídos a corrupção. Entretanto, os projetos de modernização no País ocorreram mais rápido com a Copa do que sem o evento.

Outro ponto levantado pela consultoria é que tanto a Copa quanto Olimpíadas vão introduzir o Brasil em um cenário global, assim como a Coreia do Sul, China e África do Sul, nos anos de 1988, 2002, 2008 e 2010. 

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Copa em números
Além da análise sobre o Brasil, a Colliers International traz alguns números sobre as Copas. Segundo a consultoria, o país que sedia a Copa certamente tem um ganho substancial de turistas. A média de visitantes durante a Copa nos anos 90 é de 3 milhões. Nos Estados Unidos, em particular, atingiu a marca de 3,6 milhões de turistas durante o evento, em 1994. 

Segundo dados divulgados pelo Ministério do Turismo e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), estima que 3,7 milhões de turistas vão circular pelo Brasil durante a Copa do Mundo, gerando um gasto de R$ 6,7 bilhões. 

Por outro lado, os custos por visitante também são bem robustos. A média, segundo a consultoria, tem sido de cerca de US$ 1,3 mil. No Brasil, esses custos devem atingir US$ 990 por visitante.

E sobre o esporte mesmo? Segundo a consultoria, os países que sediam a Copa tem 63% de chances de chegar as semi-finais. 32% das países anfitriãos ganharam a competição, 42% terminaram na segunda posição , 47% encerraram no terceiro lugar e 63% conquistaram o quarto lugar. Ou seja, a seleção brasileira e o País têm muito a ganhar, comentou a Colliers.

Confira o impacto nas economias dos países que sediaram a Copa desde 1986:

Ano País-sede Principais impactos na economia*
1986 México Recuperação da confiança da população depois do terremoto um ano antes do evento. Em 1986, o PIB do México subiu 5,7%.
1990 Itália Modernização dos estádios existentes, novos sistemas de telecomunicação, infraestrutura e crescimento de 3,4% do PIB em 1989.
1994 EUA

Sucesso com 3,6 milhões de visitantes. Crescimento do futebol no país, o que atraiu mais patrocinadores. Repaginamento do estádio Rose Bowl, em Pasadena (Texas). 

1998 França Recuperação de St Denis, incluindo estádio e duas novas estações do sistema de transporte ferroviário híbrido (RER). Uma série de incrementos em outros estádios, mas desprezível impacto no PIB.
2002 Japão e Coreia do Sul Número de turistas subiu em 30 mil na comparação anual. O PIB cresceu 4,3% no Japão depois de quatro trimestres de recessão, entretanto, caiu imediatamente depois.
2006 Alemanha Uma série de projetos de infraestrutura em transportes nas cidades-sede. Iniciativa verde promovida eficientemente
2010 África do Sul Reputação internacional elevada. Melhorias no sistema de transporte em Cape Town, Durban e Joanesburgo, com o desenvolvimento do turismo e rede hoteleira. 
*Fonte: Colliers International