5 fatores para entender o “peronismo moderado” de Alberto Fernández na Argentina

A surpresa com as eleições primárias argentinas e as expectativas com as consequências de uma provável vitória da oposição

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A vantagem de 15 pontos percentuais do opositor Alberto Fernández sobre o atual presidente Mauricio Macri nas eleições primárias argentinas já faz com que o mercado precifique a volta do kirchnerismo à Casa Rosada. O momento é de muitas dúvidas sobre o futuro em Buenos Aires, sobretudo no que diz respeito à pauta econômica em meio à grave crise vivida pelos hermanos.

Este foi o assunto do segundo bloco do 29º episódio do podcast Frequência Política, feito em parceria pela XP Investimentos e o InfoMoney. Você pode ouvir a íntegra pelo SpotifySpreakeriTunesGoogle Podcasts e Castbox, ou então baixar clicando aqui.

“Acho que está resolvida a eleição. É muito difícil para Macri tirar essa diferença. Também vimos pelas medidas um pouco desesperadas que ele tomou com relação a temas econômicos. A preocupação é quanto o governo vai usar da estrutura para tentar reverter a eleição ou não perder de muito e o que sobra da Argentina para o próximo presidente”, observa Richard Back, chefe de análise política da XP.

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O nome do favorito para comandar o país nos próximos quatro anos é alvo de ceticismo pelos mercados. Na segunda-feira que sucedeu as primárias, a bolsa argentina perdeu US$ 23,7 bilhões em valor de mercado, com um tombo de 38% do índice Merval. O receio dos investidores é uma reedição de políticas implementadas na gestão de Cristina Kirchner, atual vice na chapa encabeçada por Fernández.

Eles estão certos? Para interpretar o momento pelo qual passa o país-vizinho e o que vem por aí em caso da provável vitória opositora, é necessário observar ao menos 5 variáveis: 1) O perfil de Alberto Fernández, tido como mais moderado do que sua vice; 2) A interação entre os grupos que se uniram em torno do projeto e como será a correlação de forças no parlamento e entre os governos estaduais; 3) O papel de Cristina Kirchner (está longe de ser uma personagem decorativa, mas, como vice, enfrentará obstáculos para exercer o poder de outros tempos); 4) A conjuntura de profunda crise econômica vivida pelo país e possíveis aprendizados com erros passados; 5) O ambiente de profunda radicalização política no país e seu papel no xadrez do poder.

“Uma coisa é o peronismo K (kirchnerista), outra coisa é o peronismo mais moderado. Não estamos dizendo necessariamente que Fernández é um tipo muito moderado e que vai fazer um governo moderado. Não concordamos com as comparações com Lula 2002. Isso não tem o menor sentido. Cristina Kirchner é a vice, a Argentina não é o Brasil, o momento econômico que Fernández pega é muito pior e a polarização da sociedade não é igual a que a gente tinha naquela época. São situações nada comparáveis”, avalia Back.

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“Mas Fernández também não é Cristina. Na comparação com ela, ele é muito mais moderado. Acho até que Alberto Fernández tem muito mais de Nestor Kirchner. Mas temos que avaliar e ter em mente que o Congresso tem muita relevância da Cristina — é claro que Fernández vai querer ser presidente, vai tentar fazer acordo com os parlamentares e com os governadores que têm um peso importante politicamente lá. Não vai ser um governo muito tranquilo”, complementa.

Para o analista político, caso a vitória da chapa opositora se confirme, será muito importante observar a interação dos diferentes grupos que se uniram durante este processo. “Termos Cristina puxando para um lado, Fernández puxando para outro, outro tipo de peronismo puxando para outra ponta. Não vai ser tranquila a arrumação do governo nem a definição de uma linha de gestão. E, claro, quem perdeu a eleição vai continuar muito radicalizado”, conclui.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.