44, 56 ou 66 mil pontos? BofA traça três cenários para o Ibovespa após as eleições

Analista e estrategista do banco norte-americano ressaltam que próximo governo pode promover ajuste, o que seria bom para o índice ou não fazer, o que levaria o índice à queda

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Nos últimos dois meses, o principal índice da Bolsa brasileira, registrou fortes ganhos em meio às expectativas para as eleições presidenciais, descolando-se assim dos fundamentos macroeconômicos deteriorados. E o próximo ano, conforme aponta o Bank of America Merrill Lynch, tem tudo para ser desafiador. Contudo, eles devem refletir as mudanças em potencial das políticas de mercado e os seus impactos sobre os ganhos do Ibovespa, que podem variar de queda para 44.000 pontos para ganhos até os 66.000 pontos.

Desta forma, o analista do BofA, Felipe Hirai e o estrategista e economista David Becker traçaram três cenários para o Ibovespa baseado no pós-eleições, tendo como referência as políticas que serão realizadas pela administração nas relações preço sobre lucro, independentemente de quem será o vencedor do pleito de outubro. 

Hirai e Becker ressaltam que o Brasil precisa implementar ajustes econômicos de forma a domar a inflação e levá-la de volta para o centro da meta, de 4,5% ao ano. Além disso, a previsibilidade política vem caindo significativamente ao longo dos anos, afetando negativamente a confiança e as decisões de investimento.

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Vale ressaltar que em nenhum dos cenários são levados em conta o impacto de um racionamento de energia, que deixaria um impacto significativo sobre a economia brasileira. Para o BofA, as pesquisas eleitorais devem continuar guiando o mercado e as apostas são de um segundo turno. Mas, o relatório elaborado pelo banco americano ressalta mais as ações do novo governante do que quem será eleito. Confira os três cenários apontados por eles em relatório do BofA:

Cenário A: sem ajuste macroeconômico
No cenário A, os estrategistas avaliam que o governo não fará ajustes econômicos após as eleições, o que pode levar a uma queda na confiança, uma baixa no passo do PIB (Produto Interno Bruto) – de 1% em 2015 e 0,5% em 2016 – e um aumento na inflação e nas expectativas de inflação, para 7,5% no próximo ano. 

“O risco-chave é de que a inflação comece a crescer, fazendo o ajuste econômico necessário ser muito maior. Além disso, o aumento nas expectativas de inflação e a incerteza política podem levar a maiores pressões para o real”, afirmam. 

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Neste cenário, o Ibovespa cairia para 44 mil pontos, um potencial de desvalorização de 18,38% em relação ao fechamento da última terça-feira (13). Empresas de segmentos de materiais básicos, como Fibria (FIBR3), Vale (VALE3;VALE5) e Gerdau (GGBR4), bancos como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), além de Cielo (CIEL3). Por fim, estão as empresas do setor de educação, como Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3).

Do lado negativo, estão empresas do setor de distribuição de energia elétrica, Petrobras (PETR3;PETR4) e o segmento de shopping centers.

Cenário B: Ajuste macroeconômico gradual
O cenário B assume que o governo implemente uma política fiscal mais restrita – com um superávit primário de 1,5% do PIB – e que o Banco Central aumente as taxas de juros básica em 100 pontos-base. Estes movimentos devem permitir que a inflação caia gradualmente mas se mantenha perto do teto da meta, de 6,5% ao ano, por ainda algum tempo. Neste cenário, o governo opta por um ajuste gradual nas tarifas de eletricidade e combustíveis, mas ainda não totalmente.

Neste ambiente econômico, o potencial de valorização para o Ibovespa é de 3,88%, para 56.000 pontos, tendo como principais beneficiados bancos como Itaú Unibanco, Bradesco, além de Cielo, assim como CCR (CCRO3) e Embraer (EMBR3). Dentre as prejudicadas, estão a Petrobras e geradoras e distribuidoras de energia.

Cenário C: ajuste forte e rápido
No cenário C, o governo ajusta tarifas imediatamente e implementa políticas mais restritas, o que deve levar a uma queda na inflação e nas suas expectativas e declínio no crescimento e no emprego no curto prazo, mas permite para uma convergência mais rápida da inflação para o centro da meta e aceleração do crescimento no médio prazo. O superávit primário iria para 2,5% do PIB no cenário base estrutural e a Selic aumentaria em 200 pontos-base. O aumento das taxas de juros poderiam fortalecer o real, mas as expectativas podem fazer com que o real tenha uma queda gradual.

Neste cenário, o potencial de valorização para o benchmark da bolsa em 22,43%, para 66.000 pontos, com destaque para as maiores beneficiadas CCR, Gol (GOLL4), Petrobras, Cyrela (CYRE3) e BR Malls (BRML3). Por outro lado, empresas como Fibria (FIBR3), Vale, além das empresas do setor de consumo Via Varejo (VVAR3) e Souza Cruz (CRUZ3). 

Estimando a relação preço sobre lucro
O impacto do mercado dado os diferentes cenários viria de uma combinação de uma mudança de múltiplos e nas estimativas de lucro, que serão guiados por três variáveis: crescimento, risco (taxa de desconto) e retorno (retorno sobre o patrimônio líquido em relação ao retorno sobre o capital investido). 

Historicamente, apontam Hirai e Becker, o Brasil tem sido negociado a uma média de 10,5 a 11 vezes a relação preço sobre lucro, o que seria mantido no cenário B, enquanto o cenário C embutiria um prêmio de 30%. No primeiro cenário, de não ajuste, os múltiplos poderiam ficar abaixo da média histórica. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.