166 deputados e 28 senadores foram eleitos com doações registradas da JBS

Ao que consta nos registros do Tribunal Superior Eleitoral, o grupo foi o principal financiador privado de candidatos na última eleição para o Legislativo em nível federal

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um em cada três parlamentares eleitos em 2014 receberam recursos da JBS (JBSS3) em suas campanhas. Segundo planilha entregue pela empresa à Procuradoria-Geral da República e divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (22), o grupo contribuiu com as candidaturas de 166 deputados e 28 senadores que conseguiram assentos em suas respectivas casas legislativas. Os nomes e valores apresentados coincidem com os das prestações de contas entregues por partidos e candidatos à Justiça Eleitoral, o que significa que os valores citados são de doações formalizadas, em acordo com a legislação eleitoral.

Ao que consta nos registros do Tribunal Superior Eleitoral, o grupo foi o principal financiador privado de candidatos na última eleição para o Legislativo em nível federal. A maior parte do volume de recursos foi primeiro entregue às direções dos partidos, e, depois distribuída aos candidatos. Pelos elementos que se tem hoje, não há como verificar se a empresa apontava ou não às cúpulas partidárias seus candidatos preferidos. Vale lembrar que, até as eleições de 2014, as doações de grupos privados eram autorizadas pela legislação eleitoral, o que foi alterado a partir do pleito de 2016.

A existência de tal rede de influências alimenta críticas sobre um possível cenário de eleições indiretas se o presidente Michel Temer deixar o cargo — seja por renúncia, cassação ou impeachment. Grupos favoráveis a eleições diretas argumentam que um pleito decidido pelos parlamentares replicaria exatamente o sistema hoje contestado, conferindo poder às grandes doadoras das campanhas em 2014 em detrimento à soberania popular.

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Em números absolutos, o PP é o partido com mais deputados eleitos com recursos oriundos do frigorífico, totalizando 27 — 70% de sua atual bancada. Na sequência aparece o PT, com 20 financiados (29%), PR, com 19 financiados (56%) e PMDB, com 17 (26%). No Senado, o PMDB lidera em números absolutos, com 10 parlamentares eleitos com doações da JBS, número que corresponde a 45% de toda a bancada na casa. Na sequência, aparecem PSDB, com 5 senadores (45%), PT, com 4 (40%) e PP, com 3 (43%).

Conforme pontua a reportagem do jornal, a planilha mostra que, dos parlamentares eleitos pelo grupo empresarial, 92% integravam partidos da base do governo Dilma Rousseff. Hoje, 75% desse grupo de financiados pela JBS estão em legendas da base aliada de Michel Temer.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.