Lucro da Petrobras cai 42%, mas ações sobem: por que o mercado está otimista com a estatal?

Petrobras foi prejudicada por queda da produção e mudança contábil no 1º trimestre, mas analistas enxergam um futuro promissor

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O resultado de uma empresa é feito de mais do que somente números. Para quem olhou apenas o lucro da Petrobras (PETR3; PETR4) na noite de terça-feira (7), que caiu 42% e fechou o primeiro trimestre em R$ 4,03 bilhões, a situação poderia parecer bastante negativa. Mas ver as ações da companhia saltando 4% nesta quarta mostra que o cenário não é bem esse.

Apesar do lucro abaixo da expectativa média dos analistas, em geral, a avaliação é que a estatal entregou um resultado em linha, já que era esperada a queda de 4% na produção de petróleo por conta das inúmeras paradas para manutenção das plataformas da empresa. Com um resultado sem grandes surpresas, o foco do mercado ficou voltado para o futuro da companhia, e por isso o otimismo.

Segundo os analistas Bruno Montanari e Guilherme Levy, do Morgan Stanley, apesar de um trimestre difícil, com menor preço do petróleo e produção baixa, a Petrobras ainda teve forte geração de fluxo de caixa. “E com a produção de abril 10% maior, finalmente veremos sinais saudáveis de um crescimento acima da média da empresa”, afirmam, destacando o crescimento do pré-sal como principal gatilho para o futuro.

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Já o UBS diz que sua tese de investimentos na Petrobras agora está focada em dois pilares: 1) forte crescimento da produção nos próximos meses, que deve aumentar a geração de caixa; e 2) desinvestimentos, desencadeando a transferência de valor de dívida para capital. “Esses fatores juntos levariam a uma menor alavancagem e percepção de risco”, avaliam os analistas Luiz Carvalho e Gabriel Barra.

Passadas as dificuldades deste primeiro trimestre, os analistas agora afirmam que a estatal está “no caminho certo”, com bons sinais vindos do fato de ter sido o 16º trimestre consecutivo de fluxo de caixa positivo e por conta dos desinvestimentos que estão sendo feitos.

A dupla do UBS ressalta que as reduções de participação do BNDES e da Caixa Econômica Federal podem afetar a ação devido ao tamanho das posições, mas há uma “consistência na estratégia da Petrobras até agora”. Em fevereiro, o governo assinou um decreto que autoriza os dois bancos públicos a venderem suas participações na Petrobras sem aval presidencial. Atualmente, Caixa e BNDES têm R$ 62,8 bilhões na estatal petrolífera.

Outro fator de destaque, mas que não foi surpresa no balanço da companhia, foi a mudança das regras contábeis para IFRS 16, que resultaram na contabilização de R$ 103,4 bilhões em ativos fixos e passivos de leasing no primeiro trimestre da petrolífera.

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Em geral, como destaca o Santander, os dois principais impactos desta mudança foram o aumento da dívida da empresa para R$ 372 bilhões e a elevação da relação dívida líquida/Ebitda para 3,19x, ante 2,37x sem considerar estes efeitos. Mesmo assim, esses impactos já estavam previstos pelo mercado antes da divulgação do balanço.

A queda forte do lucro da Petrobras em um ano pode ter pego muita gente de surpresa, mas era algo já esperado pela maioria dos analistas, que precificou a produção fraca e a mudança contábil. 

O otimismo com os próximos meses é visto nas recomendações. Das 11 casas de análise acompanhadas pela Bloomberg, nove recomendam compra dos papéis da estatal, enquanto duas estão neutras e nenhuma fala em venda de ações.

Enquanto isso, o preço-alvo médio para os ativos PETR4 é de R$ 32,20, o que representa uma alta de 18% ante o valor atual. O ano começou difícil, mas, ao menos na opinião dos analistas, o futuro promete para a Petrobras.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.