Plano de Resiliência da Petrobras: o que as novas diretrizes indicam sobre o futuro da estatal?

Atualizações em seus planos não foram recebidas com tanta surpresa pelos analistas de mercado, mas indicam que companhia segue no "caminho certo"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na sexta-feira (8), após o fechamento do mercado, a Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou um novo Plano, classificado como de “Resiliência”, de forma a maximizar valor aos acionistas. 

O novo plano foi estruturado em três alavancas de geração de valor. A primeira delas é a ampliação do programa de desinvestimentos, a segunda é a a redução dos gastos operacionais gerenciáveis em US$ 8,1 bilhões (ante os US$ 6,6 bilhões programados) e a terceira é a liberação do excesso de capital que consta nas disponibilidade de caixa, realocando para usos mais produtivos.

O anúncio não gerou tanta surpresa no mercado, uma vez que foi bem em linha com as falas já proferidas pelo CEO Roberto Castello Branco durante reuniões com o mercado, em que ele apontou o foco em maior eficiência, melhor alocação de capital e recuperação do grau de investimento. 

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Porém, de qualquer forma, o anúncio foi bem visto pelos analistas de mercado. “Vemos as eficiências adicionais como positivas, contribuindo para o risco-retorno das ações da Petrobras, embora grande parte das medidas anunciadas já tenha sido antecipada pela imprensa”, destacam os analistas da XP Research. 

Os pontos mais destacados pelo mercado foram a expansão do programa de desinvestimentos, com a inclusão de mais campos maduros de petróleo e gás em terra e em águas rasas, bem como em ativos a jusante no médio prazo e um aumento nos esforços para a redução dos custos. 

Conforme ressalta o Itaú BBA, o desinvestimento em ativos não essenciais contribuirá para melhorar a alocação de capital e permitirá que a Petrobras reduza o endividamento e o custo de capital. 

Vale destacar que o escopo do plano de venda de ativos foi ampliado para incluir os campos terrestres e de águas rasas, bem como os ativos de downstream (refino) e midstream (logística), e a empresa observou que o ajuste não inclui a revisão do pacote de venda das refinarias.

As eficiências serão alcançadas através de um novo PDV (Programa de Demissão Voluntária), redução de despesas de publicidade e otimização de edifícios de escritórios. 

Em meio a esse cenário, os analistas do Credit Suisse mostram otimismo com a Petrobras, destacando que a manutenção da “linha mestra” da companhia no plano de 5 anos, com foco em desalavancagem e nos segmentos de exploração e produção é o caminho mais indicado para a empresa.

Já a XP Research ressalta que continuará monitorando a evolução do Plano de Resiliência no futuro e reitera a recomendação de compra, com preços-alvo de 12 meses de R$ 31 para as ações PETR4 e de R$ 30 para os ativos PETR3.

O Itaú BBA também possui recomendação equivalente à compra – outperform (desempenho acima da média do mercado) -, para os ativos PETR4, com preço-alvo de R$ 32, com um potencial de valorização de cerca de 20% frente o fechamento da última sexta-feira (8). 

“Consideramos as mudanças como positivas e acreditamos que o crescimento da produção, alinhadas com medidas de corte de custos e austeridade na alocação de capital são o principal case de investimento nos próximos anos”, reforça o Itaú BBA. No entanto, os principais gatilhos no curto prazo provavelmente serão a cessão onerosa em combinação com o anúncio de vendas de ativos.

Vale destacar que os papéis da Petrobras registram forte alta de até 4% na esteira do plano, além de também ser influenciada pela alta do preço do petróleo após a notícia de que a Arábia Saudita vai cortar exportação da commodity e novas notícias sobre venda de ativos.  A Petrobras registra mais um avanço – e seus papéis correspondem na bolsa. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.