Cessão onerosa, reajuste de preços e monopólio: as primeiras sinalizações do novo CEO da Petrobras

Durante posse de Roberto Castello Branco, alguns temas importantes para os negócios da estatal foram citados

Rodrigo Tolotti

(José Cruz/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – Seguindo o período de posses de ministros e integrantes do novo governo de Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (3) ocorreu a troca de comando da Petrobras (PETR3; PETR4) e havia uma grande expectativa sobre o que poderia ser dito para o futuro dos negócios da companhia, incluindo até algo sobre privatização.

Este último tema não foi tocado, mas pontos importantes tiveram declarações não só do novo comandante da estatal, Roberto Castello Branco, como do ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, que sinalizou que o governo estuda fazer mudanças no setor de combustíveis, mas prometeu respeito a contratos já assinados no segmento de exploração e produção de petróleo e gás natural.

Após a cerimônia ele também tocou em outro assunto delicado: cessão onerosa. De acordo com o ministro, a decisão deverá sair em até 100 dias e o governo discutirá ainda o valor e como será pago, mas entende que a Petrobras é credora nesta questão. Ele ressaltou ainda que o governo não vai renovar os subsídios para o diesel que foram oferecidos até o final de 2018.

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Já Castello Branco, em seu discurso de posse, reafirmou, que a Petrobras continuará praticando o preço dos combustíveis em paridade com o mercado internacional e que é preciso dar um “sonoro não para os subsídios”.

Ele afirmou também esperar que outros players entrem no segmento de refino para reduzir o monopólio da Petrobras. “A solidão na indústria do refino nos incomoda; gostaríamos de ter outros players competindo”, destacou.

O executivo afirmou que a redução do custo do capital será prioridade e que, principalmente diante do atual recuo do preço do petróleo, será preciso reduzir custos na companhia, mas não deu detalhes. O desinvestimento de ativos terá prosseguimento e a nova gestão será “uma perseguidora implacável de desperdícios”.

“A Petrobras é dominante na cadeia produtiva, desde a produção até a comercialização. Essa situação não é boa para companhia e nem para economia (do Brasil), por ser muito confortável. É preciso promover mudanças regulatórias e vender ativos”, declarou.

Ele afirmou que pretende atrair o setor privado para ativos da estatal e que os recursos obtidos serão usados prioritariamente para abater dívidas e investir em ativos em que a Petrobras tenha retorno. “Nossos projetos de investimento devem competir pelo capital, serão alocados nos mais meritórios, não apenas por serem estratégicos ou gerarem empregos”, explicou.

Em seu discurso, lembrou ainda da necessidade de modernização da empresa para se equiparar às grandes petroleiras mundiais. “É fundamental a transformação digital e emprego da inteligência artificial para reduzir custos e aumentar produtividade”, disse Castello Branco.

(Com Agência Estado)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.