Credit reduz recomendação da Petrobras para equivalente à venda e corta preço-alvo em 44%

Banco suíço cortou preço-alvo dos ADRs de US$ 25,00 para US$ 14,00, destacando que reajuste dos combustíveis foi insatisfatório; 2014 deve ser incerto

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após o anúncio dos reajustes de combustíveis, o Credit Suisse rebaixou a recomendação para as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que passaram de outperform (desempenho acima da média do mercado) para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), ou recomendação equivalente a venda, cortando o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia de US$ 25,00 para US$ 14,00. 

Os analistas do Credit Suisse, Vinicius Canheu e Andre Sobreira, destacam que haviam elevado a recomendação para os ativos da Petrobras no início do ano para outperform com base em três pontos: a perspectiva de maior crescimento na produção, a credibilidade da gestão, com as primeiras realizações para “promover uma virada” na companhia e, por fim, a possibilidade de uma atitude mais benigna da companhia para promover um aumento de preços.

Contudo, do ponto de vista dos analistas, destes três pontos, apenas o crescimento da produção continua mantido, sendo que os dois últimos foram bastante prejudicados depois do anúncio da última sexta-feira, que não mudou muito o “status-quo” da companhia, que estava em disputa com o governo federal para decidir sobre o reajuste. 

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O aumento de preços bastante tímido e uma metodologia de precificação pouco transparente deteriora a percepção de governança corporativa, enfraquece a posição de uma equipe de gestão mais forte e técnica, além de ter um impacto significativo nos lucros e no valuation da companhia. Isso leva a uma maior fragilidade da estatal em meio a uma chegada de um ano novo cheio de incertezas. 

Desta forma, eles avaliam que é para ter cuidado com 2014, que deve ser um ano extremamente delicado para a companhia e deixando ainda incertezas sobre novos aumentos de preços. Pesa o fato de que 2014 é um ano eleitoral com preocupações crescentes sobre a inflação e a desvalorização do real. Assim, sem aumentos significativos, avaliam os analistas, há pouco espaço para qualquer decepção operacional ou possíveis atrasos mensais na produção.

Eles avaliam ainda que uma política de preços que é mais ligada ao balanço do que aos preços do petróleo é incompatível com as necessidades de negócios da petrolífera e o ambiente atual de competição.

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“Nós nos vemos em 2015”
Os analistas também se questionam sobre o que precisa acontecer em 2015 para que a política de preços alcance a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 2,5 vezes.

Para eles, se não houver aumentos em 2014 e se o real não se depreciar ainda mais, a Petrobras teria que elevar o preço dos combustíveis em 20%, o que seria o maior aumento de “todos os tempos no Brasil”. E questionam: “Qual probabilidade seria? Nós nos vemos em 2015”, concluem. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.