“La mano de Foster”: BTG compara resultado da Petro a gol histórico de Maradona

Analistas do banco avaliam resultado da companhia como bastante discutível e destaca piora operacional e da dívida da companhia, apesar de superar estimativas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) apresentou na última sexta-feira (9) os resultados do segundo trimestre, reportando um lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 6,2 bilhões, que bateram as estimativas do BTG Pactual, assim como o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações).

Contudo, os analistas do banco, Gustavo Gattass e Stefan Weskott, ressaltam que, ao olhar para o resultado da companhia, não consegue deixar de pensar em algo similar ao evento ocorrido em 1986, quando a Argentina ganhou da Inglaterra nas quartas de final da Copa do Mundo, no México. Com o jogo empatado, Diego Maradona fez 1 a 0 graças a um gol bastante “discutível”. 

Ao comentar sobre isso mais tarde, Maradona afirmou que o gol foi marcado em parte pela “sua cabeça” e em parte, pela “mão de Deus”. 

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“Quando olhamos para os resultados da Petrobras no segundo trimestre, não podemos deixar de pensar em algo similar. A Petrobras bateu claramente nossas estimativas. No entanto, os melhores resultados operacionais tiveram uma pequena participação e uma parte maior foi por outras fontes”, destacam, como a contabilidade de hedge e a venda de ativos.

Além disso, a forte alta da dívida da companhia surpreendeu negativamente sendo que, no último trimestre, a relação entre dívida líquida e o Ebitda foi de 2,9 vezes. Contudo, os analistas do BTG destacam esperar que, como a Argentina em 1986 – que se sagrou campeã da Copa do Mundo naquele ano – a Petro faça bom uso e seja capaz de aumentar a sua produção no ano e estabilizar o balanço. “No nosso ponto de vista, isso seria ganhar a Copa do Mundo”, avaliam. 

Ventos desfavoráveis à vista
Apesar de verem como positiva a tendência de estabilização dos números da empresa, Gattass e Weskott mantiveram inalterada a recomendação neutra para os papéis da companhia, como resultado de “ventos contrários” que a Petrobras é incapaz de controlar.

Os analistas temem que os atrasos de infraestrutura na área do pré-sal vão acenar para uma perspectiva bastante desafiadora para o crescimento da produção antes do quarto trimestre de 2013. 

“Também acreditamos que as operações da Petrobras e a sua geração de caixa tendem a se deteriorar rapidamente, levando em conta a desvalorização do real frente o dólar e o seu compromisso frente ao programa de investimentos”, afirmam os analistas.

Assim, ressaltam, caso o balanço comece a ser equacionado, não há dúvida que a Petrobras seja uma das ações mais atraentes do setor. Mas, os temores são de que o crescimento da produção ainda não vai se tornar um bom investimento. 

Contudo, eles avaliam que, até certo ponto, os bons resultados deste trimestre representam um mau presságio. No passado, os maus resultados eram catalisadores para uma abordagem mais pró-ativa sobre a gestão dos preços de combustíveis. Além disso, a queima de caixa no trimestre, de US$ 5,6 bilhões,  é apenas mais uma confirmação para um risco de aumento de capital no futuro. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.