Claudia Goldin: conheça a vencedora do Nobel de Economia de 2023

A professora de Harvard foi premiada por suas pesquisas sobre o papel da mulher no mercado de trabalho

Claudia Goldin
Nome completo:Claudia Dale Goldin
Data de nascimento:14 de maio de 1946
Local de nascimento:Nova York, EUA
Formação:Graduada em Economia pela Universidade de Cornell, PhD em Economia pela Universidade de Chicago.
Ocupação:Professora de Economia na Universidade de Harvard (EUA), codiretora do Grupo de Estudos de Gênero na Economia do Bureau Nacional de Pesquisa Econômica (NBER)

A professora de Harvard, Claudia Goldin, recebeu o prêmio Nobel de Economia 2023, nesta segunda-feira (9), por suas pesquisas sobre o papel da mulher no mercado de trabalho.

A premiação mais prestigiosa do campo econômico se soma a outros tantos feitos que a economista, uma das mais influentes do mundo, coleciona ao longo de sua carreira. Claudia foi a primeira mulher a atingir o grau de professora titular na faculdade de Economia de Harvard. Há alguns anos, o principal foco de suas pesquisas tem sido a economia do trabalho. Em 2009, a economista recebeu o prêmio Mincer da Sociedade de Economistas do Trabalho em 2009 e o Prêmio IZA em 2016, pelo mesmo tema.

Mais recentemente, sua pesquisa direcionou-se para a análise da trajetória das mulheres universitárias em relação às conquistas profissionais e familiares. Um dos resultados foi o livro “Journey Across a Century of Women: The Quest for Career and Family”, lançado em 2021, que abrange um período de 120 anos, mostrando como as aspirações pessoais e profissionais das mulheres evoluíram ao longo do tempo. Baseada em um vasto levantamento de dados, a obra levanta pontos essenciais para o entendimento da desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

Quem é Claudia Golding?

Claudia Dale Goldin nasceu em 14 de maio de 1946, em Nova York. Há relatos de que seu sonho quando criança era se tornar arqueóloga, mas a bacteriologia ganhou sua atenção quando leu o livro “The Microbe Hunters”, de Paul de Kruif, ainda no ensino médio.

O interesse por esse universo a fez ingressar na Universidade de Cornell para estudar microbiologia. Mas tudo mudou no segundo ano do curso, quando assistiu a aulas de Alfred Kahn. Especialista em questões ligadas a regulamentações, o economista foi uma influência importante na desregulamentação dos setores de energia e aviação, tema que fascinou Claudia a ponto de ela mudar de curso.

Tão logo concluiu a graduação em Economia, ela iniciou o doutorado na área na Universidade de Chicago. A princípio, pretendia direcionar a pesquisa à organização industrial, mas a influência de Gary Becker (outro Nobel de Economia e pioneiro na aplicação da teoria econômica à vida doméstica) a fez se interessar por economia do trabalho. Concluiu o doutorado em 1972 e começou a dar aulas nas universidades de Wisconsin-Madison, Princeton e Pensilvânia, até que, em 1990, ingressou no departamento de Economia de Harvard.

Trajetória e prêmios

Ao longo de sua carreira, a economista já fez parte da direção e editoria de revistas científicas e jornais conceituados. De 1984 a 1988, foi editora do Journal of Economic History, e, entre 1989 e 2017, dirigiu o Programa de Desenvolvimento da Economia Americana do National Bureau of Economic Research (NBER). Atualmente, atua na codireção do grupo de estudos de gênero na economia dessa instituição.

Sua vida acadêmica contempla passagens como membro por diversas organizações, entre as quais a Sociedade de Economistas do Trabalho e a Academia Americana de Ciências Políticas e Sociais. De algumas, como as universidades de Nebraska, Zurique e Rochester e o Instituto Universitário Europeu, chegou a receber o título honoris causa.

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Nobel de Economia 2023

A vasta pesquisa de Claudia mostra que, ao longo dos anos, a redução da disparidade salarial entre homens e mulheres tem sido desigual. Segundo dados da Economic Research, atualmente as mulheres recebem cerca de US$ 0,80 para cada US$ 1,00 que um homem ganha, e essa desigualdade já não se justifica mais pelo grau de educação ou função no trabalho.

Segundo o comitê do Nobel, Claudia comprovou que a disparidade hoje ocorre nos mesmos empregos, e que ela costuma iniciar depois do nascimento do primeiro filho. A conclusão veio depois de um estudo de 15 anos, que envolveu estudantes de Administração da Universidade de Chicago. Segundo a vencedora do Nobel, a desvantagem salarial da mulher começa a aumentar de um a dois anos depois que ela tem o seu primeiro bebê.

Um dos aspectos que Claudia aborda no livro lançado em 2021 é a dificuldade que casais com filhos têm para conciliar casa e trabalho, principalmente no caso de carreiras de alto nível, que requerem grandes investimentos iniciais. Logo, é fundamental que ocorra uma divisão de tarefas equânime entre homens e mulheres.

“As aspirações e conquistas das mulheres universitárias mudaram muito ao longo do século passado, com o aumento da renda, a mecanização do lar e melhorias tecnológicas no controle da fertilidade e nos métodos de reprodução assistida. Mas a estrutura do trabalho e a persistência das normas sociais, por mais fracas que tenham se tornado, limitaram o sucesso das mulheres universitárias na carreira e na família”, disse Claudia no lançamento do livro.

A economista também chama atenção para questões mais subjetivas que deixam a mulher com filhos em desvantagem. Por exemplo, um funcionário que pode trabalhar a qualquer dia e horário (noite, fins de semana ou feriados) acaba sendo mais recompensado do que mulheres que não têm essa flexibilidade por terem que cuidar da família.

Em entrevista à Forbes, Claudia disse que, muitas vezes, o número de horas trabalhadas não é o mais importante, mas sim “quais” são essas horas.

“Os relacionamentos também fazem parte do sistema de ‘crescer na empresa ou sair dela’, algo muito comum em empregos de alto nível. Trabalhe mais agora e obtenha grandes recompensas no futuro, como uma promoção ou sociedade, mas, se há uma família, alguém precisa estar de plantão em casa. E esse alguém, normalmente, é uma mulher”, afirmou.

3ª mulher a receber o Nobel de Economia

A primeira mulher a vencer o Nobel foi Ellinor Ostrom, em 2009. A pesquisadora da Universidade de Indiana dividiu o prêmio com Oliver E. Williamson, da Universidade da Califórnia, por pesquisas sobre governança econômica.

Dez anos depois, em 2019, Esther Duflo dividiu a premiação com outros dois pesquisadores: Michael Kremer e Abhijit Banerjee. O trio desenvolveu trabalhos sobre o combate à pobreza com foco em ações voltadas à saúde infantil e ao desempenho escolar.