Boris Johnson: quem é o ex-primeiro ministro do Reino Unido

O ex-premiê ocupou o cargo máximo do Executivo britânico de 2019 a 2022, após a renúncia de Theresa May

Boris Johnson
Nome completo:Alexander Boris de Pfeffel Johnson
Data de nascimento:19/06/1964
Local de nascimento:Nova York/EUA
Ocupação:Jornalista, escritor e político
Principais cargos:Primeiro-ministro do Reino Unido e líder do Partido Conservador (julho/2019 a setembro/2022), secretário de Relações Exteriores (julho/2016 a julho/2018), Prefeito de Londres (maio/2008 a maio/2016).

Desde que surgiu na cena pública, Boris Johnson escapou do estereótipo do político tradicional e conservador britânico. Seu cabelo propositadamente bagunçado, algumas gafes e declarações polêmicas ajudaram a construir sua marca registrada na política, tornando-o popular entre o eleitorado e os membros do Partido Conservador.

Defensor ferrenho do Brexit, Johnson assumiu como primeiro-ministro em julho de 2019, substituindo Theresa May, que estava enfrentando dificuldades na condução da nova ordem econômica local. No entanto, ao nomear um parlamentar acusado de assédio sexual para um cargo no governo, o ex-prefeito de Londres desencadeou uma crise política que culminou em sua renúncia em julho de 2022.

Quem é Boris Johnson

Alexander Boris de Pfeffel Johnson nasceu em Nova York em 1964, filho dos britânicos Stanley Johnson, que estudava economia na Universidade Columbia, e Charlotte Fawcett. A família voltou para a Inglaterra quando Johnson tinha cinco anos. O futuro premiê estudou em instituições tradicionais como o Colégio Eton e a Universidade de Oxford.

Após um período como consultor de gestão, iniciou a carreira de jornalista no jornal britânico The Times, em 1987. Em seguida, atuou como correspondente do Daily Telegraph em Bruxelas até que, em 1994, tornou-se colunista político da revista The Spectator. Cinco anos depois, em 1999, assumiu a direção do periódico, cargo que ocupou até 2005.

Trajetória política

Johnson ingressou na política em 2001, quando se candidatou a membro do Parlamento pela segunda vez e venceu as eleições para representar a pequena cidade de Henley-on-Thames. Em 2005, foi reeleito, após assumir a vice-presidência do Partido Conservador um ano antes.

Em 2008, venceu a disputa pela Prefeitura de Londres em uma eleição acirrada. Quatro anos depois, foi reeleito, permanecendo no cargo até 2016, com altos níveis de aprovação. Durante os Jogos Olímpicos de 2012, Londres recebeu uma visibilidade publicitária sem precedentes.

Ainda como prefeito, Johnson retornou ao Congresso em 2015, sendo eleito pela terceira vez para o parlamento britânico. Na ocasião, quando venceu a disputa por Uxbridge e South Ruislip, o Partido Conservador conquistou a maioria dos votos, algo que não ocorria desde os anos 1990.

De volta ao Parlamento, assumiu em 2016 a Secretaria de Relações Exteriores de Theresa May, a primeira-ministra da época, devido à sua afinidade com o Brexit. Entretanto, as dificuldades nas negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia provocaram uma crise no governo. Johnson passou a criticar a forma como a ex-premiê conduzia as negociações, afirmando que ela cedia demais, enquanto ele se comprometia a defender exaustivamente o Brexit.

Após uma série de impasses sobre os termos da saída e com sua influência política já enfraquecida, a primeira-ministra do Reino Unido renunciou em maio de 2019. Um mês depois, Boris Johnson tornou-se o novo líder do Partido Conservador e assumiu a posição mais alta no Executivo britânico.

Logo em seu primeiro discurso como premiê, Johnson reforçou seu apoio ao Brexit, mas encontrou opiniões divididas sobre o tema dentro de seu próprio partido.

A participação na aprovação do Brexit

Para garantir a maioria no Parlamento, os conservadores tiveram que formar uma coalizão com o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte. Dessa forma, Johnson conquistou 365 assentos para seu partido, de um total de 650, assegurando assim a capacidade de governar e favorecendo a aprovação de sua proposta para o Brexit, em 20 de dezembro de 2020. Quatro dias depois, o acordo de livre comércio para a efetiva saída do Reino Unido da União Europeia foi finalizado.

Conhecido como Acordo de Comércio e Cooperação, seus termos entraram em vigor em 1º de janeiro de 2021. Embora tenham sido eliminadas tarifas sobre a maioria dos produtos, as novas diretrizes comerciais trouxeram consigo barreiras como controles de fronteira e alfândega, inspeções sanitárias em produtos de origem vegetal e animal, além de taxação de importações.

Internação por COVID-19 e programa de vacinação

O surgimento de Covid-19 foi um dos principais desafios de Johnson no cargo de primeiro-ministro – que sofreu com os sintomas da doença no início da pandemia. Em 27 de março de 2020, Johnson anunciou que foi diagnosticado com Covid. Em 5 de abril, como os sintomas persistiam, ele foi para um hospital para ser examinado. Mas seu estado piorou, fazendo com que o premiê fosse internado na UTI, onde ficou até o dia 9.

Inicialmente favorável à estratégia de imunização de rebanho, o governo britânico alterou sua abordagem no final de março de 2020, adotando o distanciamento social. Diante do aumento nos casos e mortes, Johnson fez um pronunciamento à nação, instruindo a população a sair de casa somente para trabalhar (se não fosse possível trabalhar em home office) ou para necessidades médicas. Essa mudança de postura ocorreu após a divulgação de um estudo do Imperial College de Londres, que alertou para a rápida propagação da doença e a possibilidade de colapso do sistema de saúde britânico caso o isolamento não fosse cumprido.

Essa nova abordagem à pandemia rendeu à Inglaterra o título de pioneira na vacinação contra a COVID-19. Em 8 de dezembro de 2020, Margaret Keenan, de 90 anos, recebeu a primeira dose da vacina Pfizer, na cidade de Coventry, região central do país. Um ano após esse marco, Johnson fez um comunicado instando a um novo esforço de vacinação, agora em preocupação com a nova variante Ômicron.

“Vacinas continuam sendo a nossa primeira e melhor linha de defesa contra o vírus. Portanto, a maneira mais eficaz de nos protegermos a nós e aos nossos entes queridos é apoiar o programa de vacinação e receber uma dose de reforço assim que estiver elegível”, declarou o então primeiro-ministro na época.

Reviravoltas e Renúncia

A saída formal do Reino Unido da União Europeia ocorreu em 31 de janeiro de 2020. Menos de dois meses depois, ainda durante o período de transição das negociações comerciais com a Europa, estourou a pandemia. A partir daí, Johnson enfrentou problemas de popularidade devido à sua postura em relação ao distanciamento social, tendo contrariado as recomendações de segurança ao participar de festas, algumas delas ocorrendo até em seu gabinete oficial.

Dois anos mais tarde, outra polêmica gerou ainda mais turbulência: a nomeação de Chris Pincher para um cargo em seu governo, mesmo após o primeiro-ministro ter sido informado das acusações de assédio sexual contra o parlamentar. Repreendido pelo Partido Conservador por essa atitude, Johnson renunciou ao cargo de primeiro-ministro em 7 de julho de 2022, permanecendo como membro do parlamento britânico. Pouco antes disso, 50 membros do governo haviam voluntariamente deixado seus cargos, também devido à pressão da opinião pública.

Apoio à Ucrânia

Mesmo após a renúncia, Boris Johnson permaneceu popular na Ucrânia, devido ao seu apoio ao país na guerra contra a Rússia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a agradecer publicamente a postura, manifestando a esperança de que continue a contar com o Reino Unido ao lado após a saída do ex-premiê.

Em janeiro de 2023, Johnson pediu, em artigo escrito para o Daily Mail, que o Ocidente reforce o apoio em armamentos para a Ucrânia. Além disso, passou a apoiar de forma mais enfática a adesão do país à Otan, assunto que ele tratava com cautela quando era primeiro-ministro.