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O Efeito Tesoura na gestão de capital de giro

Por  Rodrigo Moreira -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Nas minhas discussões com clientes, falo muito sobre a gestão eficiente do caixa das empresas. Decidi, então, escrever um texto um pouco mais técnico sobre administração estratégica de capital de giro e o Efeito Tesoura.  

Apesar de ser um tema razoavelmente conhecido e discutido em disciplinas relacionadas à análise de demonstrações financeiras, espero poder contribuir um pouco mais. Muitas vezes, esses conceitos, a despeito de sua importância, são colocados em segundo plano, trazendo consequências razoavelmente negativas para o fluxo de caixa das companhias. 

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Analisando o Efeito Tesoura 

Para analisar o Efeito Tesoura, preciso relembrar três definições: T, CDG e NCG. Elas são, respectivamente, o saldo em tesouraria, o capital de giro e a necessidade de capital de giro.  

Calculá-los através do balanço patrimonial é bem simples.  

Saldo em tesouraria é obtido por observação direta na conta de caixa e disponibilidades.  

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CDG é a diferença entre o passivo permanente (passivo total menos o passivo circulante) e o ativo permanente (ativo total menos o ativo circulante). 

 a NCG é a diferença entre o ativo circulante operacional e o passivo circulante operacional. De modo simplificado, o cálculo é o seguinte: contas a receber + estoques – contas a pagar. 

O capital de giro de uma empresa, seu CDG, é a fonte permanente utilizada para financiar as operações de uma empresa. Por boa prática de gestão, ele deve ser compatível com a NCG ao longo do tempo.  

Assim sendo, a estrutura de capital das companhias deve se moldar às suas necessidades operacionais. Quando não observadas as boas práticas de gestão financeira, o que se percebe é um desequilíbrio estrutural entre usos e fontes.  

Comumente, paga-se um preço alto por esse desequilíbrio. Enquanto os analistas de crédito o observamo gestor financeiro o sente na pele. 

Descompasso  

Na prática, o que vi ao longo de meus 20 anos acompanhando de perto empresas em crescimento foi uma séria dificuldade para compatibilizar esses dois indicadores: NCG e CDG. Dessa dificuldade nasce o Efeito Tesoura.  

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Mas, afinal, o que é esse efeito? Trata-se da descrição gráfica do descompasso entre a evolução do CDG e NCG 

Para observá-lo, você precisa calcular a variação desses dois indicadores ano após ano. Ou seja, calcular a variação do CDG e do NCG entre o ano 2 e 1, e assim sucessivamente. 

Quando a variação da necessidade de capital de giro (usos) começa a superar recorrentemente a variação do capital de giro (fontes), começa a se abrir (em uma visão gráfica) as lâminas de uma tesoura imaginária. Essa abertura equivale, aritmeticamente, à redução da variação do saldo em tesouraria no mesmo período. 

Causas do Efeito Tesoura 

Vencida esta primeira etapa do texto em que passo pelos conceitos básicos de capital de giro, vamos nos ater às causas do Efeito Tesoura e algumas práticas de gestão que possam afastar ou minimizar a probabilidade de sua ocorrência. 

É matemático. O aumento da NCG pressiona o caixa.  

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Operacional e comercialmente, vários fatores levam a seu potencial aumento, tais como os que listo abaixo. 

  • Aumento expressivo de vendas: o bom momento que pode se tornar um veneno para o NCG 
  • Flexibilização de prazos junto a clientes: políticas comerciais permissivas e expansionistas chamam capital de giro 
  • Ampliação de estoques: nada mais tóxico para o capital de giro que um estoque mal dimensionado 
  • Pouco prazo junto aos fornecedores: isso acontece quando os fornecedores são fortes demais ou quando aquela velha política de comprar à vista e barato viram um tiro no pé 

Ao se verem pressionados pelo NCG, os gestores podem e devem tomar decisões práticas. A partir dessas decisões, a gestão financeira das companhias será mais ou menos eficiente. 

De olho no endividamento 

Operações correntes provocam necessidade de financiamento permanente. É bastante comum em empresas médias notarmos uma ausência muito grande de caixa nos balanços, decorrente da retirada excessiva de resultado das companhias.  

Essa retirada de resultados retidos ao longo do tempo força a gestão financeira a se endividar. Por uma questão estrutural do mercado de crédito disponível a empresas médias no Brasil, a opção mais disponível é o endividamento no curto prazo. 

Mas endividamento de curto prazo não se trata de recurso permanente, já que seu risco de refinanciamento não é desprezível. Um razoável grau de refinanciamento será importante e necessário para equilibrar as necessidades de recursos para financiamento de giro. 

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Se o ritmo da expansão desejada não for compatível ao volume de autofinanciamento disponível, é importante que o gestor financeiro tenha tempo e capacidade para se planejar.  

Obter recursos de mais longo prazo (de caráter mais permanente) acaba servindo para financiar a expansão operacional. Obviamente, é importante que parte da margem obtida na expansão seja reinvestida no giro, de modo a reduzir a necessidade de refinanciamento, e, portanto, o seu risco. 

Em momentos de expansão, não se deixe cair na tentação. A bonança precisa fazer parte de uma estratégia que busque não apenas marcos operacionais.  

Metas financeiras também precisam ser traçadas. Acompanhar os indicadores de capital de giro é de suma importância em momentos de mudança de patamar comercial e operacional. 

Manter um caixa estratégico é fundamental, já que ele funciona como um seguro e evita mais desequilíbrios estruturais no passivo. 

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Atenção ao Capex 

Por fim, outro momento que exige máxima atenção na gestão do capital de giro é aquele relacionado aos investimentos em Capex (ativo permanente).  

Quando se utiliza corretamente recursos de terceiros de longo prazo para este tipo de aplicação, consome-se capacidade de financiamento de capital de giro estrutural.  

Se considerarmos que aumentos de investimento em imobilizado não raramente vêm seguidos de ampliação de capacidade e, por consequência de vendas, pode se prever mais pressão futura no capital de giro.  

É garantia de pressão de todos os lados pela frente. Por isso, planejamento é fundamental. 

Para finalizar, duas recomendações simples.  

Primeira: monitore permanentemente seus indicadores de capital de giro. Como gestor de uma empresa de sucesso, é natural que você queira crescer. Portanto, cresça de maneira sustentável.  

Segunda: o caixa é rei, por isso, valorize-o. Mantenha uma reserva estratégica sempre que possível e distribua seus resultados com parcimônia. É um insumo essencial e você vai precisar dele. 

 

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Rodrigo Moreira Sócio da Xp Inc., Mestre em Economia, Bacharel em Engenharia e head da XP Empresas. Possui 20 anos de experiência dedicados ao atendimento de empresas de grande e médio porte. Com passagens por Itau BBA, Unibanco, Pactual e Bozano, Simonsen.

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