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Em um cenário ideal, de participação igualitária de mulheres e homens na economia mundial, o PIB global seria acrescido de US$ 28 trilhões até 2025. Se esse equilíbrio acontecesse apenas nos melhores países de cada região, o aporte seria de US$ 12 trilhões. É o que aponta um relatório da consultoria McKinsey, considerado um dos mais completos sobre o tema. Se já está comprovada a eficácia que a igualdade de gêneros pode acarretar, como fazer com que os índices aumentem no mercado de trabalho? “Para melhorar as estatísticas, é preciso que a atuação das mulheres nas empresas seja fortalecida em todos os níveis”, comenta Sylvia Coutinho, presidente do banco suíço UBS no Brasil.
Há várias características no comando feminino que fomentam a competitividade e melhoram os negócios. “A participação feminina no comando é benéfica e pode fazer a diferença no ambiente de trabalho e nos resultados”, afirma Chieko Aoki, CEO do grupo Blue Tree Hotels.
Para incentivar suas colaboradoras, as companhias precisam ser mais sensíveis com suas necessidades, especialmente em relação à maternidade: questão que permanece delicada na hora de progredir na profissão. De acordo com estudo da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (EPGE-FGV), divulgado em 2017, 48% foram dispensadas após retornarem da licença-maternidade. Foram entrevistadas 247 mil mulheres e quase metade estava desempregada um ano depois do nascimento de seus filhos. “Uma maior flexibilidade na gestão de horários vai auxiliar a permanência da mulher no mercado de trabalho, mesmo após a maternidade. Essa é mais uma ferramenta a favor, assim como a tecnologia e o avanço dos meios de comunicação que deram mais liberdade para continuar trabalhando após a chegada dos filhos”, observa Coutinho.
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O avanço em direção à igualdade profissional parece caminhar, mesmo que a passos lentos. Segundo pesquisa da consultoria Grant Thornton, o número de mulheres em cargo de CEO, no Brasil, aumentou de 11% para 16% no último ano. O percentual ainda é baixo, porém demonstra que há possibilidade de voos mais altos. E o incentivo é mais eficaz se acontecer logo no início da carreira. “As empresas brasileiras precisam se preocupar não só em recrutar um universo mais diverso de trainees, mas também de acompanhá-los até os quadros de liderança, permitindo que esses profissionais trabalhem para ser um CEO. Além disso, o exemplo deve vir de cima, ou seja, nos conselhos e diretorias também já deve existir diversidade para que as mulheres que acabam de entrar na companhia possam se espelhar”, explica Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton Brasil.
O Fórum Econômico Mundial também acompanha o tema igualdade de gênero. No ranking deste ano, o Brasil ocupa o 90o lugar em uma lista de 144 países – o País caiu 13 colocações desde 2006. O levantamento avalia participação econômica e oportunidade, educação, saúde e esfera política. E outras instituições globais se uniram no intuito de igualar os salários de mulheres e homens que exercem as mesmas funções. Essa é a vontade da coalisão formada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), ONU Mulheres e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que deseja atingir essa meta até 2030. “Neste ponto, vejo um papel muito importante das grandes empresas para que sejam sempre um exemplo e que contribuam para uma mudança profunda e definitiva desta realidade, não permitindo que haja uma diferenciação por gênero e que a transformação aconteça exclusivamente por meritocracia”, analisa Coutinho.
*Esta reportagem foi originalmente publicada na edição de número 66 da revista LIDE, em 22/11/2017.