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BlackRock sinaliza consolidação de nova realidade para investimentos

Gestora revê perspectiva trimestral e reforça necessidade de revisão dos portfólios em cenário de crédito escasso, baixo crescimento, inflação e juros altos

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Uma política monetária global restritiva associada à uma inflação persistente, com piora nas condições de crédito, devem garantir o prolongamento do novo regime da economia, marcado por volatilidade nos mercados. É esta visão macro da BlackRock, uma das maiores gestora de ativos do mundo, que sustenta a defesa de revisões mais frequentes nos portfólios forçadas pelo que a empresa chama de “um novo regime de escolhas”, que são as escolhas dos investimentos.

A maior dificuldade para compor as carteiras foi o principal tema de um encontro promovido pela BlackRock para atualizar as perspectivas para o segundo trimestre do ano.

“Nos últimos 18 meses já falávamos deste novo regime, marcado por um trade off difícil com foco na redução da inflação, que está cada vez mais custoso para toda a economia. Não podemos ignorar a maior complexidade do cenário”, afirma Jean Boivin, head da BlackRock Investment Institute.

Ele lembra que a mudança ocorre após a “Grande Moderação”, período de quatro décadas de atividade e inflação amplamente estáveis. “O novo regime de maior volatilidade econômica e do mercado não vai sumir. Os bancos centrais estão deliberadamente causando recessões com uma política rígida para tentar controlar a inflação.”

Nos Estados Unidos, o juro básico definido pelo FED (Banco Central Norte-Americano) está entre 4,75% e 5% ao ano, o maior patamar desde 2007. Antes de iniciar o atual ciclo de aperto monetário, em março de 2022, para controlar a inflação, a taxa girava entre 0% e 0,25% ao ano.

O cenário de menor crescimento com juros altos e inflação persistente, lembra Alex Brazier, diretor da BlackRock Investment Institute, historicamente levaram a quebras financeiras e danos à economia.

“Estamos diante de um cenário que já era esperado e nos leva a precificar o dano e avaliar como reflete nos preços de mercado”, explica o executivo, ponderando que não vê risco de o problema se espalhar, como ocorreu em 2008 com a crise das hipotecas americanas.

“Há perda no setor bancário, mas sem afetar a confiança no setor financeiro. O que temos são bancos com dificuldade em manter os depósitos e com duas opções difíceis. Ou sobem a taxa de remuneração para manter os depósitos ou reduzem as linhas de crédito, com efeito negativo em toda a economia. Entramos em uma fase mais crônica das condições de crédito mais restritivas.”

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Os executivos da BlackRock foram unânimes em apontar que não haverá resgate de bancos, como já ocorreu em outros momentos. “Normalmente quando há recessão, os bancos centrais promovem condições que ajudam os bancos, reduzindo juro para estimular crédito, liberando recursos, mas neste momento o foco é a inflação e não há esta possibilidade”, comenta Alex Brazier.

Um dos motivos para a dificuldade em controlar a inflação, particularmente a americana, é que a alta dos preços dos serviços vem ganhando peso no índice. “Há nos Estados Unidos uma pressão salarial forte que está no centro da inflação. A escolha é ou cria recessão com os danos econômicos conhecidos, elevando a taxa de desemprego, ou vivemos com inflação crescente de salários e serviços.”

Neste cenário, o manual de investimento da BlackRock – estratégico e tático – exige revisões mais frequentes do portfólio, maior granularidade na escolha de classes e subclasses de ativos, assim como nas análises para capturar oportunidades decorrentes de maior dispersão e volatilidade previstas nos próximos anos.

“Os danos causados na economia e nos mercados são uma combinação de recessão, pela restrição de crédito pelo setor bancário, e a decisão dos bancos centrais de manterem o foco no combate à inflação, sem cortes nos juros”, reforça Wei Li, chefe global de Estratégias de Investimento da BlackRock Investment Institute.

A tendência é que as receitas das empresas, que cresceram nos últimos anos com menores custos de produção e juros baixos, agora caiam e pressionem as margens. Vemos quedas nas receitas que ainda não foram precificadas pelo mercado.”

A BlackRock, neste momento, está underweight (abaixo da média de mercado) para os papeis de dívida high yield (acima da média de mercado) porque os “spreads já se materializaram como esperávamos. Mas vemos ainda oportunidades em papeis IG (Investment Grade), principalmente no mercado europeu”, comenta Wei.

O ponto positivo, para os mercados emergentes, na visão da especialista da BlackRock, vem da China, que volta a crescer e deve ajudar as economias da região.

“Nossa perspectiva para emergentes em termos de equities e bonds é relativa.” Em relação ao prazo dos papeis, Wei Li destaca que a volatilidade elevada demanda maior compensação – retorno – para a compra de títulos de mais longa duração.

“Nossa perspectiva hoje é focar em títulos de qualidade, do tesouro ou privados, com grau de investimento, e em papeis ligados à inflação nos EUA. Também estamos preferindo mercados emergentes por conta da precificação relativa.”

Na visão do head de Pesquisa de Portfólio da BlackRock, Vivek Paul, outro ponto relevante do novo cenário é a dificuldade em identificar e trabalhar na fronteira mais eficiente para os portfólios.

“Neste novo regime, o ambiente de risco e retorno é pior, uma escolha mais difícil de fazer. Tem mais risco e com nível semelhante de retorno”, explica Paul, acrescentando que o portfólio do “novo regime” da BlackRock aloca muito mais recursos para mercados privados e proteção contra a inflação do que os portfólios típicos faziam.

Balanceamento da carteira BlackRock

O conhecido portfólio 60/40 – que preconizava 60% dos recursos em ações e o restante na renda fixa – foi alterado pela atual conjuntura volátil, com crescimento baixo, inflação e juros altos. No portfólio apresentado pela BlackRock no evento perderam espaço papeis de crédito IG, bonds do governo e ações.

Ganharam espaço papeis de crédito high yield, bonds ligados à inflação e mercado de renda privado. Ações passaram a representar algo entre 45% e 50% do portfólio. Bonds do governo caíram de 30% para perto de 18%.

“Achar novas fontes de diversificação é um desafio para o gestor. As mudanças são significativas. Passamos de overweight (acima da média do mercado) em títulos públicos antes da pandemia para abaixo da média após a pandemia.”

Para Alex Brazier, o mercado espera que o FED e os BCs globais, na medida em que os danos à economia se materializem, interrompam o ciclo de alta, mas com pouca perspectiva de queda no curto prazo. Na visão do executivo da BlackRock, o mercado de títulos está precificando cortes nas taxas em 2023, refletindo o “antigo manual de recessão” em que os bancos centrais reduzem as taxas em sinais de danos econômicos e financeiros.

“Não acho que o FED irá afrouxar sua política monetária neste momento, ele segue com foco em controlar a inflação. Talvez uma espécie de afrouxamento fiscal que ajude a economia, mas monetário não.”

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