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O setor de TI vive um paradoxo: enquanto os grandes debates apontam um futuro crescente e promissor, o segmento clama por profissionais capacitados, gerando um déficit representado por milhares de posições de trabalho abertas.
De acordo com Arildo Constantino, presidente da Assespro-SP (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – Regional São Paulo), a estimativa é de que haja uma carência de 50 mil profissionais de TI no Brasil, número que deve aumentar para mais de 400 mil, até 2020, o que acarretaria uma perda para o setor de mais de R$ 160 bilhões.
Este fenômeno, que é vivenciado também em países como Canadá, Japão e Estados Unidos, será amplamente debatido em outubro, durante o Congresso Mundial de TI, o WCIT, em Brasília. No evento, profissionais de 80 países abordarão questões ligadas ao tema “Promessas da Era Digital: Desafios e Oportunidades”.
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Na visão da Assespro-SP, a Regulamentação da Profissão de TI está entre os fatores que deve prejudicar, ainda mais, o setor, dificultando a criação de novas empresas. “Enquanto deveriam ser criados incentivos para solucionar esse problema de mão de obra, garantindo a continuidade da expansão do mercado, uma lei regulamentando o setor, se aprovada, desacelerará o crescimento, já que impõe uma série de exigências que dificultariam o ingresso de novos profissionais na área”, avalia Constantino.
Segundo ele, diversos fatores explicam a falta de profissionais qualificados no segmento, entre eles, a dificuldade de atualização em um mercado que está em constante inovação. “Com o mercado puxando preços para baixo, ou pelo ganho de escala ou pela retração do mercado, as empresas não incluem os custos de atualização de seus profissionais no seu preço, deixando esse investimento por conta do próprio funcionário, que se vê obrigado a investir, constantemente, em seu aprimoramento técnico, para manter se manter empregado”, exemplifica.
O presidente da Assespro-SP cita ainda que, de acordo com a Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior), os cursos superiores ligados a TI são os campeões em evasão, chegando a até 70% em alguns casos. “Isso se deve, em primeiro lugar, ao fato das contratações serem feitas mesmo sem o profissional ter um diploma, pois, uma vez que o mesmo já possui a prática necessária, a conclusão da graduação será necessária somente em um estágio mais avançado da carreira”.
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Outra questão a ser considerada diz respeito à adoção acelerada de serviços de TI pelas iniciativas públicas e privadas, um fator que aumenta, significativamente, a necessidade de profissionais de TI. Com o advento do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), praticamente todas as 19 milhões de empresas ativas no Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), estão conectadas ao sistema para emissão de notas e prestação de contas ao Fisco. Para 2017, o sistema gratuito do governo será descontinuado, aumentando, significativamente, a demanda de novos produtos da iniciativa privada, fomentando ainda mais o setor.
O executivo ressalta ainda que a concorrência internacional tem sido uma aliada da falta de profissionais de TI, tendo em vista que profissionais brasileiros são muito bem conceituados no exterior pela sua criatividade, adaptabilidade e, uma vez que consigam vencer a barreira do idioma, certamente, serão convidados para uma grande empresa internacional com condições e salários mais atrativos do que os encontrados por aqui.
Para ele, entre as soluções para reverter este cenário seria o investimento do governo, mesmo que atrasado, na formação de mão de obra qualificada desde a base escolar, modelo aplicado pela Índia, no passado, que fez com que o país se tornasse um dos maiores fornecedores mundiais de serviços em TI. “Também é necessário crédito para as empresas que precisam atualizar seus funcionários. O BNDES poderia financiar, através do cartão BNDES, tais treinamentos, coisa que hoje não acontece”, finaliza Constantino.
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Website: http://assespro-sp.org.br/