Há fundamentos por trás da alta de 25% das ações da Paranapanema?

Empresa vendeu a divisão de fertilizantes na semana passada, mas na avaliação do diretor de RI, investidores foram atraídos mesmo pelo preço bastante "deprimido" das ações

Paula Barra

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SÃO PAULO – Aos poucos, as ações da Paranapanema (PMAM3) vêm ganhando destaque na bolsa. Somente nos últimos quatro pregões, esses ativos saltaram 21,1%, estendendo a alta acumulada no mês para 24,9%. No pregão da última terça-feira (9), o desempenho dos papéis não fugiu desse recente histórico, já que fecharam com valorização de 5,59% aos R$ 3,21, em dia de queda de 0,64% do Ibovespa.

Esse rali teve início dois meses atrás: desde o fim de agosto até agora, os papéis da companhia subiram impressionantes 47,25%. De lá para cá, houve um aumento brutal no volume negociado pela empresa em bolsa, já que a média diária de 21 pregões pulou de R$ 770 mil no final de agosto para os atuais R$ 3,4 milhões, um avanço de 341,16%, muito superior inclusive à valorização da empresa, indicando uma procura muito mais forte por parte dos investidores.

Em entrevista ao Portal InfoMoney, o diretor de Relações com Investidores da Paranapanema, Mário Lorençatto, chamou atenção ao fato de que o preço das ações estava bastante “deprimido”, e muitos investidores devem ter visto como um interessante ponto de entrada para montar posições em PMAM3. Vale mencionar que em 15 de junho deste ano os papéis da Paranapanema chegaram a valer R$ 2,02, seu menor fechamento desde novembro de 2008, época em que a crise financeira mundial atingiu o seu ápice nas bolsas mundiais.

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Venda da Cibrafértil não justifica alta, diz RI
O movimento das ações intensificou depois da venda da divisão de fertilizantes Cibrafértil à colombiana OFD Holding, controladora da Abocol Abonos Colombianos, no final da semana passada. Já na sexta-feira (5), dois dias depois do anúncio, os papéis dispararam 7,72%, para R$ 2,93. Contudo, tanto analistas de mercado que acompanham o setor quanto a própria empresa não enxergam na notícia da venda um motivo para a alta das ações, já que a Cibrafértil representava apenas 2% do faturamento da companhia. A venda deveu-se – e muito – ao prosseguimento do plano de reestruturação financeira da empresa.

“O movimento [de alta] das ações já vinha pegando força antes do anúncio da Cibrafértil e reflete um favorecimento externo da companhia, com a desvalorização do real frente ao dólar, os projetos de infraestrutura, que ainda devem manter uma demanda interessante para o cobre, além do ciclo de investimentos da empresa, em um valor de R$ 830 milhões, e o término de uma importante fábrica de tubos de cobre, que entra em operação no começo do ano que vem”, explica Lorençatto.

A venda da Cibrafértil, contudo, pode ter certa relevância, pois reforça a estratégia da empresa em focar no segmento de cobre, já que ela não fazia parte do “core business” da Paranapanema. “O segmento de fertilizantes era mais uma distração”, disse Lorençatto. A Paranapanema, que já teve negócios de zinco, estanho e bauxita, além de marcar presença na área de construção, trabalha apenas com a produção de cobre. Atualmente, a empresa é líder em cobre refinado, entregando mais de um terço de produção nacional. 

OPA descartada
Além disso, essa venda abriu espaço para especulação do mercado sobre os próximos passos da companhia, chegando até uma possibilidade de OPA (Oferta Pública de Ações), embora os rumores tenham sido negados por Lorençatto. Há dois anos, a Vale (VALE3; VALE5) fez uma oferta pública para adquirir 100% da Paranapanema por cerca de R$ 2 bilhões. Em setembro de 2010, a mineradora subiu a proposta aos acionistas, elevando de R$ 6,30 para R$ 6,50 o desembolso pretendido por ação ordinária da empresa.

A transação, no entanto, não foi para frente, apesar de ambas as companhias contarem com grandes acionistas em comum, como o fundo Previ e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Vale lembrar que, na época da OPA, as ações PMAM3 eram negociadas na faixa de R$ 6,00, sendo mais que 85% dos preços atuais do ativo.