GPA compra “delivery de tudo” James e mira modelo do Magazine Luiza

A startup James é líder em Curitiba num modelo de negócios semelhante ao da Rappi  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Poucos meses após firmar parceria com a plataforma móvel de entregas Rappi, o GPA (PCAR4) mudou de estratégia e anunciou, nesta segunda-feira (10), a aquisição de 100% das operações uma empresa essencialmente igual: o app James Delivery, de Curitiba.

O acordo, válido a partir desta terça-feira (11), incorpora os fundadores da startup como executivos do Grupo: Lucas Cheschin, até então diretor executivo do app, passa a ser um CEO de uma empresa do GPA; Eduardo Petrelli, Ivo Roveda e Juliano Hauer, demais participantes do quadro executivo da empresa adquirida, idem. Nenhum deles mantém ações da empresa que fundaram 5 anos atrás.

Estes jovens, cuja idade somada “chega a 80 anos”, como brinca o co-vice chairman do Conselho de Administração do GPA Ronaldo Labrudi, têm seus contratos atrelados a uma missão ambiciosa: transformar seu negócio no maior Super App da América Latina. Super App, vale lembrar, é a nomenclatura dada aos aplicativos de delivery de produtos diversos, como medicamentos, alimentos e conveniência, em até uma hora. Eles são uma evolução dos serviços de entrega next day (em 24 horas), same day express (em 4 horas) e clique e retira (compra online e retirada em loja física), que já fazem parte do portfólio do grupo.

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O que não muda, em um primeiro momento, são as operações das empresas: a sede da James segue em Curitiba e os usuários seguem tendo acesso a todos os produtos já oferecidos pela plataforma. Excetuando supermercados, frente em que o GPA mantém exclusividade, a intenção é que todos os 500 contratos com varejistas dos mais diversos ramos continuem – e novos possam ser firmados.

Tchau, Rappi; olá, dados

Atualmente, o GPA tem um acordo de exclusividade com a startup de entregas Rappi, que é líder da categoria em São Paulo e tem cobertura mais relevante fora da região Sul. Também é possível comprar nos supermercados do grupo via Rapiddo e Glovo. Estas parcerias continuam num primeiro momento – já que a James não existe nas maiores praças nacionais – e será, aos poucos, extinta. 

Todas as cidades onde o GPA tem número relevante de lojas devem contar com os serviços da James ao final de 2019, de acordo com Peter Estermann, CEO do grupo. Até lá, as entregas dos supermercados Pão de Açúcar e Extra fora do Paraná continuam como estão.

“Esta foi a decisão mais importante que a companhia tomou na frente de inovação nos últimos tempos, e a velocidade diz muito sobre ela”, disse o executivo, em encontro com a imprensa. Segundo ele, o primeiro contato foi apenas 2 meses e um dia da definição do negócio.

A corrida contra o tempo tem causa: o GPA quer chegar primeiro em uma área realmente pouco explorada por varejistas brasileiras – e praticamente inexistente para as varejistas de alimentos: os dados.

“Este não é um negócio de logística e distribuição”, diz, direto ao ponto, Estermann. “O mais importante é o conhecimento do cliente e integrar os dados da James aos nossos dados”, complementa. Em linhas gerais, é simples: há um tipo de brasileiro que busca entrega rápida de produtos diversos, e o GPA quer conhece-lo.

Sem revelar o valor da operação, o GPA, controlador de marcas como Pão de Açúcar, Assaí e Extra, a considera um passo essencial para o início de uma mudança mais intensa rumo à estratégia omnichannel, cujo representante brasileiro mais robusto atualmente é o Magazine Luiza, sem grandes equivalentes no varejo alimentício.

Com o auxílio destes dados, o que o GPA espera é conseguir comportar diversos serviços, para além do varejo, em uma plataforma própria. Estermann fala em logística, serviços financeiros, financiamento, tudo em um “grande marketplace do ramo alimentar com serviços digitais para outros varejistas, uma missão que começa em 2019”.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney