XP lança fundo ESG que investe em empresas como Apple e Amazon

Corretora anunciou ainda que vai destinar R$ 100 milhões para criação de fundos com impacto social e ambiental

Anderson Figo

SÃO PAULO — A XP Investimentos lançou nesta sexta-feira (19) seu primeiro fundo ESG, que investe em empresas com boas práticas de impacto social e ambiental. A corretora também anunciou que um segundo fundo será lançado em julho, com aplicação de R$ 100 milhões para estimular esse mercado.

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O Trend ESG Global é um fundo passivo, ou seja, que acompanha índices de referência. Ele vai investir os recursos dos cotistas em três ETFs (fundos de índices) no exterior.

Do total, 50% do patrimônio será aplicado no iShares ESG MSCI USA, com mais de 300 ações de empresas de grande e média capitalização nos Estados Unidos, como Apple, Amazon, Microsoft e P&G.

Outros 40% irão para o iShares ESG MSCI EAFE, com mais de 450 ações de empresas de grande e média capitalização de mercados desenvolvidos, exceto Estados Unidos e Canadá.

Já os 10% restantes vão para o iShares ESG MSCI EM, com mais de 300 ações de empresas de grande e média capitalização de mercados emergentes, entre eles o Brasil — as empresas brasileiras representam cerca de 0,44% do portfólio.

O fundo tem taxa de administração de 0,5% ao ano e não tem taxa de performance. A cotização é em D+5, ou seja os recursos aplicados no fundo levam cinco dias corridos para serem convertidos em cotas. Já o resgate é em D+1 (o dinheiro é liberado ao investidor no dia útil seguinte ao pedido).

Apesar de investir no exterior, o fundo da XP não é restrito a investidores qualificados, e a aplicação mínima é de R$ 500,00. Isso é possível porque a corretora faz um hedge (proteção cambial), assim o investidor fica exposto apenas à variação de preço dos ETFs, sem interferência da oscilação do dólar — que recentemente chegou a ultrapassar a barreira dos R$ 6.

Esse hedge é feito através de uma operação de swap (a rentabilidade dos ETFs pela variação do dólar), gerando assim a proteção cambial do produto. Assim, a XP não compra diretamente os três ETFs, mas o fundo consegue obter, dessa forma, 100% da variação deles já em reais. É o mesmo que acontece com o fundo de Cannabis da XP, lançado no fim do ano passado.

Com isso, o Trend ESG Global é classificado como multimercado e não se enquadra na regra da CVM (órgão regulador do mercado de capitais brasileiro) que prevê que os produtos com mais de 20% do patrimônio alocados diretamente em ativos no exterior só podem ser comprados por investidores qualificados.

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Os investidores qualificados são aqueles que possuem aplicações financeiras em valor igual ou superior a R$ 1 milhão e que atestem essa condição por escrito, ou que possuam alguma certificação aceita pela CVM.

R$ 100 milhões em ESG

Além do fundo lançado hoje, a XP anunciou que um segundo fundo será lançado no começo do mês que vem. O Selection ESG é um FoF, ou seja, um fundo que investe em outros fundos.

O foco será no mercado brasileiro de fundos ESG, que investem em empresas com boas práticas de impacto social e ambiental. Atualmente, apenas três gestoras possuem produtos desse tipo no país: a Fama, a Constallation e a JGP.

Além dessas três casas, a XP afirmou que outras quatro instituições estão com fundos ESG em fase avançada que devem ser lançados em breve, e a ideia da corretora é estimular que mais gestoras também possuam esse tipo de produto até o fim do ano.

Para isso, a XP vai aplicar R$ 100 milhões de recursos próprios no FoF Selection ESG. O dinheiro vai ser dividido entre os fundos da carteira do FoF, em cheques de R$ 5 milhões a R$ 15 milhões, segundo Gustavo Pires, sócio e diretor de Asset Management Services da XP Inc.

“Muito provavelmente até agosto/setembro teremos fundos ESG de umas sete instituições diferentes no FoF e queremos chegar a umas 15 até o final do ano”, disse Pires. “É um momento muito importante da nossa história. Acreditamos que as empresas do futuro precisam estar alinhadas com as estratégias ESG.”

“Estamos não só anunciando um produto inovador, mas também fomentando esse mercado no país por meio de uma parceria com alguns dos principais gestores de ações brasileiros. Não tenho dúvida de que essa tendência veio para ficar e só irá acelerar nos próximos anos”, completou.

Além do investimento garantido pela XP, as gestoras que lançarem novos fundos ESG também poderão captar recursos normalmente no mercado. “É um kick off [pontapé inicial] que a XP está dando numa indústria com potencial imenso e cada vez maior no mundo”, destacou Pires.

O mercado global de fundos de investimento movimenta cerca de US$ 80 trilhões atualmente, dos quais apenas US$ 10 bilhões estão em produtos ESG. Mas esse mercado vem crescendo em ritmo acelerado — no início de 2019, representava apenas US$ 4 bilhões do total.

Pires afirmou que a criação do FoF é um primeiro passo para fomentar a indústria, mas que nada impede que a XP lance fundos ativos ESG no futuro. E, segundo ele, em um segundo momento, outros tipos de produtos com foco em empresas responsáveis podem surgir no mercado brasileiro — como previdência e crédito, por exemplo.

“É muito importante esse movimento que a XP está fazendo porque se os fundos deixarem de investir em uma empresa que não possui práticas ESG para investir em outra que se preocupa com isso no mesmo setor, vão criar uma discrepância que vai forçar todas as concorrentes a levarem o tema da sustentabilidade ao board. Isso é bom para todo mundo”, concluiu o sócio da XP Inc.

O FoF Selection ESG terá taxa de administração de 0,75% ao ano e é classificado como fundo de ações. A aplicação mínima também será de R$ 500,00, mas a taxa de resgate é de D+60 — ou seja, você só receberá seu dinheiro 60 dias depois de ter solicitado o resgate.

A XP contratou uma consultoria independente para analisar se de fato os fundos criados como ESG, e que receberão os recursos do FoF, investem de fato em empresas responsáveis, já que por enquanto não há uma regra estabelecida a todos os participantes do mercado para que eles sejam classificados como tal.

XP investe em ESG

Com ações negociadas na Nasdaq, a própria XP Inc. tem investido para se adequar às melhores práticas de impacto social e ambiental. A companhia criou recentemente uma diretoria ESG, comandada por Marta Pinheiro.

“Queremos liderar as discussões sobre o tema no mercado financeiro brasileiro, democratizando o acesso desse conteúdo e melhores produtos, para que os clientes busquem integrar esse tipo de investimento em suas carteiras. Dessa forma, estaremos incentivando as empresas a tomar medidas de impacto e criando um ciclo virtuoso e extremamente relevante para o país”, disse.

Segundo a XP, a nova diretoria de ESG tem o objetivo de integrar e potencializar todas as iniciativas relacionadas ao tema no grupo, para refletir as preocupações sociais, ambientais e de governança, além possibilitar acesso dos clientes a informação e investimentos de alto impacto sustentável e social.

Entre as iniciativas já anunciadas pela XP Inc. nessa área está a criação de uma nova sede sustentável no interior de São Paulo. A “XP Villa” será projetada seguindo padrões ecoeficientes, utilizando 100% de energia renovável e tecnologias de reaproveitamento de água e uso de materiais sustentáveis, entre outras informações.

A empresa também lançou o movimento “Juntos Transformamos”, que já doou cerca de 175 mil cestas de alimentos a famílias em extrema vulnerabilidade social durante a pandemia de Covid-19, impactando mais de 786 mil pessoas.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.