Volume financeiro de negociações de debêntures no secundário quase dobra em um ano; veja as mais negociadas em novembro

Papéis de empresas como Copel, Vale e AES Brasil estão entre os mais buscados

Bruna Furlani

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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*Esta matéria foi atualizada para corrigir o valor de milhões para bilhões no sétimo parágrafo do texto.

O maior volume de ofertas primárias de debêntures juntamente com a subida da Selic ajudaram a impulsionar a negociação dessa classe de ativos nos últimos meses. No mercado secundário, a situação não foi diferente. O volume financeiro negociado de debêntures no secundário saltou de R$ 12,6 bilhões para R$ 22,9 bilhões, ou seja, quase dobrou nos últimos 12 meses encerrados em novembro deste ano.

Os dados fazem parte de um levantamento feito pela empresa de soluções para o mercado financeiro Quantum Finance e mostram que novembro foi um dos meses de maior volume financeiro negociado neste ano, atrás apenas de abril – onde o montante chegou a R$ 37,2 bilhões.

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Entre os 10 papéis mais negociados em novembro estão títulos de empresas como Copel (CPLE6), Vale (VALE3) e AES Brasil (AESB3), por exemplo. Quase a totalidade deles não apresenta isenção tributária porque não são debêntures incentivadas.

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Em termos de remuneração, os papéis mais negociados ofereceram taxas que pagavam 100% do DI (remuneração que se aproxima bastante da Selic) acrescida de um prêmio que podia variar entre 2,50% e 2,90% ao ano.

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Já no caso de títulos atrelados à inflação, os juros reais oferecidos podiam ir de 6,18% a 6,78% ao ano. Sobre os prazos de vencimento, a maior parte das negociações foi feita com títulos de prazo mais curto, com vencimentos até 2026.

Confira a lista de debêntures mais negociadas em novembro deste ano:

Código CETIP Emissor Vencimento Remuneração Incentivada Quantidade Negociada Volume Financeiro
OAEPA2 OAS S.A. – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL 31/03/2041  100,00% do TR + 1,00% Não                       296.763.704 R$ 382.790,88
LLISB1 RESTOQUE S.A. COMÉRCIO E CONFECÇÕES DE ROUPAS 30/06/2025  100,00% do DI + 2,70% Não                       195.594.442 R$ 70.979.400,07
CPLD14 COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. 27/09/2023  100,00% do DI + 2,70% Não                         96.450.804 R$ 66.201.972,16
OAEPA1 OAS S.A. – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL 01/02/2026  100,00% do DÓLAR + 13,00% Não                         25.648.402 R$ 61.679,03
CVRDA6 VALE S.A. Não possui  100,00% do IGP-M * Não                         11.714.510 R$ 593.033.326,19
LLISB2 RESTOQUE S.A. COMÉRCIO E CONFECÇÕES DE ROUPAS 30/06/2025  100,00% do DI + 2,90% Não                            7.442.750 R$ 3.164.666,79
CRCG11 COMPANHIA SECURITIZADORA DE CRÉDITOSE CARTÕES CONSIGNADOS II 17/12/2025  100,00% do DI + 2,50% Não                            6.000.000 R$ 6.054.042,00
CEPE27 CELPE – COMPANHIA ENERGÉTICA PERNAMBUCO 15/01/2022  100,00% do IPCA + 6,18% Sim                            4.049.406 R$ 5.317.175,42
CPGT14 COPEL GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. 23/07/2023  126,00% do DI Não                            1.400.000 R$ 969.665,20
TIET26 AES TIETÊ ENERGIA S.A. 15/04/2024  100,00% do IPCA + 6,78% Não                            1.027.644 R$ 1.278.401,89

*debênture participativa; possui remuneração atrelada à receita de direitos minerários.

Fonte: Quantum Finance

Em relatório divulgado neste mês pela Inter Asset, a equipe de análise da casa pontuou que a liquidez no mercado secundário de debêntures tem permanecido em patamares robustos e que vem aumentando ao longo de 2021.

De acordo com cálculos da asset, a média mensal negociada nos cinco meses do segundo semestre de 2021 foi de cerca de R$ 21 bilhões, quase 40% superior à média do primeiro semestre.

Apesar da maior liquidez, a casa ponderou que o mercado secundário de debêntures teve uma leve correção em novembro com relação aos spreads de crédito oferecidos – como são chamados os juros a mais que o investidor recebe por aplicar nos papéis (e não em opções mais conservadoras).

Ou seja: o prêmio que é pago a mais para que o investidor aplique nos papéis teve leve alta, segundo os analistas da asset, após diversos meses de queda. Na prática, a notícia é boa para quem vai adquirir algum título porque a remuneração oferecida vai ser maior, mas para quem precisa vender o papel antes do vencimento, isso significa que o preço da debênture recuou no mercado secundário.

Assim como ocorre no mercado de títulos públicos, o investidor que adquire uma debênture pode optar por vendê-la antes do prazo. Ao fazer isso, no entanto, ele está sujeito às taxas e preços que o mercado atribui ao papel naquele determinado momento, no que é chamado de marcação a mercado. O preço pode ser maior do que o valor pago pelo investidor na hora da compra – mas também pode ser menor.

Se não tiver objetivos claros, o investidor pode se ver obrigado a vender o papel em um momento em que a taxa está alta e que o preço do papel, por consequência, está mais baixo, como agora.

Na visão dos especialistas da Inter Asset, contudo, essa correção é saudável para que a indústria siga entregando resultados positivos e mais “aderentes a bons níveis de carrego nos próximos meses”.

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