Volatilidade no mercado de crédito será menor no 2º semestre, mas investidor precisa estar preparado para maior risco

Gestores da Augme, Canvas e Capitânia compartilharam suas visões para o nicho durante painel da Expert 2020

Lucas Bombana

(Getty Images/Leo Albertino)

SÃO PAULO – A forte volatilidade que atingiu o mercado financeiro global logo após o carnaval não poupou ninguém. Em um cenário sem precedentes de aversão ao risco, mesmo fundos conservadores do segmento da renda fixa chegaram a registrar rentabilidade negativa, por carregarem uma pequena parcela de crédito privado no portfólio.

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Daqui em diante, contudo, até mesmo pelo período completamente fora da curva do primeiro semestre, gestores especializados no mercado de crédito privado esperam um ambiente um pouco mais tranquilo. Pelo menos para o curto prazo.

“De hoje a 12 meses, a volatilidade vai ser mais baixa”, afirmou Arturo Profili, sócio-fundador da Capitânia Investimentos, durante a Expert 2020 nesta terça-feira. O painel discutiu as oportunidades e os riscos do mercado de crédito, em particular do nicho chamado de “high yield”, composto por empresas de menor porte, em que o nível de risco e de retorno esperado é maior.

De toda forma, embora espere por um nível de volatilidade menor, Profili prevê que os prêmios dos títulos privados high yield, que aumentaram para refletir o ambiente de maior aversão ao risco na crise, não devem retornar aos mesmos patamares do pré-crise.

Expectativa de retorno

O gestor da Capitânia projeta para os próximos meses um retorno consolidado do portfólio de 2,5% a 3% ao ano, além do CDI.

Na Canvas Capital, o CIO dos fundos de crédito, Rafael Fritsch, prevê um retorno ligeiramente superior, de 3,5% a 4%, mais a variação do principal referencial da renda fixa.

O retorno atraente, contudo, não virá sem que o investidor tenha de assumir alguma dose de risco, assinalou o especialista da Canvas.

“Quando você está disposto a fazer crédito high yield, tem que assumir que uma parcela da sua carteira pode ter um problema”, afirmou Fritsch.

Como o mercado de crédito privado não goza da mesma liquidez da Bolsa, disse o CIO da Canvas, uma análise redobrada sobre a saúde financeira da empresa emissora da dívida, e de suas garantias, é primordial antes da efetiva alocação.

Além de uma análise minuciosa do balanço das investidas em potencial, o investidor interessado em ativos de crédito precisa ter em mente um horizonte de investimento mais longo, afirmou Fritsch.

“Se quiser mais rendimento em crédito, o investidor vai ter que abrir mão da liquidez”, disse o especialista, acrescentando que alta liquidez, risco baixo e alto rendimento são pontos que normalmente não se conversam.

Abordagens distintas

O sócio fundador e diretor de investimentos da Augme Capital, Marcelo Urbano, por sua vez, disse que os ativos em carteira estão com uma taxa de carrego média, já livre dos custos, variando em um intervalo entre CDI mais 2% e 4,5%.

Na banda de baixo, explicou Urbano, estão concentrados os fundos mais conservadores, que concentram cerca de 85% dos investimentos em ativos “high grade”, mais líquidos e de menor retorno esperado.

Já entre os fundos com uma exposição maior em ativos high yield, a expectativa de retorno começa a partir de 3%, afirmou o especialista da Augme.

Urbano explicou que divide a gestão dos ativos de dívida privada em dois grandes grupos – um de “trading” e outro de carrego.

No “book de trading”, o foco se volta para operações líquidas com bonds de empresas brasileiras emitidos no exterior e também debêntures no mercado local. “Nesse book, a gente tenta ser o mais oportunístico possível.”

No caso da estratégia de carrego, as operações no radar são mais sofisticadas, envolvendo, por exemplo, securitização de recebíveis.

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