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Volatilidade faz uma classe de fundos ganhar a preferência dos especialistas em 2023; confira qual

Multimercados, que possuem flexibilidade e capacidade de operar em cenários de maior incerteza, são principal aposta para o ano novo

Bruna Furlani

(Shutterstock)

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A sangria que tomou conta da indústria de fundos de investimentos em 2022 escondeu retornos relevantes de algumas classes, como a dos multimercados.

Segundo especialistas, ainda é difícil cravar quando os resgates vão cessar, mas estar posicionado em ativos que conseguem navegar bem em períodos de grande volatilidade – como deve ser o caso neste ano – pode ser a chave para manter a carteira no campo positivo.

A classe “queridinha” entre os alocadores ouvidos pelo InfoMoney é a dos multimercados, que possuem flexibilidade e capacidade de operar em cenários de maior incerteza.

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Os fundos do tipo macro tiveram o segundo melhor retorno médio entre os multimercados, com ganhos de 16,99% em 2022. Para João Arthur Almeida, CIO da Suno Wealth, a tendência deve seguir positiva neste ano. “O insumo do gestor macro é a volatilidade, o que vai ocorrer”, alerta.

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Quem busca retorno atrativo e baixo risco não deve deixar fundos de renda fixa com remuneração pós-fixada fora do portfólio. Se optar por fundos com crédito privado na carteira, a recomendação de especialistas é priorizar produtos do tipo high grade – com menor risco e consequentemente, menor potencial de retorno.

Fundos de renda fixa global com crédito e hedge cambial, que evitam expor o investidor à variação do câmbio, também merecem espaço em 2022, com chance de despontar a partir do segundo semestre.

Multimercados: a grande aposta para ganhar com a volatilidade

Após um 2022 de retornos atrativos e de olho no potencial dos gestores de manter os bons resultados, o topo da lista de preferências de alocadores para este ano são os fundos multimercados. A indicação vale tanto para investidores perfil conservador (20% da carteira) quanto agressivo (40% da carteira), na avaliação de Patrícia Palomo, head de investimentos da Unicred do Brasil.

“A indústria de multimercados tem feito um trabalho de buscar assimetrias. Eles têm conseguido navegar bem em ambiente inflacionário e de desvalorização cambial”, destaca a profissional.

A prova disso está nos números: o Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), que reúne multimercados de gestão ativa, teve a melhor rentabilidade entre 13 classes de aplicações financeiras em 2022. O retorno real (descontada a inflação) do IHFA foi de 7,45%, acima dos 6,24% do CDI (taxa de referência na renda fixa) e de outros índices, segundo dados do TradeMap.

Boa parte dos bons retornos dos multimercados veio de subcategorias – como a dos multimercados macro, cujos gestores foram bem-sucedidos apostando na alta de juros nos Estados Unidos.

Para este ano, a expectativa é de que posições vendidas em bolsa americana – que se se beneficiam da queda das ações – garantam ganhos, na visão de Marcio Fontes, gestor do fundo ASA Hedge, que ganhou 39,40% em 2022 e foi um multimercados mais rentáveis do ano.

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Posições compradas em petróleo (que se beneficiam da alta da commodity) também são uma aposta que pode funcionar como proteção (hedge), se a bolsa subir em vez de cair, explica Fontes.

Além de multimercados do tipo macro, Patrícia, da Unicred, recomenda que o investidor invista em um mix de estratégias descorrelacionadas entre si. Ganham relevância tanto os fundos quantitativos (geridos a partir de algoritmos) quanto os fundos long and short, em que o gestor compra certos ativos (long) e vende outros (short) para lucrar com o desempenho relativo entre eles.

Antes de iniciar a alocação, porém, é fundamental avaliar o desempenho dos gestores em diferentes janelas de tempo para entender como o fundo se comportou em cenários distintos, explica Renato Santaniello, gestor da Santander Asset Management. “Uma alocação equilibrada, em diferentes estilos de gestão, reduz o potencial de impacto negativo no portfólio”.

Renda fixa atrelada ao CDI é preferência, mas fundos de inflação merecem espaço

Outro destaque para este ano está em fundos de renda fixa pós-fixados de baixo risco, como explica Almeida, da Suno Asset. O objetivo é obter um bom retorno – sem a necessidade de que o investidor precise correr muitos riscos.

A alocação é reforçada pela expectativa de que a Selic encerre o ano em 12,25%, recuando para 9,25% em 2024 e para 8% em 2025, segundo o último Relatório Focus, com as estimativas do mercado.

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Se o investidor quiser aplicar em fundos de renda fixa com alocação em crédito privado, a sugestão do especialista da Suno é buscar os do tipo high grade (que embutem papéis de menor risco e retorno), que tendem a oferecer maior segurança em um ambiente de juros altos.

Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da XP, também defende uma postura conservadora, sugerindo calma aos interessados nos fundos high yield (que embutem papéis de maior risco e retorno).

Para Sgavioli, também é importante manter uma parcela do patrimônio em fundos de inflação, com retorno indexado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já que as projeções de economistas têm piorado para os próximos anos.

“Ter investimentos em IPCA+ se faz mais importante ainda em um cenário com riscos de pressões inflacionárias adicionais”, diz. “É preciso, porém, ter ciência de que no curto prazo esse tipo de investimento ainda poderá ter volatilidade, até mesmo com chance de retornos negativos, compensados no longo prazo”.

Almeida, por sua vez, não recomenda os fundos de inflação, porque eles podem sofrer com a marcação a mercado dos papéis em que investem – no caso de os agentes financeiros continuem a precificar juros mais altos à frente.

“Tem debênture pagando IPCA mais 7% ao ano. O retorno contratado é bom, mas o risco é a curva [de juros] continuar abrindo”, destaca o executivo da Suno Asset.

Durante a existência de um papel, seu preço é atualizado conforme as taxas que o mercado precifica a cada dia. Na prática, títulos atrelados à inflação e prefixados costumam desvalorizar quando as taxas de juros estão em tendência de alta. O contrário também é verdadeiro: os preços dos papéis normalmente sobem quando as taxas de juros caem.

Fundos de renda fixa global: oportunidade com foco no segundo semestre

Outra aposta para 2023 de casas como a XP são os fundos de renda fixa global, que devem se destacar a partir do segundo semestre. Nathalia de Sá, analista de alocação e fundos da corretora, defende que o nível atual dos juros internacionais está é atrativo para carregar a posição com foco no médio prazo, ainda que haja certa incerteza sobre o comportamento das taxas e dos prêmios de crédito no futuro.

No momento, a sugestão da casa é que a alocação represente apenas um percentual pequeno da carteira, mas há chance de que a posição venha a ser incrementada no decorrer do ano. “Um gatilho importante para aumentarmos a nossa alocação na classe é o rumo das taxas de juros americanas e quando o Fed [banco central americano] encerrará o ciclo de alta de juros”, alerta Nathália.

Atualmente, as maiores apostas de agentes financeiros estão concentradas na visão de que o Federal Reserve (Fed) colocará as taxas entre 4,25% e 4,50%, ou entre 4,50% e 4,75%, no fim deste ano, segundo dados disponíveis na plataforma do CME Group.

De olho nas possibilidades de ganhos com a renda fixa global, o investidor pode ser beneficiado pela nova regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que permitirá que fundos voltados para o varejo invistam até 100% do capital no exterior.

A dica de Sgavioli, da XP, é selecionar fundos de renda fixa global com crédito na carteira e hedge cambial, o que evita expor o investidor à variação do câmbio. Nesse caso, o objetivo é se beneficiar do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos. A estratégia, porém, deve ser equilibrada com investimentos em outras classes de fundos, sem hedge cambial.

“Uma reabertura da China poderia beneficiar o real. Mas há forças contrárias. Se o cenário para o Brasil se deteriorar, o dólar pode valorizar”, observa. “Estou reequilibrando o portfólio entre fundos com e sem hedge, porque podemos ver o real depreciando em relação ao dólar”, pondera o especialista da corretora.

O olhar sobre a renda fixa global reflete o fato de a XP continuar cautelosa com a renda variável internacional. Para aumentar a exposição nessa classe de ativo, a casa defende que será preciso não só ter maior visibilidade sobre o fim do ciclo de alta de juros como também de quando o Fed vai começar o ciclo de queda.

Fundos de ações: cenário ainda é desafiador

Enquanto algumas classes devem estar no foco dos investidores, outras devem ser pensadas com cautela, como os fundos de ações.

Na visão de Almeida, da Suno Asset, fundos de ações apresentam grande incerteza neste ano, apesar de o preço dos papéis já estar bastante descontado no Brasil. “Se [o atual governo] repetir a política econômica de 2011 a 2016, o investidor pode perder dinheiro e também deixar de ganhar com o CDI alto”, alerta o especialista para o elevado custo de oportunidade.

A visão da XP também é de que o ano será trabalhoso para fundos de ações. A classe não está entre as preferidas da corretora para alocar neste ano. “Eles devem ter um 2023 mais desafiador pelo menor ritmo de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] local e global, além da manutenção dos juros mais altos por aqui, que mantém o custo de capital elevado para as empresas”, afirmam profissionais da corretora, em relatório.

Diante desse cenário, a sugestão de especialistas da corretora é optar por fundos long only (que atuam apenas com uma aposta de valorização das ações que investem), juntamente com produtos long biased, que podem operar vendidos e também montar proteções em momentos de queda ou de maior volatilidade.

“A depender da trajetória de juros e de outros fatores macroeconômicos, avaliaremos ao longo de 2023 a possibilidade de ter também alguma exposição, por exemplo, em small caps [empresas de menor valor de mercado]”, acrescentam os profissionais da XP.

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