“Volatilidade caiu 50% com ações estrangeiras”, diz Hernandez, Head da Vanguard

Especialistas do mercado, como Juan Hernandez, diretor da Vanguard na América Latina, e outros executivos falaram sobre diversificação de portfólios durante o Encontro Anual Sobre Índices e ETFs no Brasil 2025, promovido pela S&P Global

Maria Luiza Dourado

Notas de 100 dólares
27/01/2025 REUTERS/Luisa González
Notas de 100 dólares 27/01/2025 REUTERS/Luisa González

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Em um cenário de alta volatilidade e taxas de juros elevadas no Brasil, especialistas do mercado financeiro reforçam a importância de uma visão global na construção de portfólios de investimento, destacando os benefícios da diversificação internacional para mitigar riscos e potencializar retornos. As falas foram emitidas no Encontro Anual Sobre Índices e ETFs no Brasil 2025, promovido pela S&P Global, em São Paulo, nesta quinta-feira (30), e acompanhado pela redação do InfoMoney.

Juan Hernandez, diretor da Vanguard na América Latina, ressaltou que o viés doméstico – a preferência por investir majoritariamente no mercado local – é uma realidade em todo o mundo, mas especialmente acentuado no Brasil.

Segundo Hernandez, enquanto o mercado brasileiro representa apenas 0,5% da capitalização global, investidores locais aplicam cerca de 93% de seus recursos em ativos nacionais, o que evidencia uma concentração excessiva.

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Dados de uma pesquisa que era respondida ao vivo foram compartilhados no evento e corroboraram. Apenas 3,7% dos participantes afirmaram que tinham clientes com parte relevante do portfólio (30% a 50%) fora do país. A faixa que recebeu mais votos dos participantes foi a de 5% a 15% do portfólio alocada fora do país, selecionada por 48,1% dos presentes.

Para Hernandez, embora a familiaridade com o mercado local e a moeda nacional justifiquem parte desse comportamento, a concentração em setores específicos, como financeiro e energia, e a exposição ao risco cambial podem limitar o desempenho e aumentar a volatilidade do portfólio.

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“Pedi um levantamento para a minha equipe. Adicionando somente 10% de ações internacionais, a volatilidade cai 50%. O desempenho aumenta 20 ou 30 pontos base e o índice de Sharpe [usado para avaliar o risco e o retorno de um investimento] sobe 50%”, contou. 

Cristiano Castro, diretor de desenvolvimento de negócios da BlackRock Brasil, abordou a questão dos instrumentos disponíveis para acessar mercados internacionais, comparando fundos locais, BDRs e fundos transfronteiriços. Para Castro, embora os instrumentos locais ofereçam conveniência e facilitem questões tributárias, os fundos internacionais proporcionam maior variedade e sofisticação para expandir a fronteira de eficiência do portfólio – incluindo o aspecto tributário.

ETFs Internacionais

Cauê Mançanares, CEO da Investo, enfatizou a importância da educação financeira e do ecossistema de suporte para que investidores e assessores se sintam confortáveis em incorporar soluções globais, como os ETFs internacionais.

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Para Mançanares, o mercado brasileiro tem avançado na oferta de produtos e plataformas que facilitam esse processo para investidores de varejo e institucionais, mas ainda há muito espaço para desenvolvimento.

“O que sei é que a estrutura de ETFs é melhor para investidores internacionais. Você está protegido do imposto estadual, pode ter classes de ações acumulativas, ações com hedge cambial do mesmo fundo (um fundo realmente global), pode ter hedge em BRL aqui no Brasil, e pode ter ações acumulativas ou que pagam dividendos”, Juan Hernandez, diretor da Vanguard na América Latina. E completa: “Mas você precisa de um ecossistema para isso, certo? Então, sim, educação e consultoria [são importantes para a popularização], mas, depois, vem o ecossistema completo, para que a experiência para assessores, gestores e clientes finais seja fluida”, completou Hernandez.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.