Vibra entra, CTEEP sai: 5 ações que pagam bons dividendos para investir em dezembro

Taesa segue como a ação mais sugerida pelas corretoras consultadas pelo InfoMoney, e agora é a única distribuidora de energia elétrica da lista

Mariana Segala

Tradicionalmente, empresas do segmento de distribuição de energia elétrica figuram entre as principais sugestões dos analistas de ações para investidores mais interessados em ganhar com a distribuição de dividendos do que propriamente com a valorização dos papéis. Por isso, as distribuidoras costumam dominar as carteiras recomendadas que as corretoras divulgam todos os meses.

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Mas diante de perspectivas positivas para setores distintos, as ações de outras empresas vêm ocupando parte desse espaço.

Levantamento realizado pelo InfoMoney mostra que a Taesa – um dos maiores grupos de distribuição de energia do País – segue sendo a ação mais recomendada em dezembro para estratégias focadas em dividendos. Porém, desta vez, é a única do setor.

Os papéis da Vibra Energia, como foi rebatizada a BR Distribuidora, passaram a figurar na lista dos mais recomendados pelas corretoras consultadas pelo InfoMoney, ocupando o lugar da distribuidora ISA CTEEP, que estava na seleção em novembro.

Também permaneceram entre as recomendações mais frequentes as ações da mineradora Vale (VALE3), da Telefônica Brasil (VIVT3) e do Bradesco (BBDC4).

O InfoMoney divulga uma compilação das recomendações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os cinco nomes mais citados por 11 corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate. Confira as sugestões para dezembro:

Empresa Ticker Nº de recomendações Dividend Yield em 12 meses (%) Retorno em outubro de 2021 (%) Retorno em 2021 (%) Retorno em 12 meses (%)
Taesa TAEE11 7 8,72 -1,72 16,33 17,66
Vale VALE3 6 20,92 -2,32 -5,91 5,49
Telefônica Brasil VIVT3 5 5,87 10,48 13,48 20,18
Vibra Energia VBBR3 5 10,67 3,72 6,76 17,31
Bradesco BBDC4 5 5,8 0,14 -16,8 -5,61

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Itaú, XP Investimentos e Economatica.

Obs: Dados até 30/11/21

Veja abaixo a visão dos analistas para cada ação mencionada:

Taesa (TAEE11)

As ações da Taesa – um dos maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica do Brasil – figuram no topo das recomendações para investidores interessados em dividendos desde que o InfoMoney passou a fazer essa compilação.

O noticiário mais recente sobre a companhia ajuda a entender. Nesta semana, a Taesa anunciou que distribuirá proventos de R$ 523 milhões – dos quais R$ 321 milhões correspondem a dividendos intercalares, com base nas demonstrações financeiras do terceiro trimestre. Os demais R$ 202 milhões correspondem a juros sobre o capital próprio (JCP) com base no balancete de novembro de 2021. As ações da empresa subiram 3,7% na quinta-feira (2), dia seguinte ao comunicado.

“Continuamos a ver posição de caixa da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% do lucro”, afirma relatório da XP. Embora o estatuto da companhia preveja um payout (percentual do lucro distribuído aos acionistas) de 50%, historicamente os pagamentos superam com folga o dividendo anual mínimo.

Em relatório, os analistas da Ativa destacam que 20 das 39 concessões da Taesa têm contratos atualizados anualmente pelo IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado). “A companhia vem conseguindo compensar a queda na RAP [receita anual permitida] das concessões que entraram em seu 16º ano com os reajustes tarifários indexados à inflação e a entrada em operação de novos projetos”, afirmam.

Vale (VALE3)

As ações da mineradora Vale já figuravam na lista de principais recomendações – e as apresentações realizadas durante seu último Investor Day, realizado na segunda-feira (29), reforçaram as expectativas de analistas e investidores.

“A Vale reafirmou seu compromisso em seguir proporcionando ao seu acionista uma excelente distribuição de proventos. Para tal, seguirá efetuando o pagamento de dividendos bem como executando o seu programa de recompra de ações”, diz a equipe da Ativa em relatório.

Para os analistas da Guide, as ações da Vale nesse momento apresentam patamares interessantes para entrada, já que são negociadas com desconto em relação a seus concorrentes australianos. “Os preços de minério continuam em patamares elevados (fruto da menor oferta no mercado), enquanto a empresa negocia a múltiplos descontados”, dizem em relatório, ressaltando que a gestão da empresa está focada no controle de custos e na redução de capex (despesas de capital e investimento) e endividamento.

Alguns fatores tendem a impulsionar os resultados da empresa, dentre os quais a Guide destaca a maior demanda da China por minério de qualidade elevada, as melhorias operacionais e a diversificação geográfica no Brasil, onde a empresa conta com capacidade de transporte e remessa própria – fora, claro, a valorização do minério no mercado internacional.

Telefônica Brasil (VIVT3)

Terceira ação mais recomendada para quem busca retorno com dividendos, o papel da Telefônica é visto com bons olhos não apenas pelo dividend yield (taxa de retorno com a distribuição de dividendos) robusto. Para os analistas da Guide, a empresa é negociada a múltiplos atraentes, na comparação com sua média histórica.

O Santander reiniciou a cobertura das ações da empresa recentemente, com um preço-alvo de R$ 58 para o fim de 2022 – as ações encerraram o pregão desta quinta-feira (2) cotados a R$ 50,24. “Acreditamos que a Telefônica Brasil apresenta um excelente perfil risco-retorno e, nos preços atuais, uma oportunidade bastante atrativa de investimento, devido à sua sólida geração de caixa e pagamento de dividendos aos acionistas”, afirma relatório do banco.

A aceleração do segmento de fibra ótica (FTTH) pela empresa é uma boa notícia, na visão dos analistas da Ágora, porque compensa as quedas verificadas em outras tecnologias mais antigas. “Acreditamos que a empresa está se movendo na direção certa”, afirmam em relatório. Pelos seus cálculos, as ações estão descontadas, negociando a um múltiplo 20% menor que a média dos últimos cinco anos.

Vibra (VBBR3)

As ações da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, são a novidade dentre as recomendações focadas em dividendos neste mês. Líder em distribuição de combustíveis, a empresa é fornecedora para mais de 8 mil postos no Brasil – além dos próprios combustíveis, também de produtos químicos.

Com resultados mais fortes do que o esperado pelos analistas no terceiro trimestre deste ano, a Vibra é vista como uma aposta para o longo prazo por estar atenta às mudanças estruturais que a transição energética causará no País, buscando novos caminhos de crescimento.

“Além de continuar com seus esforços em cortar custos e melhorar a lucratividade em seus negócios existentes, a Vibra definiu novos vetores de crescimento (gás natural e eletricidade), bem como investimentos graduais em hidrogênio e biocombustíveis”, diz relatório de analistas do Santander. Fora isso, mantém o foco na geração de fluxo de caixa, dividendos e recompra de ações.

Os analistas da Ágora ponderam que o sucesso da Vibra depende do desempenho da atividade doméstica – uma desaceleração do PIB, como previsto para 2022, portanto, seria má notícia. “Entendemos que seu foco em eficiência pode ser capaz de preservar a rentabilidade do negócio, ao mesmo tempo em que oportunidades de M&A [fusões e aquisições] devem acelerar o processo de mudança na matriz energética da companhia”, afirmam em relatório.

É o caso da recém-anunciada parceria com a Comerc, uma das principais comercializadoras de energia do Brasil, que possui um portfólio de projetos de geração renovável. “Em nossa visão, a Vibra aposta em várias frentes de transição, mas com grande foco no futuro da eletrificação”, avalia a Ágora.

Bradesco (BBDC4)

Incluído entre as recomendações mais frequentes com foco em dividendos, o Bradesco chama atenção das corretoras pela sua dominância no setor financeiro.

“Acreditamos que o Bradesco cumpriu o seu papel durante a pandemia”, dizem os analistas da Ativa. “Apesar de acreditarmos que a inadimplência deva se deteriorar ao longo de 2022, o banco ainda possui indicadores de crédito saudáveis que deverão possibilitar que o mesmo atravesse esse momento sem maiores provisões”.

De modo geral, há uma percepção de que bancos como o Bradesco adotaram uma postura conservadora nos provisionamentos pós-Covid, reservando valores elevados nos seus balanços para fazer frente à possível alta da inadimplência de clientes – o que, na prática, prejudica os resultados de imediato.

Por isso, a perspectiva de que o Bradesco consiga seguir com suas operações sem precisar retomar um nível elevado de provisões é visto como um atrativo para suas ações.

Para a Ativa, os reais efeitos da flexibilização nas condições de crédito durante a pandemia deverão ser sentidos em 2022, podendo prejudicar o crescimento dos bancos, assim como as operações de seguros, devido à maior cobrança de sinistros. “Ainda assim, vemos esse efeito como momentâneo, sem alterar a perspectiva positiva para tal operação no longo prazo”, dizem os analistas.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney