Tradicionalmente, empresas do segmento de distribuição de energia elétrica figuram entre as principais sugestões dos analistas de ações para investidores mais interessados em ganhar com a distribuição de dividendos do que propriamente com a valorização dos papéis. Por isso, as distribuidoras costumam dominar as carteiras recomendadas que as corretoras divulgam todos os meses.
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Mas diante de perspectivas positivas para setores distintos, as ações de outras empresas vêm ocupando parte desse espaço.
Levantamento realizado pelo InfoMoney mostra que a Taesa – um dos maiores grupos de distribuição de energia do País – segue sendo a ação mais recomendada em dezembro para estratégias focadas em dividendos. Porém, desta vez, é a única do setor.
Os papéis da Vibra Energia, como foi rebatizada a BR Distribuidora, passaram a figurar na lista dos mais recomendados pelas corretoras consultadas pelo InfoMoney, ocupando o lugar da distribuidora ISA CTEEP, que estava na seleção em novembro.
Também permaneceram entre as recomendações mais frequentes as ações da mineradora Vale (VALE3), da Telefônica Brasil (VIVT3) e do Bradesco (BBDC4).
O InfoMoney divulga uma compilação das recomendações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os cinco nomes mais citados por 11 corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate. Confira as sugestões para dezembro:
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Dividend Yield em 12 meses (%) | Retorno em outubro de 2021 (%) | Retorno em 2021 (%) | Retorno em 12 meses (%) |
Taesa | TAEE11 | 7 | 8,72 | -1,72 | 16,33 | 17,66 |
Vale | VALE3 | 6 | 20,92 | -2,32 | -5,91 | 5,49 |
Telefônica Brasil | VIVT3 | 5 | 5,87 | 10,48 | 13,48 | 20,18 |
Vibra Energia | VBBR3 | 5 | 10,67 | 3,72 | 6,76 | 17,31 |
Bradesco | BBDC4 | 5 | 5,8 | 0,14 | -16,8 | -5,61 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Itaú, XP Investimentos e Economatica.
Obs: Dados até 30/11/21
Veja abaixo a visão dos analistas para cada ação mencionada:
Taesa (TAEE11)
As ações da Taesa – um dos maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica do Brasil – figuram no topo das recomendações para investidores interessados em dividendos desde que o InfoMoney passou a fazer essa compilação.
O noticiário mais recente sobre a companhia ajuda a entender. Nesta semana, a Taesa anunciou que distribuirá proventos de R$ 523 milhões – dos quais R$ 321 milhões correspondem a dividendos intercalares, com base nas demonstrações financeiras do terceiro trimestre. Os demais R$ 202 milhões correspondem a juros sobre o capital próprio (JCP) com base no balancete de novembro de 2021. As ações da empresa subiram 3,7% na quinta-feira (2), dia seguinte ao comunicado.
“Continuamos a ver posição de caixa da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% do lucro”, afirma relatório da XP. Embora o estatuto da companhia preveja um payout (percentual do lucro distribuído aos acionistas) de 50%, historicamente os pagamentos superam com folga o dividendo anual mínimo.
Em relatório, os analistas da Ativa destacam que 20 das 39 concessões da Taesa têm contratos atualizados anualmente pelo IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado). “A companhia vem conseguindo compensar a queda na RAP [receita anual permitida] das concessões que entraram em seu 16º ano com os reajustes tarifários indexados à inflação e a entrada em operação de novos projetos”, afirmam.
Vale (VALE3)
As ações da mineradora Vale já figuravam na lista de principais recomendações – e as apresentações realizadas durante seu último Investor Day, realizado na segunda-feira (29), reforçaram as expectativas de analistas e investidores.
“A Vale reafirmou seu compromisso em seguir proporcionando ao seu acionista uma excelente distribuição de proventos. Para tal, seguirá efetuando o pagamento de dividendos bem como executando o seu programa de recompra de ações”, diz a equipe da Ativa em relatório.
Para os analistas da Guide, as ações da Vale nesse momento apresentam patamares interessantes para entrada, já que são negociadas com desconto em relação a seus concorrentes australianos. “Os preços de minério continuam em patamares elevados (fruto da menor oferta no mercado), enquanto a empresa negocia a múltiplos descontados”, dizem em relatório, ressaltando que a gestão da empresa está focada no controle de custos e na redução de capex (despesas de capital e investimento) e endividamento.
Alguns fatores tendem a impulsionar os resultados da empresa, dentre os quais a Guide destaca a maior demanda da China por minério de qualidade elevada, as melhorias operacionais e a diversificação geográfica no Brasil, onde a empresa conta com capacidade de transporte e remessa própria – fora, claro, a valorização do minério no mercado internacional.
Telefônica Brasil (VIVT3)
Terceira ação mais recomendada para quem busca retorno com dividendos, o papel da Telefônica é visto com bons olhos não apenas pelo dividend yield (taxa de retorno com a distribuição de dividendos) robusto. Para os analistas da Guide, a empresa é negociada a múltiplos atraentes, na comparação com sua média histórica.
O Santander reiniciou a cobertura das ações da empresa recentemente, com um preço-alvo de R$ 58 para o fim de 2022 – as ações encerraram o pregão desta quinta-feira (2) cotados a R$ 50,24. “Acreditamos que a Telefônica Brasil apresenta um excelente perfil risco-retorno e, nos preços atuais, uma oportunidade bastante atrativa de investimento, devido à sua sólida geração de caixa e pagamento de dividendos aos acionistas”, afirma relatório do banco.
A aceleração do segmento de fibra ótica (FTTH) pela empresa é uma boa notícia, na visão dos analistas da Ágora, porque compensa as quedas verificadas em outras tecnologias mais antigas. “Acreditamos que a empresa está se movendo na direção certa”, afirmam em relatório. Pelos seus cálculos, as ações estão descontadas, negociando a um múltiplo 20% menor que a média dos últimos cinco anos.
Vibra (VBBR3)
As ações da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, são a novidade dentre as recomendações focadas em dividendos neste mês. Líder em distribuição de combustíveis, a empresa é fornecedora para mais de 8 mil postos no Brasil – além dos próprios combustíveis, também de produtos químicos.
Com resultados mais fortes do que o esperado pelos analistas no terceiro trimestre deste ano, a Vibra é vista como uma aposta para o longo prazo por estar atenta às mudanças estruturais que a transição energética causará no País, buscando novos caminhos de crescimento.
“Além de continuar com seus esforços em cortar custos e melhorar a lucratividade em seus negócios existentes, a Vibra definiu novos vetores de crescimento (gás natural e eletricidade), bem como investimentos graduais em hidrogênio e biocombustíveis”, diz relatório de analistas do Santander. Fora isso, mantém o foco na geração de fluxo de caixa, dividendos e recompra de ações.
Os analistas da Ágora ponderam que o sucesso da Vibra depende do desempenho da atividade doméstica – uma desaceleração do PIB, como previsto para 2022, portanto, seria má notícia. “Entendemos que seu foco em eficiência pode ser capaz de preservar a rentabilidade do negócio, ao mesmo tempo em que oportunidades de M&A [fusões e aquisições] devem acelerar o processo de mudança na matriz energética da companhia”, afirmam em relatório.
É o caso da recém-anunciada parceria com a Comerc, uma das principais comercializadoras de energia do Brasil, que possui um portfólio de projetos de geração renovável. “Em nossa visão, a Vibra aposta em várias frentes de transição, mas com grande foco no futuro da eletrificação”, avalia a Ágora.
Bradesco (BBDC4)
Incluído entre as recomendações mais frequentes com foco em dividendos, o Bradesco chama atenção das corretoras pela sua dominância no setor financeiro.
“Acreditamos que o Bradesco cumpriu o seu papel durante a pandemia”, dizem os analistas da Ativa. “Apesar de acreditarmos que a inadimplência deva se deteriorar ao longo de 2022, o banco ainda possui indicadores de crédito saudáveis que deverão possibilitar que o mesmo atravesse esse momento sem maiores provisões”.
De modo geral, há uma percepção de que bancos como o Bradesco adotaram uma postura conservadora nos provisionamentos pós-Covid, reservando valores elevados nos seus balanços para fazer frente à possível alta da inadimplência de clientes – o que, na prática, prejudica os resultados de imediato.
Por isso, a perspectiva de que o Bradesco consiga seguir com suas operações sem precisar retomar um nível elevado de provisões é visto como um atrativo para suas ações.
Para a Ativa, os reais efeitos da flexibilização nas condições de crédito durante a pandemia deverão ser sentidos em 2022, podendo prejudicar o crescimento dos bancos, assim como as operações de seguros, devido à maior cobrança de sinistros. “Ainda assim, vemos esse efeito como momentâneo, sem alterar a perspectiva positiva para tal operação no longo prazo”, dizem os analistas.