Verde: em meio à reabertura econômica mais ampla, “Brasil parece flertar perigosamente com o passado”

Risco fiscal e consequente aperto monetário podem dificultar desempenho dos ativos de risco e evolução do mercado de capitais, destaca gestora

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – Conforme as eleições de 2022 ficam cada dia um pouco mais perto, os riscos relacionados à disputa política começam a tomar um espaço crescente no radar de preocupações dos investidores.

Nos últimos dias, o temor quanto ao risco fiscal voltou a assustar o mercado, com as sinalizações transmitidas pelo governo de que pode furar o teto de gastos para financiar o aumento do pagamento do Bolsa Família.

Em carta a investidores referente ao desempenho de julho do fundo multimercado Verde, gerido por Luis Stuhlberger, as consequências que uma postura econômica tida como irresponsável podem trazer para o desenvolvimento da economia e do mercado de capitais brasileiro são vistas com preocupação.

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“À medida que caminhamos para uma reabertura econômica mais ampla, o país parece flertar perigosamente com o passado. As seguidas discussões recentes sobre tirar gastos do teto, com vistas a operações de cunho eleitoral, sinalizam uma preocupante vontade de reviver de modo permanente o ‘acelerador fiscal’ no modelo macro brasileiro”, destaca o documento da Verde.

A postura errática do governo em relação à política fiscal do Brasil no médio prazo, flertando com um novo aumento descontrolado dos gastos, prosseguem os gestores na carta, tende a trazer de volta o mecanismo do “freio monetário”, dificultando a performance dos ativos de risco e com capacidade de reverter, ou prejudicar, o processo de aprofundamento e sofisticação do mercado de investimentos no país.

De toda forma, a carta informa também que o fundo não está posicionado para esse cenário de volta ao passado. “Não temos convicção de que isso vai acontecer, embora nossas dúvidas sejam crescentes.”

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Após registrar perda de 2,16% em julho, contra o rendimento positivo de 0,36% do CDI, o multimercado da Verde passou a acumular valorização de 1,28% em 2021, abaixo dos ganhos de 1,63% do benchmark.

As perdas no mês passado partiram das posições tomadas (que ganham com a alta) em juros, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, e das posições em Bolsa no Brasil. Os ganhos, por sua vez, foram gerados pelo livro de crédito.