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SÃO PAULO – Você já pensou em investir em ações com a mesma estratégia que ajudou a enriquecer ninguém menos do que o megainvestidor norte-americano Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo? Pois saiba que Buffett é adepto do value investing, ou investimento em valor.
O sócio da gestora de recursos Tabakov Capital, em Nova York, Rui Tabakov Rebouças, explica que value investing é uma abordagem de investimento que separa o preço da ação de seu valor e exige que a compra de um ativo seja feita por preço significativamente menor que o valor. “Saber o preço é fácil, pois normalmente ele é cotado pelo mercado. Então o X da questão é a determinação de valor, a valuation”, explica. “Buffett já disse que value investing é simples mas não é fácil — a estratégia consiste em é comprar barato, mas determinar se algo está barato ou não exige muito trabalho”, completa o gestor.
De acordo com ele, o value investing é uma estratégia ao mesmo tempo mais segura e mais proveitosa (com retorno maior). “A máxima dos mercados de quanto maior o retorno maior o risco e vice-versa cai diante desta comparação entre preço e valor” , ressalta Rebouças.
Não perca a oportunidade!
Para ilustrar, ele cita um exemplo com câmbio. “Se eu oferecer um dólar por R$ 2, quantas pessoas querem comprá-lo? Possivelmente ninguém, pois não há uma boa relação entre risco e retorno. Mas quantas pessoas querem comprá-lo por R$ 1,00? E por R$ 0,50? E por R$ 0,25? Claro, o número de interessados vai aumentando rapidamente. O que está acontecendo com o risco? Cada vez que ofereço o dólar a um preço mais baixo, o risco está diminuindo, mas o potencial de retorno está aumentando”, constata.
Ele aponta que quando uma empresa está muito mais barata do que o seu valor de reprodução — o custo para se reproduzir os ativos como plantas de produção, rede de distribuição, marca etc — a tendência é que um concorrente daquele próprio negócio ou uma companhia maior aproveite a oportunidade e a adquira. “O trabalho do value investor é antecipar-se a isso tudo. Perceber antes do consenso de mercado onde há mais valor do que preço”, explica. “Buffett compara a abordagem com o que disse um dos melhores jogadores de hóquei no gelo de todos os tempos, Wayne Gretzky: ‘Vá para onde o disco estará, não para onde ele está’”, cita.
Volatilidade e as oportunidades
Diante de um cenário de volatilidade nas bolsas, o value investing também pode ser uma estratégia interessante. “Em momentos de volatilidade para baixo e crises, as oportunidades são mais abundantes”, ressalta Rebouças.
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Entretanto, ele lembra quem entra alavancado (operando com recursos acima dos que tem disponíveis em conta) quando o mercado apresenta queda significativa pode até quebrar. “Por isso, muitos value investors optam por ter uma posição de caixa significativa e tendem a ser avessos a alavancagem”, diz.
Outro ponto importante é que o investidor que optar pelo value investing não pode ser refém do tempo “Ele tem de ter controle sobre o capital e horizonte de investimento”, diz.
Valuation
Existem diversas maneiras de encontrar o “valuation” da empresa. “A fórmula que mais gosto, pessoalmente é encontrar o fluxo de caixa livre da empresa e aplicar um múltiplo relativamente baixo a essa cifra (10x se o negócio for competitivamente muito forte; 6x para negócios competitivamente mais fracos)”, diz Rebouças.
Em relação à definição do fluxo de caixa livre, ele expica: “é o caixa gerado pela empresa que não precisa ser reinvestido no negócio para manutenção de seu volume de unidades vendidas ou de sua posição competitiva. Pode ser livremente distribuído aos acionistas (proprietários) da empresa”.
Segundo o gestor, outro método, o fluxo de caixa descontado, é amplamente utilizado por profissionais de mercado mas não é uma unanimidade entre os value investors. “Com certeza é uma ferramenta útil, mas tem a desvantagem de, se mudadas algumas premissas, justificar qualquer valor. Então, pouquíssimos value investors usam apenas o FDC”, ressalta. “Utilizar métodos de valuation diferentes e depois checar os valores resultantes pelos métodos diferentes é uma forma de se ter mais certeza sobre o valor”, conclui.
Congresso no Brasil
Para quem quiser entender mais sobre esta estratégia de investimentos e conhecer grandes nomes da gestão de recursos no país, no próximo dia 13 de maio acontece em São Paulo o Congresso Value Investing Brasil 2012, organizado pelo próprio gestor da Tabakov Capital.
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Entre os palestrantes confirmados estão o sócio-fundador da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, o gestor da Gávea Investimentos, Thomas de Mello e Souza, o sócio da Skopos, Pedro Luiz Cerize e o sócio da Claritas, Helder Rodrigues Soares.
Também participarão do evento representantes das gestoras M. Square, Fama, GTI, Constellation, Perfin e da First Value Capital.