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Treasuries têm sell-off e taxas disparam até 14 pontos-base após dado de inflação nos EUA

CPI fez Fed "jogar fora a chave da porta para cortes de juros“, disse um analista – o que deixa os títulos americanos caros demais

Paulo Barros

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Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) dispararam nesta terça-feira (13) após o mercado receber com pessimismo o dado de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do país referente a janeiro, que veio acima do esperado. Às 12h50, o papel de 10 anos, referência para precificação de ativos globais, subia 11 pontos-base na sessão, para 4,281% ao ano. Na comparação com a abertura do mês, a alta chega aos 42 pontos-base.

O movimento vem na esteira de uma forte queda dos títulos diante da expectativa de frustrada (agora em definitivo) de início de cortes de juros nos EUA ainda no primeiro trimestre. O papel mais afetado foi o de dois anos, considerado mais representativo das expectativas de política econômica de curto prazo: neste caso, o rendimento disparou quase 14 pontos-base, para 4,611% anuais. O retorno dos mais longos, com vencimento em 30 anos, subiu mais de 7 pontos-base, 4,447% ao ano.

“Os títulos estão muito caros se a inflação ainda for um problema e o mercado de ações não puder continuar a subir se as taxas continuarem mais altas por mais tempo – especialmente se a suposição de que o Fed já parou de aumentar as taxas for incorreta”, observa Chris Zaccarelli, da Independent Advisor Alliance, em comentário à Bloomberg.

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Os dados do CPI foram vistos como decepcionantes após as pressões sobre os preços terem reduzido recentemente, e ajudarem a criar expectativas para cortes nas taxas este ano. Havia uma expectativa de que o indicador cheio pudesse ficar abaixo de 3% na leitura anualizada pela primeira vez desde março de 2021. O índice até desacelerou dos 3,4% observados em dezembro, mas permaneceu teimosamente em 3,1%.

Como próprio presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, bateu na tecla de que era preciso esperar mais evidências de que a inflação estava caindo de forma sustentável rumo à meta de 2% – antes de pensar em reduzir os juros -, a chance de um início mais rápido na flexibilização da política monetária ficou ainda mais remota.

“Se Powell e outros membros do Fed já não tivessem jogado um balde de água fria sobre as perspectivas de um corte nas taxas em março há algumas semanas, o CPI de hoje pode ter feito isso por ele”, disse Jason Pride, da boutique de gestão de fortunas Glenmede, à Bloomberg. “A evidência de uma inflação de serviços ainda rígida provavelmente fará com que o Fed evite cortar as taxas muito rapidamente e arriscar outra onda de inflação.”

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Na plataforma FedWatch, do CME Group, a probabilidade da manutenção das taxas na reunião de março do Fomc subiram para 93,5%, enquanto as chances de um corte de 25 pontos-base recuaram para 6,5%. Esse pessimismo contagiou também as apostas para maio, com a probabilidade de manutenção indo a 62,1% e de um ligeiro corte recuando para 36,3%.

“Embora a porta para um corte em março já tenha sido efetivamente fechada, considerados os recentes comentários do Fed e os dados de emprego, o Fed agora trancou a porta e perdeu a chave”, disse Greg Wilensky, da Janus Henderson.

Especialistas já recomendavam que investidores seguissem reservando parte do portfólio de 2024 para ativos de renda fixa americanos, em tendência que pode ser reforçada se o movimento de alta dos retornos perdurar. Até pouco tempo, as recomendações eram de aportes em títulos com vencimento acima de cinco anos, considerados em melhor posição para capturar benefícios em um cenário de queda de taxas.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos