Tesouro IPCA+ tem menor taxa desde julho com shutdown, IPCA e ata do Copom

Noticiário acalma mercados e taxas têm nova sessão de quedas, com o Tesouro IPCA+ 2050 recuperando patamar visto pela última vez em 14 de julho

Paulo Barros

O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galipolo, participa de uma entrevista coletiva na sede do Banco Central do Brasil em Brasília, Brasil, em 27 de março de 2025. REUTERS/Adriano Machado
O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galipolo, participa de uma entrevista coletiva na sede do Banco Central do Brasil em Brasília, Brasil, em 27 de março de 2025. REUTERS/Adriano Machado

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As taxas dos títulos do Tesouro Direto voltaram a cair na manhã desta terça-feira (11), impulsionadas pelo alívio global após o fim do shutdown nos Estados Unidos, pelo IPCA abaixo do esperado e pela leitura mais branda da ata do Comitê de Política Monetária (Copom).

O destaque foi o Tesouro IPCA+ 2050, cuja taxa prefixada recuou de 6,90% no fechamento de segunda-feira (10) para 6,84% nesta manhã, o menor patamar desde 14 de julho.

O alívio veio após o Senado americano aprovar, na noite de segunda, um acordo para encerrar a paralisação mais longa da história dos EUA, iniciada em 1º de outubro. O texto ainda precisa ser confirmado pela Câmara dos Representantes antes de seguir para sanção do presidente Donald Trump. O impasse, que durou mais de 40 dias, havia ampliado a incerteza fiscal e pressionado os mercados. Na véspera, o S&P 500 subiu 1,5% e o Nasdaq avançou 2,3%.

No Brasil, a inflação medida pelo IPCA subiu 0,09% em outubro, número abaixo do esperado e o menor resultado para o mês desde 1998.

Pouco antes, a ata do Copom manteve a avaliação de que a taxa Selic a 15% é “suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, mas foi interpretada por parte do mercado como mais suave que o comunicado divulgado após a decisão da semana passada.

O texto indica maior convicção de estabilidade dos juros por um “período bastante prolongado”, com possibilidade de retomada do aperto apenas se o cenário se deteriorar.

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“A ata veio num tom um pouco mais suave do que o comunicado, porque o Banco Central reconheceu alguns fatos da realidade que no comunicado não estavam tão claros”, avalia Daniela Lima, economista para o Brasil da Kinea, destacando menções aos sinais mais claros de desaceleração da atividade, bem como a resiliência no mercado de crédito.

A ata e o IPCA serviram para o mercado consolidar a visão de que o ciclo de queda da Selic deverá iniciar no primeiro trimestre de 2026. A Galapagos, uma das poucas casas que seguiam apostando em corte já em dezembro, adiou a projeção para janeiro. A maioria dos economistas ainda aposta no cenário de primeiro corte em março.

“A ata do Copom deve ser lida como uma barra um pouco mais baixa para corte em janeiro, e o dado de inflação não altera essa leitura”, observou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

Entre os demais títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2029 passou de 7,89% para 7,83%, e o IPCA+ 2040 caiu de 7,15% para 7,11%. O IPCA+ com juros semestrais 2060 recuou de 7,11% para 7,05%.

Nos papéis prefixados, o Tesouro Prefixado 2028 caiu de 13,03% para 12,87% ao ano, e o 2032 de 13,52% para 13,41%. O título com juros semestrais e vencimento em 2035 recuou de 13,67% para 13,56%.

Confira as taxas dos títulos do Tesouro Direto nesta terça-feira (11), às 9h38:

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TítuloRendimento AnualVencimento
Tesouro Selic 2028SELIC + 0,049%01/03/2028
Tesouro Selic 2031SELIC + 0,1021%01/03/2031
Tesouro Prefixado 202812,87%01/01/2028
Tesouro Prefixado 203213,41%01/01/2032
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 203513,56%01/01/2035
Tesouro IPCA+ 2029IPCA + 7,83%15/05/2029
Tesouro IPCA+ 2040IPCA + 7,11%15/08/2040
Tesouro IPCA+ 2050IPCA + 6,84%15/08/2050
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060IPCA + 7,05%15/08/2060

Fonte: Tesouro Direto

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)