Tesouro IPCA+ decepciona investidor e dá prejuízo de quase 4% em abril; perdeu apelo?

Entre os títulos disponíveis para compra no Tesouro Direto, somente títulos pós-fixados entregaram rentabilidade positiva no último mês

Leonardo Guimarães

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Quem comprou um título longo do Tesouro IPCA+ no início de abril e vendeu o papel no fim do mês amargou um prejuízo de quase 4%. As taxas dos títulos públicos subiram no último mês, o que trouxe rentabilidade negativa aos investidores dos papéis mais seguros do mercado brasileiro.

O Tesouro IPCA+ 2055 teve rentabilidade acumulada de -3,86% em abril, o pior entre todos os disponíveis para compra no Tesouro Direto. Já o Tesouro Prefixado 2035 teve rentabilidade negativa de 3,14% no período, mostrando que os títulos de vencimento mais longos, conhecidos pela volatilidade, tiveram os piores desempenhos.

Veja os rendimentos dos títulos negociados no Tesouro Direto em abril e no acumulado do ano:

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TítuloRentabilidade em abril (%)Rentabilidade no ano (%)
Tesouro Prefixado 2027-0,76
Tesouro Prefixado 2031-3,26
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035-3,14
Tesouro IPCA+ 2029-1,73-1,51
Tesouro IPCA+ 2035-3,26-6,37
Tesouro IPCA+ 2045-4,87-9,49
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035-2,35-3,81
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040-2,8-4,62
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055-3,86-6,73
Tesouro Selic 20270,893,76
Tesouro Selic 20290,863,75
Fonte: Tesouro Direto

Para especialistas ouvidos pelo InfoMoney, porém, o movimento não deve se repetir em maio e a expectativa é da volta da rentabilidade positiva com queda nas taxas. “Grande parte do resultado (negativo de abril) tem a ver com a abertura dos juros americanos e postura do governo de não cumprimento de sua própria meta fiscal”, diz Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital. 

Ele argumenta, ainda, que o título mais importante do Tesouro dos EUA, com vencimento em dez anos, chegou à máxima de 2024 em abril e já voltou a cair, o que deve contribuir com o fechamento dos juros no Brasil em maio. 

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Comprei esperando a queda; o que fazer? 

É comum que investidores comprem títulos públicos com componentes prefixados na remuneração após movimentos de alta nas taxas, esperando uma queda para vender os papéis com lucro. Mas a rentabilidade acumulada dos títulos públicos no ano chega a -9,4%

Para Octávio Gomes, sócio da AVG Capital, é preciso ter paciência, considerando que ainda estamos em ciclo de queda da Selic e que o nível de juro real que o Tesouro Direto oferece atualmente não é sustentável no longo prazo. 

“Haverá janelas de oportunidade onde a marcação a mercado dos títulos seja positiva, oferecendo ao investidor a oportunidade de saída antecipada com o alcance de lucro”, diz o especialista. 

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Sharon Halpern, sócia e private banker da Blackbird Investimentos, concorda e diz que há expectativa por essa janela “devido a diversas reformas estruturais que o Brasil vem fazendo”. 

Bom momento para comprar? 

Com as taxas ainda em patamares elevados, os especialistas enxergam uma janela de oportunidade para comprar títulos públicos. Caso o investidor seja mais conservador, a indicação é apostar em títulos pós-fixados ou em papéis mais curtos, caso tenham componentes prefixados na remuneração: “eles são menos impactados pela marcação a mercado”, explica Gomes. 

Para a A7 Capital, os prefixados mais curtos, com vencimento entre um e três anos, “têm alta probabilidade de render mais do que os ativos pós-fixados”, segundo Fonseca. 

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Os títulos atrelados à inflação, mesmo sofrendo recentemente com a marcação a mercado, seguem com a preferência de analistas: “são a escolha mais segura para o investidor, ainda mais quando encontramos taxas na faixa de IPCA + 6% ao ano”, diz Halpern.