Tesouro IPCA+ atinge maior juro real do ano, acima de 8%, com aversão ao risco global

Papel de inflação mais curto, com vencimento em 2029, paga 8,09% de juro real na manhã desta terça (14), superando o pico anterior de 8,08% registrado na última sexta (10)

Paulo Barros

Evolução da remuneração do Tesouro IPCA+ 2029 nos últimos 30 dias (Foto: Reprodução/Tesouro Direto)
Evolução da remuneração do Tesouro IPCA+ 2029 nos últimos 30 dias (Foto: Reprodução/Tesouro Direto)

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As taxas do Tesouro Direto voltaram a subir nesta terça-feira (14), acompanhando a piora do sentimento nos mercados internacionais e a fuga de investidores para ativos considerados mais seguros.

O destaque do dia é o Tesouro IPCA+ 2029, que atingiu o maior juro real do ano, de 8,09%, superando o pico anterior de 8,08% registrado na última sexta-feira (10), quando as ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocaram forte turbulência nos mercados globais.

O avanço das taxas ocorre em meio ao aumento da aversão ao risco após a China anunciar novas sanções contra empresas americanas, reacendendo temores de uma escalada comercial com os Estados Unidos.

Os papéis de longo prazo também subiram: o Tesouro IPCA+ 2040 pagava 7,42% de juro real, e o Tesouro IPCA+ 2050, tinha taxa de 7,12%. Entre os prefixados, os rendimentos variavam de 13,43% (2028) a 14,02% (2035).

A piora no ambiente internacional reforçou a busca por ativos de segurança, como dólar, ouro e títulos do Tesouro americano (Treasuries). O rendimento do papel de dez anos caía para 4,02%, sinalizando demanda elevada.

No Brasil, o movimento pressionava os juros futuros e o câmbio. Às 9h31, o dólar à vista subia 0,77%, cotado a R$ 5,50, enquanto as taxas dos DIs avançavam acompanhando a alta dos juros reais.

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O Ibovespa recuava 0,29%, a 141.371 pontos, refletindo o tom negativo no exterior e a queda do petróleo.

Além do cenário global, o mercado local também reagia à expectativa pela audiência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Senado, prevista para esta manhã. Investidores aguardam sinalizações sobre o Orçamento de 2026 e as medidas de compensação fiscal após o arquivamento da MP 1.303, que buscava elevar receitas via tributação de aplicações financeiras.

Confira as taxas do Tesouro Direto nesta terça-feira (14), às 9h31:

TítuloRendimento AnualVencimento
Tesouro Selic 2028SELIC + 0,049%01/03/2028
Tesouro Selic 2031SELIC + 0,1042%01/03/2031
Tesouro Prefixado 202813,43%01/01/2028
Tesouro Prefixado 203213,94%01/01/2032
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 203514,02%01/01/2035
Tesouro IPCA+ 2029IPCA + 8,09%15/05/2029
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035IPCA + 7,77%15/05/2035
Tesouro IPCA+ 2040IPCA + 7,42%15/08/2040
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045IPCA + 7,47%15/05/2045
Tesouro IPCA+ 2050IPCA + 7,12%15/08/2050

Fonte: Tesouro Direto

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)