Tesouro Direto: na volta dos negócios, juros de títulos prefixados perdem patamar recorde e oferecem até 12,61%

Entre os papéis atrelados à inflação, apenas o retorno oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2032 avança na tarde de hoje

Bruna Furlani Katherine Rivas

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Diante da forte volatilidade nos preços e taxas, as negociações de títulos públicos foram suspensas na tarde desta segunda-feira (9), por volta das 14h10, e retomadas pouco mais de uma hora depois.

Na volta dos negócios, a taxa do título prefixado de curto prazo recuava até sete pontos-base, enquanto os outros papéis prefixados apresentavam leve queda nas taxas. Nos papéis atrelados à inflação, o movimento era de estabilidade na maioria das taxas.

A sessão de hoje é reflexo do cenário de forte aversão a risco nos mercados com dados preocupantes da China. O crescimento das exportações do país desacelerou a um dígito, o que seria o nível mais fraco em dois anos, enquanto as importações pouco mudaram, em meio aos bloqueios nas maiores cidades chinesas.

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As commodities, por sua vez, operam em forte baixa com a perspectiva de desaceleração da economia chinesa, principal importadora das matérias-primas.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda nas taxas era registrada no Tesouro Prefixado 2025. O título público oferecia uma rentabilidade anual de 12,51%, às 15h26, abaixo dos 12,58% vistos na sexta-feira (6).

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, entregavam um retorno anual de 12,53% e 12,61% às 15h26, respectivamente, inferior aos 12,55% e 12,63% registrados na sessão anterior.

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No começo da manhã, os juros oferecidos pelos papéis prefixados alcançaram patamar recorde, mas os valores entregues pelos títulos perderam força ao longo do dia.

Nos títulos atrelados à inflação, o movimento era de estabilidade na maioria das taxas. Apenas o Tesouro IPCA+ 2032, com juros semestrais, apresentava alta nas taxas, às 15h26. O título público oferecia uma rentabilidade real de 5,67%, acima dos 5,65% vistos na sexta-feira.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (9): 

China, commodities e guerra

Na cena externa, os preços do petróleo caem nesta segunda-feira, juntamente com os mercados de ações, devido aos temores de que uma recessão global possa diminuir a demanda por petróleo.

Investidores estão de olho nas negociações da União Europeia sobre um embargo de petróleo russo que deve apertar a oferta global, além da possibilidade de diminuição da demanda na China, com os bloqueios em várias cidades.

Durante a manhã, o Banco Central da China (PBoC) divulgou relatório trimestral, em que disse que não inundará a economia chinesa com estímulos, mas oferecerá apoio localizado a setores afetados pela pandemia e buscará manter os preços sob controle.

O crescimento das exportações da China desacelerou novamente em abril, desta vez atingindo o nível mais baixo em quase dois anos. As exportações avançaram 3,9% no mês, na comparação interanual, informou a Administração Geral das Alfândegas do país. O resultado veio em linha com a expectativa dos economistas consultados pelo The Wall Street Journal. Em março, o crescimento foi de 14,7%.

As importações chinesas, por sua vez, ficaram estáveis (0,0%) em abril, em relação ao mesmo período de 2021. A previsão dos analistas era de recuo de 3,0% no mês. Em março, o critério registrou queda de 0,1%. O superávit comercial da China totalizou US$ 51,1 bilhões em abril, acima dos US$ 50,3 bilhões projetados pelo mercado e dos US$ 47,38 bilhões computados em março

Os investidores também estão atentos à guerra na Ucrânia. Hoje, Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse que não quer “guerra global”. Apesar disso, ele voltou a defender a invasão ao País vizinho e culpou mais uma vez a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pela situação atual.

IPCA

Com a suspensão da divulgação do Relatório Focus por causa da retomada da greve dos servidores do Banco Central na última terça-feira (3), as atenções se voltam para a ata do Copom, que está com a publicação garantida para amanhã (10), segundo a autoridade monetária.

O mercado busca mais pistas sobre os próximos passos que devem ser adotados pelo BC, especialmente depois de a autarquia ter destacado que deve elevar novamente a Selic – só que desta vez, em menor magnitude, na próxima reunião em junho.

Dados da inflação oficial também estão no foco do mercado. Nas projeções do Bradesco, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve subir 0,98% em abril. De acordo com o banco, a despeito do impacto baixista da bandeira verde sobre os preços de energia elétrica, os preços de alimentos e os componentes de núcleo devem continuar pressionando para cima o indicador.

Já o Itaú prevê uma alta de 1,04% para o mês cheio, o que levaria a inflação em 12 meses para 12,11% – para os analistas do banco, abril será o pico da inflação em 2022.

Atenção também para os impactos da elevação nos preços dos combustíveis nos próximos meses. A Petrobras anunciou agora pela manhã que vai aumentar o valor do diesel para as distribuidoras de R$ 4,51 para R$ 4,91, o litro; reajuste vale a partir de amanhã (10).

Os preços da gasolina e do gás de cozinha não serão alterados, segundo a petroleira.

Lula, salário mínimo e eleições

Em um evento realizado em um centro de convenções na zona norte de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou na manhã de sábado (7) sua pré-candidatura à Presidência.

Em seu discurso, Lula evocou o legado deixado pelos seus governos e afirmou que sua causa é “restaurar a soberania do Brasil”.

Geraldo Alckmin (PSB), companheiro de chapa de Lula como pré-candidato à vice-presidência, fez um discurso transmitido online em um telão, já que o ex-governador de São Paulo foi diagnosticado com Covid-19 na sexta-feira (6).

Destaque também para a notícia do jornal O Globo, que trouxe hoje que o presidente Jair Bolsonaro (PL) será o primeiro presidente desde o Plano Real a terminar o mandato com salário mínimo valendo menos. Os cálculos são da consultoria Tullett Prebon Brasil, segundo a qual a perda do poder de compra ao fim do governo será de 1,7%.

Dois fatores explicam a perda. Um deles é o ajuste fiscal, pelo peso do salário mínimo na indexação do Orçamento da União, ou seja, reajustes no piso têm impacto em uma gama de outras despesas, como benefícios sociais e gastos com previdência. O segundo é a aceleração da inflação, conforme mostra o jornal.