Tesouro Direto tem novo “circuit breaker” com “candidatura irreversível” de Flávio

Mercado passou a precificar maiores risco fiscal e dificuldade para o BC cortar juros; após interrupção, Tesouro IPCA+ voltou ao patamar de 8% de juro real

Paulo Barros

Foto: Reprodução
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O Tesouro Direto sofreu nova interrupção nas negociações na manhã desta terça-feira (9) em meio a uma sessão de volatilidade nas taxas, que atingiam máximas desde outubro em meio a especulações sobre a corrida eleitoral de 2026.

A suspensão, feita para proteger investidores de oscilações de preço dos títulos, ocorreu após novas declarações de Flávio Bolsonaro na saída de uma visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro na superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Segundo Flávio, sua pré-candidatura é “irreversível” e ele não pretende voltar atrás na decisão.

Após a parada, os títulos retornaram à prateleira com disparada em bloco nas taxas, levando o Tesouro IPCA+ de volta ao patamar de 8% de juro real ao ano no papel mais curto. No mais longo, com vencimento em 2050, a taxa tocava de novo os 7%, no maior nível desde o fim de outubro. Entre os prefixados, destaque para a alta para 13,85% no título que vence em 2032.

Os ativos brasileiros seguiram o movimento de aversão ao risco diante da notícia de que Bolsonaro pai teria ficado animado com pesquisas preliminares sobre a pré-candidatura de Flávio, e teria dado aval para seguir com o plano do senador de concorrer à presidência.

A fala se deu após o senador se reunir com representantes do centrão na noite anterior. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou na segunda-feira (8) que a candidatura do filho mais velho de Bolsonaro seria “para valer”, um dia depois de o próprio Flávio admitir que ele teria “um preço” para desistir da disputa.

O mercado precifica maior risco fiscal, e a possibilidade de que o Banco Central mantenha o tom duro de comunicados anteriores na provável decisão de manter a Selic em 15% ao ano na próxima quarta-feira (10). O motivo seria o adiantamento do cenário de volatilidade que já era esperado para o ano que vem.

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“[O anúncio da pré-candidatura de Flávio] foi uma surpresa para um mercado que esperava que a volatilidade aumentasse após fevereiro de 2026, [o que] reforça a necessidade de cautela, um ponto que já havia sido enfatizado pelo presidente Galípolo em declarações recentes”, observam analistas do Morgan Stanley, para os quais o novo cenário “implica um potencial menor para cortes” na Selic.

Veja as taxas do Tesouro Direto às 10h43 desta terça-feira (9):

TítuloRendimento AnualVencimento
Tesouro Selic 2028SELIC + 0,0536%01/03/2028
Tesouro Selic 2031SELIC + 0,1037%01/03/2031
Tesouro Prefixado 202813,31%01/01/2028
Tesouro Prefixado 203213,85%01/01/2032
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 203513,87%01/01/2035
Tesouro IPCA+ 2029IPCA + 8,00%15/05/2029
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035IPCA + 7,46%15/05/2035
Tesouro IPCA+ 2040IPCA + 7,01%15/08/2040
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045IPCA + 7,18%15/05/2045
Tesouro IPCA+ 2050IPCA + 6,99%15/08/2050
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060IPCA + 7,13%15/08/2060

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)