Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos de prazos mais longos sobem na tarde desta 2ª feira, com mercado de olho em cenário fiscal

Risco fiscal continua pautando os negócios, em dia marcado ainda por novas revisões do mercado para Selic e inflação e por queda de preços de commodities

Bruna Furlani

(Gustavo Mellossa/Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – Com a entrega da Medida Provisória (MP) que cria o Auxílio Brasil – programa de transferência de renda que substituirá o Bolsa Família – e outras discussões fiscais no radar, os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto operavam sem direção única na tarde desta segunda-feira (9).

Entre os papéis que apresentavam alta moderada estavam aqueles com vencimento mais alongado, como o Tesouro prefixado com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais, além do Tesouro IPCA + 2055 também com pagamento de juros semestrais.

Nas últimas duas sessões, as taxas tiveram aumentos expressivos e alguns títulos voltaram a ser negociados com prêmios vistos no início da pandemia. Investidores têm exigido juros mais altos para emprestar recursos ao governo diante de preocupações com o cumprimento do teto de gastos.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Além da MP que cria o Auxílio Brasil, o mercado aguarda a entrega da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios ao Congresso Nacional, que deve ser feita ainda hoje ao Congresso. Caso aprovadas, as medidas almejadas por Bolsonaro para 2022 compiladas pela Folha de S.Paulo teriam um custo total de R$ 67 bilhões.

O relator do projeto de reforma do Imposto de Renda, Celso Sabino, ainda acredita na votação da proposta nesta terça-feira (10).

No Tesouro Direto, o juro do papel com vencimento em 2024 caía de 9,18%, no começo da manhã, para 9,13% na atualização da tarde. Na sessão anterior, o mesmo título pagava um retorno de 9,15%. Enquanto isso, o prêmio do título prefixado com vencimento em 2026 caía de 9,47% para 9,43% durante a tarde, abaixo dos 9,45% vistos na sexta-feira (6).

Continua depois da publicidade

Já o prêmio do papel prefixado com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais subia de 9,95% para 9,97%. Na sexta-feira, o mesmo título também pagava um retorno de 9,95%.

No grupo de papéis com retornos atrelados à inflação, o juro real pago pelo título Tesouro IPCA+ com vencimento em 2026 caía de 4,21% para 4,18%, abaixo dos 4,23% vistos na sexta-feira. Os prêmios dos títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 caíam de 4,43% para 4,40%, após o almoço. Na sessão anterior, o papel oferecia retorno real de 4,41%.

O prêmio real do título Tesouro IPCA + com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais, por sua vez, caía de 4,60% para 4,57%, mas estava acima dos 4,55% vistos na última sexta-feira.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta segunda-feira (9):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Radar local

Entre os destaques do dia, o mercado financeiro revisou para cima as projeções para a Selic neste e no próximo ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter elevado a taxa básica de juros de 4,25% a 5,25% ao ano na reunião da semana passada e sinalizar que pode levar o juro acima do nível neutro até o fim do ciclo.

De acordo com os economistas consultados pela autoridade monetária no relatório Focus, os juros devem encerrar este ano em 7,25% ao ano, se mantendo neste patamar até dezembro de 2022. No levantamento anterior, as estimativas eram de Selic em 7,00% ao fim de 2021 e de 2022.

O movimento de alta dos juros acontece em meio à pressões inflacionárias. Segundo o Focus desta semana, as projeções agora apontam para alta de 6,88% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, ante 6,79% na semana passada – a 18ª semana seguida de alta nas projeções.

Para o próximo ano, os economistas também elevaram as expectativas para a inflação, pela terceira semana, de 3,81% para e 3,84%.

Na agenda política, as preocupações dos investidores estão na manutenção do teto de gastos. Hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou, ao Congresso Nacional, a MP que cria o Auxílio Brasil.

O texto traz apenas o formato do novo programa, sem estabelecer valores de repasses e número de beneficiários, tampouco indicar fontes orçamentárias para bancar o aumento das despesas com o instrumento. Segundo o presidente, o repasse médio mensal, hoje na casa de R$ 189, deverá sofrer um aumento mínimo de 50%.

Diante das preocupações com a quebra do teto de gastos, João Roma, ministro da Cidadania, descartou a possibilidade de o reajuste do benefício do Bolsa Família ultrapassar os limites do teto de gastos, caso o Congresso não aprove a PEC de parcelamento dos precatórios, que serviria como meio de financiar a reformulação do programa.

No entanto, admitiu que o aumento dos valores de transferência de renda podem ser inviáveis, caso o Congresso não aprove a emenda.

Cenário internacional

Os olhares dos investidores internacionais, por sua vez, estiveram voltados para a aprovação do pacote de infraestrutura bipartidário de quase US$ 1 trilhão nos Estados Unidos, que deve ocorrer nos próximos dias, segundo a agência Reuters. De acordo com a publicação, o Senado superou, no último domingo (8), mais uma votação para dar suporte às provisões contidas no plano de quase 3 mil páginas.

Também nos Estados Unidos, senadores do Partido Democrata divulgaram, nesta segunda-feira, uma proposta de orçamento para o ano fiscal de 2022 nos Estados Unidos. O texto prevê um pacote de investimentos sociais de US$ 3,5 trilhões, com foco em educação e saúde. O documento ainda menciona uma série de incentivos fiscais para a geração de energia limpa.

As atenções do mercado também estiveram voltadas para as commodities, com forte queda do minério de ferro e do petróleo. Investidores estão preocupados com uma demanda menor por combustíveis, caso a variante delta impeça o processo de reabertura das economias e também em meio aos dados da China.

“As futuras novas ondas de coronavírus são um dos principais riscos para a nossa projeção do brent, que agora tem um preço médio de US$ 68 por barril em 2022 e de US$ 63 por barril em 2023. Continuamos confortáveis com nossas estimativas, apesar da propagação da variante Delta”, apontou o BBI, em relatório.

Transformar a Bolsa de Valores em fonte recorrente de ganhos é possível. Assista a aula gratuita do Professor Su e descubra como.