Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos têm mais um dia de queda nesta 6ª; prefixados pagam retorno de 10,6%

Com agenda econômica esvaziada, investidores acompanham desdobramentos da reforma do IR e temores sobre o avanço da variante delta ao redor do mundo

Bruna Furlani

(GettyImages)

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SÃO PAULO – Em dia de agenda econômica mais fraca no Brasil e de tom mais cauteloso diante do avanço da variante delta do coronavírus ao redor do mundo e os efeitos disso sobre o crescimento das economias globais, o mercado de títulos públicos do Tesouro Direto passa por mais um dia de queda na tarde desta sexta-feira (20).

No radar dos investidores também estão os discursos de Paulo Guedes, ministro da Economia, e de Bruno Funchal, secretário do Tesouro Nacional, sendo que o último ocorre às 16h.

No Tesouro Direto, entre os papéis prefixados, o juro pago pelo papel com vencimento em 2031, por exemplo, recuava de 10,80%, no começo da manhã, para 10,62%, durante a tarde. Um dia antes, o mesmo título oferecia retorno de 10,86%. Da mesma forma, o retorno do título com vencimento em 2026 era de 9,93%, abaixo dos 10,09% vistos na abertura dos negócios. Anteriormente, o mesmo papel pagava um retorno de 10,19%.

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Entre os os títulos atrelados à inflação, os prêmios também caíam. O juro oferecido pelo Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,82% na atualização da tarde, contra 4,91% na atualização da manhã. Um dia antes, o mesmo título pagava juro real de 4,92%.

Papéis indexados à inflação com vencimento em 2035 e 2045, por sua vez, recuavam de 4,88% para 4,80%, na tarde desta sexta-feira. Na sessão anterior, o retorno real oferecido era de 4,91%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto oferecidas na tarde desta sexta-feira (20):

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Radar local

O destaque na cena doméstica está nos desdobramentos do texto da reforma do Imposto de Renda. De acordo com o jornal Valor Econômico, Paulo Guedes, ia ser reunir na semana que vem com deputados da oposição na Câmara para chegar a um denominador comum que resultasse em maior apoio à iniciativa. Mas o ministro desmarcou a reunião que ele próprio tinha sugerido.

Segundo o jornal, houve um “incômodo” por parte do Parlamento. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, teria manifestado insatisfação com a relação direta entre o ministro e os partidos de oposição sem que as negociações passassem pelo relator escolhido por ele, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA).

E o texto da reforma do Imposto de Renda pode sofrer novas alterações, conforme aponta o jornal O Estado de S.Paulo. Isso porque uma emenda do PSDB que busca ampliar de forma gradual a taxação dos dividendos de empresas distribuídos à pessoa física tem ganhado apoio nos bastidores do Congresso Nacional para ser incorporada à proposta de reforma do Imposto de Renda (IR).

Ainda na cena política, Paulo Guedes também defendeu, nesta sexta-feira, a reforma tributária “por etapas” proposta pelo governo. “Toda longa caminhada e toda visão ampla exige primeiros passos, que pode ser essa visão (de reforma) por etapas”, afirmou, em participação na segunda sessão de debates temáticos no Senado sobre a PEC 110/2019 – da reforma tributária que unifica os impostos sobre consumo de bens e serviços.

O dia também pode ser de decisão sobre o futuro do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões. Em live feita ontem (19), o presidente Jair Bolsonaro disse que iria decidir hoje sobre o fundo eleitoral. A expectativa é que ele vete o fundo e o negocie dentro do orçamento, com um valor esperado entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Líderes no Congresso pressionam para aumentar esse valor para R$ 4 bilhões, segundo informações apuradas pela Folha de S. Paulo.

Cena internacional

No cenário externo, algumas das principais bolsas mundiais voltaram a operar no campo positivo, após uma manhã mais negativa com temores sobre a alta transmissão da variante delta do coronavírus e a regulação de empresas de tecnologia e educação na China.

Na terça, os Estados Unidos registraram mais de mil mortes pela Covid-19 em um dia pela primeira vez desde março. Também na terça, o Comitê Central para Assuntos Financeiros e Econômicos da China disse que esforços devem ser feitos para encontrar um equilíbrio entre garantir um crescimento econômico estável e evitar riscos financeiros, de acordo com o veículo estatal Xinhua.

Investidores também digerem a fala de Robert Kaplan, presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em Dallas. Nesta sexta-feira, o dirigente afirmou que a variante delta do coronavírus ainda não teve impacto material na economia dos Estados Unidos, mas ponderou que as incertezas envolvendo a pandemia podem forçá-lo a mudar sua avaliação sobre os próximos passos da autoridade monetária.

Nos últimos meses, Kaplan tem sido uma das vozes mais “hawkish”, ou seja, a favor do aperto monetário, no Fed, defendendo o início do processo de retirada de estímulos, conhecido como “tapering”, já em outubro.

No mercado de commodities, o forte colapso das cotações do minério de ferro pressagia mais volatilidade em meio ao cenário de uma política complexa na China e recuperação desigual da demanda global. Antes uma das commodities mais procuradas no boom de matérias-primas este ano, o minério de ferro rapidamente se tornou uma das mais voláteis. As perdas de cinco semanas nos contratos futuros e a queda de 14% no mercado à vista na quinta-feira levaram a uma baixa de 40% desde o recorde de maio, sob o impacto das medidas da China para controlar a produção de aço e reduzir a poluição.

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