Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem nesta 6ª; retorno de papéis de inflação voltam a níveis de 2018

Investidores monitoram sinalizações de acomodação da atividade econômica brasileira, além de dados do varejo vindos dos EUA

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – O mercado de títulos públicos negociados via Tesouro Direto opera com alta nas taxas, na atualização da tarde desta sexta-feira (15). Do lado local, investidores repercutem os dados do índice de atividade econômica medido pelo Banco Central, que vieram abaixo do esperado em agosto e que sinalizam certa acomodação da atividade.

Destaque também para as discussões em torno de uma possível extensão do auxílio emergencial e das falas do presidente e do diretor de política monetária do Banco Central.

Do lado internacional, o mercado está atento aos dados de varejo vindos dos Estados Unidos, que surpreenderam para cima e às sinalizações dadas pelo banco central chinês sobre a Evergrande.

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No Tesouro Direto, o destaque está no avanço dos prêmios pagos pelos títulos prefixados. A remuneração do título com vencimento em 2024 avançava de 10,06%, no começo da manhã, para 10,15%, na atualização perto das 15h30 – percentual acima dos 10,03% vistos na sessão anterior.

No mesmo horário, a taxa paga pelo papel com vencimento em 2031 era de 11,01%, contra 10,93%, na abertura das negociações. Um dia antes, o mesmo título oferecia retorno de 10,91%.

Entre os papéis atrelados à inflação, os títulos Tesouro IPCA + com vencimento em 2035 e 2045, por exemplo, ofereciam retorno real de 5,05% ao ano, na tarde desta sexta-feira (15), contra 4,99%, na sessão anterior. A última vez que esses títulos tinham apresentado tal rentabilidade tinha sido em novembro de 2018.

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Da mesma forma, o juro real pago pelo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e juros semestrais era de 5,11% ao ano, na atualização da tarde –  mesmo valor visto no começo da manhã. Anteriormente, o papel oferecia retorno real de 5,08% ao ano.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (15): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IBC-Br e Selic

Foram apresentados nesta sexta-feira (15), os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Segundo a autoridade monetária, o indicador teve queda de 0,15% em agosto na comparação com julho.

O dado veio pior do que o esperado. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de queda de 0,05% na comparação mensal. Na comparação com igual mês de 2020, houve uma alta, de 4,74%.

Em relatório, analistas do Bank of America ressaltaram que a atividade econômica de agosto já mostra acomodação, em linha com outros dados de atividade que apontaram quedas na margem.

Os economistas da casa reforçaram que o volume de serviços foi o único impulsionador de alta da atividade, já que o setor é o mais recente a se recuperar da pandemia. A produção industrial caiu pelo terceiro mês consecutivo em agosto (muito comprometida por interrupções na cadeia de abastecimento), enquanto as vendas no varejo tiveram o desempenho mais decepcionante.

“Os dados de atividade começaram a desacelerar mais cedo do que o esperado no início do ano, apontando que a recuperação pode não ser tão robusta como tinha se percebido anteriormente”, destacaram os executivos do Bank of America.

Ainda na agenda econômica, Bruno Serra, diretor de política monetária do Banco Central, disse nesta sexta-feira (15) que a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ritmo de alta de 1 ponto percentual na Selic é adequado no momento, não significa que isso seja um compromisso.

“O BC não tem compromisso com qualquer ritmo de alta de juros, nem menor nem maior. Embora as projeções do mercado sejam uma informação relevante, o BC tem seus próprios modelos e a política monetária segue suas próprias projeções”, afirmou Serra, em videoconferência organizada pela Upon Global.

Bandeira tarifária e auxílio

Na frente política, um dos destaques está na fala feita ontem (14) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Durante conferência religiosa, o presidente afirmou que irá determinar que Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, suspenda a aplicação da bandeira tarifária vermelha nas contas de luz e retome a cobrança “normal” a partir de novembro.

“Dói a gente autorizar o ministro Bento, das Minas e Energia, a decretar a bandeira vermelha”, disse o presidente. “Vou pedir para ele, pedir, não, determinar que ele volte à bandeira normal a partir do mês que vem”, emendou o presidente.

Ainda assim, segundo analistas, uma decisão desse tipo teria que ser tomada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e teria caráter mais técnico e não político.

O mercado ainda acompanha discussões em torno da notícia de que o auxílio emergencial poderia ser prorrogado. No entanto, ao jornal Valor Econômico, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, disse que a discussão sobre prorrogar o benefício ainda é embrionária na Casa.

O parlamentar também ponderou que o foco agora é a criação de um novo programa social para substituir o Bolsa Família.

Cena internacional

No cenário externo, as atenções estão voltadas às vendas no varejo americano. Segundo dados com ajustes sazonais divulgados hoje pelo Departamento do Comércio, as vendas cresceram 0,7% em setembro ante agosto, para US$ 625,4 bilhões.

O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda de 0,2% nas vendas do último mês.

Já na Ásia, o destaque está no fato de que o banco central chinês rompeu o silêncio sobre a crise da empresa chinesa Evergrande e disse que os riscos para o sistema financeiro decorrentes dos problemas da incorporadora são “controláveis” e improváveis de se espalharem.

De acordo com informações da agência Bloomberg, autoridades e governos locais estão resolvendo a situação com base em “princípios orientados ao mercado e no Estado de direito”, disse Zou Lan, representante do Banco Popular da China, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

A autoridade monetária chinesa também pediu que instituições financeiras mantenham a oferta de crédito ao setor imobiliário de forma “estável e ordenada”.