Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos recuam e prefixados pagam no máximo 10,58% ao ano, com IPCA abaixo do esperado

Juros do Tesouro Prefixado 2024, por exemplo, caíam 35 pontos-base (0,35 ponto percentual), passando de 10,93% ao ano, na sessão anterior, para 10,58%

Bruna Furlani

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A sessão desta sexta-feira (10) é marcada pela divulgação dos dados da inflação oficial em novembro, que vieram abaixo do esperado. Ainda assim, a taxa foi a maior para o mês desde 2015.

Na avaliação de analistas, o indicador é uma surpresa positiva porque traz alívio às preocupações com a alta dos preços na economia local.

Nesse contexto, o mercado de títulos públicos opera com queda nas taxas na tarde desta sexta-feira (10). Após avanço significativo na sessão de ontem (9), os prefixados de prazo curto reverteram o movimento de alta e registraram recuo mais forte na segunda atualização da tarde.

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Os juros do Tesouro Prefixado 2024, por exemplo, caíam 35 pontos-base (0,35 ponto percentual), passando de 10,93% ao ano, na sessão anterior, para 10,58%, às 15h20. Pela manhã, o juro oferecido era de 10,74% ao ano.

Na segunda atualização da tarde, o título com vencimento em 2026 recuava de 10,67% para 10,34% ao ano, abaixo também dos 10,55% ao ano vistos no começo do dia. O Tesouro Prefixado 2031 com juros semestrais, por sua vez, oferecia retorno de 10,41% ao ano, frente aos 10,66% ao ano registrados um dia antes e dos 10,65% da abertura dos negócios.

Com isso, a diferença de retorno entre o papel mais curto (2024) e o mais longo (2031) era de 17 pontos-base, após ter atingido 27 pontos-base, na sessão anterior. No ápice das discussões em torno do drible ao teto de gastos pelo governo federal, essa distância chegou a ser de 51 pontos-base, refletindo o maior pessimismo com o curto prazo.

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Entre os papéis atrelados à inflação, às 15h20, os juros reais do Tesouro IPCA+ 2026 passavam de 4,99% ao ano para 4,85% ao ano. Os papéis com vencimento em 2035 e 2045, por sua vez, também eram negociados em queda, com os retornos em 5,02% ao ano, abaixo dos 5,09% do dia anterior.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (10): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA

O destaque da agenda econômica está nos dados de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice avançou 0,95% em novembro de 2021 na comparação com outubro, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (10), ante alta de 1,25% no mês anterior. Ainda que tenha registrado desaceleração, a inflação foi a maior para o mês desde 2015 (1,01%).

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No ano, o indicador acumula alta de 9,26% e, nos últimos 12 meses, de 10,74%, acima dos 10,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O acumulado em 12 meses, inclusive, foi o maior desde novembro de 2003 (11,02%). Em novembro de 2020, a variação mensal foi de 0,89%.

O dado, contudo, veio abaixo do esperado. A estimativa de analistas consultados pela Refinitiv era de que o IPCA tivesse subido 1,08% em novembro sobre outubro e 10,88% contra um ano antes.

A alta foi puxada pelos transportes (3,35%), influenciados pelos preços dos combustíveis, principalmente, da gasolina (7,38%), que teve, mais uma vez, o maior impacto individual no índice do mês (0,46 p.p.).

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Em relatório, Tatiana Nogueira, economista da XP, credita o resultado aos descontos acima do esperado na Black Friday. “O desvio de 0,13 pp de nossa projeção concentrou-se principalmente em três subgrupos: alimentação no domicílio, alimentação fora do domicílio e cuidados pessoais, esse último, devido ao efeito dos descontos da Black Friday – e pode subir novamente em dezembro e janeiro”, escreve.

Ainda assim, Tatiana avalia que o resultado mostra a inflação pressionada tanto pelos contínuos repasses de elevados custos de produção quanto pelo efeito da aceleração dos preços dos serviços.

A projeção de IPCA da XP para 2021, atualmente em 10,2% está sob revisão com viés de baixa, após a surpresa de novembro na variação anual.

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Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio do escritório BRA, a desaceleração em ritmo maior do que o esperado da inflação traz alívio às preocupações com a alta dos preços na economia local.

Combustíveis, Orçamento e Auxílio Brasil

Na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou ontem (9) que o preço dos combustíveis vai cair “mais de uma vez nas próximas semanas”, em razão da perda de valor do barril de petróleo tipo Brent no exterior desde o pico, em outubro. O barril do Brent é referência para a formação de preços da Petrobras.

Ainda assim, Bolsonaro voltou a negar que tenha informação privilegiada da estatal petrolífera. “A CVM entrou em polvorosa quando falei que brevemente vai cair o preço dos combustíveis”, disse o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

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A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo contra a estatal após o chefe do Executivo dizer, no último domingo, que a empresa diminuiria o valor dos combustíveis.

Também na seara política, o Ministério da Economia encaminhou um ofício ao Congresso Nacional pedindo a inclusão de novas despesas no Orçamento de 2022. A votação está marcada para o próximo dia 17.

Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, o governo do presidente Jair Bolsonaro terá um espaço fiscal de R$ 106,1 bilhões para aumentar gastos em 2022, ano eleitoral.

O ofício da pasta aponta necessidade de aumento de despesa para benefícios previdenciários, seguro-desemprego, abono salarial, benefícios de prestação continuada e outras despesas obrigatórias.

“Com isso, no documento, o Ministério da Economia avalia ser ‘prudencial’ que a lei orçamentária seja compatibilizada com essas obrigações antes da aprovação”, diz nota da pasta. No total, essa parte exige um ajuste de R$ 39 bilhões no Orçamento.

Além disso, o ministério sugere acréscimo de R$ 54,6 bilhões para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400, R$ 4,5 bilhões para aquisição e distribuição de vacinas e R$ 1,9 bilhão para o auxílio gás. A equipe econômica calcula que, após a aprovação da PEC, ainda faltam R$ 2,6 bilhões de espaço para acomodar os gastos.

Destaque também para a aprovação pelo Senado ontem (9) de projeto que permite aumento de gastos em Estados endividados. A proposta retira uma série de despesas do teto daqueles Estados que renegociaram dívidas com a União e se comprometeram a limitar o crescimento de despesas à inflação do ano anterior.

A proposta exclui da limitação as despesas custeadas com todo tipo de emenda parlamentar, incluindo as verbas do orçamento secreto e as chamadas as transferências especiais, batizadas de “cheque em branco” e “PIX orçamentário”. Também ficarão fora do limite as despesas bancadas com as transferências fundo a fundo, repasses relativos ao salário-educação e ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Radar externo

Na cena internacional, o destaque está nos dados de inflação ao consumidor americano de novembro. O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou nesta sexta-feira (10) que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 0,8% no mês passado. O indicador veio acima da estimativa dos economistas consultados pela Reuters, que projetavam crescimento de 0,7%.

Na base anual, os preços subiram 6,8%, em linha com as estimativas. Já o núcleo dos preços avançou 0,5% na base mensal, também em linha com o esperado. Na comparação anual, a alta do núcleo foi de 4,9%.

O dado é esperado porque pode sinalizar qual postura deve ser adotada pelo Federal Reserve, que é o banco central americano, em relação a retirada de estímulos (tapering).

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