Tesouro Direto: títulos públicos de curto prazo sobem com impacto do IPCA-15, taxas longas recuam

Federal Reserve sinalizou que juros podem subir em breve

Mariana Segala Katherine Rivas

(Fokusiert/Getty Images)

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Os títulos públicos operam sem direção única nesta quarta-feira (26), com as taxas curtas subindo enquanto as de médio e longo prazo cedem em um movimento de inversão.

Segundo Alejandro Ortiz, analista da Guide, o mercado reage ao IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), que veio acima do esperado. O indicador registrou alta de 0,58% em janeiro frente a dezembro.

Ele explica que além de estar acima do esperado, a composição do IPCA-15 também é ruim, com uma pressão muito forte da inflação de bens industriais. Impactaram o indicador também a inflação de serviços e alimentos.

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“Um IPCA-15 acima do esperado e com composição ruim pressiona a parte curta da curva de juros porque reflete uma postura agressiva do Banco Central para controlar a inflação. Essa expectativa de continuidade do aperto monetário acaba fazendo as taxas longas caírem”, explica o analista.

Nos juros mais longos, o aperto monetário acaba provocando uma pressão baixista segundo Ortiz.

O mercado também acompanhou a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). O banco central dos Estados Unidos sinalizou em comunicado, após reunião do seu comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês), que pode ser apropriado um aumento da taxa de juros em breve.

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Nos títulos públicos, no entanto, o impacto da decisão do Fed tem sido precificado nas sessões anteriores, aponta Ortiz.

Dentro do Tesouro Direto, os títulos prefixados de curto prazo subiam, enquanto os de médio e longo prazo recuavam na última atualização das 15h25.

O Tesouro Prefixado com vencimento em 2024 apresentava uma rentabilidade anual de 11,26%, superior aos 11,25% da terça-feira.

Já o Tesouro Prefixado 2026 recuava para 11,03%, frente aos 11,13% entregues na sessão anterior. Enquanto o Tesouro Prefixado 2031, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 11,24%, inferior aos 11,40% de ontem.

Nos títulos atrelados à inflação o movimento foi semelhante, com leve alta na rentabilidade real dos títulos de curto prazo e queda nos de médio e longo prazo. O Tesouro IPCA+ 2026 apresentava uma rentabilidade real de 5,21% nesta quarta-feira (26), levemente superior aos 5,20% entregues na sessão anterior.

Enquanto todos os títulos atrelados à inflação, com pagamento de juros semestrais, recuavam.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (26):

Decisão do Federal Reserve

O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, sinalizou em comunicado após reunião do seu comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) desta quarta-feira (26), que pode ser apropriado um aumento da taxa de juros em breve.

Nesta reunião, o Banco Central americano manteve a meta da taxa de juros de referência estável entre 0% e 0,25% mas, em um movimento que não surpreendeu, indicou que um aumento de 0,25 ponto percentual em sua taxa básica de juros de curto prazo provavelmente ocorrerá já em reuniões próximas, o primeiro aumento desde dezembro de 2018.

“Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o Comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a meta para a taxa de fundos federais”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto em seu comunicado de política monetária.

Inflação acima do esperado no Brasil

No Brasil, a atenção se volta para a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial. O indicador teve alta de 0,58% em janeiro frente a dezembro, em desaceleração após a alta de 0,78% no mês anterior. Na comparação anual, a alta foi de 10,20%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado ficou acima do esperado pelos economistas – a projeção dos especialistas consultados pela Refinitiv era de alta de 0,43% frente dezembro, e de 10,04% na comparação anual.

O resultado foi influenciado pelo recuo no segmento de transportes (-0,41%), principalmente, com a queda nos preços da gasolina (-1,78%) e das passagens aéreas (-18,21%). Os dois subitens contribuíram com -0,12 p.p. cada no IPCA-15 de janeiro. Além disso, etanol (-3,89%) e o gás veicular (-0,26%) também tiveram variações negativas no período.

Com exceção dos transportes, os outros oito grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em janeiro. Maior variação no IPCA-15 de janeiro, o segmento de vestuário registrou avanço de 1,48%, com alta em todos os itens, entre eles, roupas masculinas (2,35%), roupas femininas (1,19%) e calçados e acessórios (1,20%).

O IBGE mostrou também que todas as áreas pesquisadas tiveram alta em janeiro. A maior variação foi da região metropolitana de Salvador (1,08%), cujo resultado foi puxado pelos itens de higiene pessoal (4,57%) e pelas frutas (9,90%). Já o menor resultado ocorreu em Brasília (0,19%), influenciado pelas quedas nos preços da gasolina (-4,89%) e das passagens aéreas (-14,37%).

Dívida Federal

A Dívida Federal ficou em R$ 5,613 trilhões em dezembro, apontou o Tesouro Nacional. Alta foi de 2,1% na base mensal.

Em dezembro, as emissões ficaram em R$ 76,21 bilhões, enquanto os resgates ficaram em R$ 8,3 bilhões, resultando uma emissão líquida de R$ 67,9 bilhões.

Governo Federal ainda divulgou que para 2022 prevê a necessidade de um financiamento de R$ 1,2 trilhão, com a dívida finalizando o ano entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney