Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos revertem queda e passam a subir na tarde desta terça-feira

SÃO PAULO – Os prêmios dos títulos públicos negociados por meio do Tesouro Direto, programa voltado para a compra e a venda dos papéis emitidos pelo governo por pessoas físicas, reverteram a queda vista no início da manhã e passaram a subir nas negociações da tarde desta terça-feira (20).

O movimento demonstra certa recuperação, após um pregão marcado pela forte aversão ao risco na sessão anterior em meio às preocupações sobre as novas variantes da Covid-19.

Em dia de agenda econômica esvaziada, o mercado monitora declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que deve vetar o aumento no fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões aprovado na última quinta-feira pelo Congresso na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022.

No Tesouro Direto, entre os papéis com retornos atrelados à inflação, o juro real dos títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 subiam de 4,08% no começo da manhã para 4,09% durante a tarde, abaixo dos 4,10% vistos na sessão anterior.

Entre os títulos que acompanham a inflação com pagamento de juros semestrais, no início das negociações, o Tesouro IPCA+ 2055 avançava de 4,27% no início das negociações para 4,30% na atualização da tarde. Um dia antes, o mesmo título pagava juro real de 4,32% ao ano.

No grupo dos papéis com rentabilidades prefixadas, o título com vencimento em 2026 oferecia pagamento de prêmio de 8,56% na atualização após o almoço, contra 8,54% no começo das negociações desta terça-feira. Anteriormente, o papel oferecia juro real de 8,59%.

Da mesma forma, o papel com vencimento em 2031 e que oferece pagamento de juros semestrais subia de 9,12% na abertura da sessão para 9,15% na atualização da tarde, taxa que está abaixo dos 9,18% vistos ontem.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta terça-feira (20):

Agenda doméstica

No Brasil, o foco do mercado está nas declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o aumento no fundo eleitoral no valor de R$ 5,7 bilhões aprovado na última quinta-feira. “Posso adiantar para você que não será sancionada”, disse o mandatário em entrevista exclusiva para a Rádio Nacional da Amazônia, que teve trechos exibidos no programa A Voz do Brasil desta segunda-feira (19).

Bolsonaro destacou que o dinheiro poderia ser mais bem empregado na construção de pontes e construção de malha rodoviária, por exemplo.

Ainda na agenda doméstica, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse, ontem, que a demanda por energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) teve alta de 8,1% em junho em relação ao mesmo período do ano passado. A expansão, segundo o órgão está ligada à recuperação do setor industrial.

Segundo o boletim divulgado pelo órgão, o primeiro semestre de 2021 registrou percentuais positivos em todos os meses na comparação com os mesmos meses do ano anterior.

No cenário político, o mercado também monitora as preocupações com os impactos fiscais da perda de arrecadação estimada pelo relator Celso Sabino (PSDB-PA) e novas concessões que possam ser feitas durante a tramitação do projeto no Congresso. A perda de receitas também gera dúvidas sobre o novo programa de transferência de renda a partir da repaginação do Bolsa Família.

Agenda internacional

No cenário global, novos casos de Covid voltaram a se acelerar nos Estados Unidos, especialmente entre a população não vacinada. Segundo dados do governo, o país registrou em média 26 mil novos casos por dia nos últimos sete dias, mais do que o dobro dos registrados há um mês.

Na véspera, ações de empresas diretamente ligadas à reabertura da economia, como companhias aéreas e operadoras de cruzeiros foram as principais prejudicadas. As operadoras Carnival e Norwegian Cruise Line recuaram mais de 5%; as da Royal Caribbean perderam 4%; e as da United Airlines perderam 5,5%.

Os setores cíclicos da economia, de energia e de finanças, tiveram as maiores perdas, de 3,6% e 2,8% respectivamente. O rendimento dos títulos do Tesouro recuou 0,12 ponto percentual, a 1,17%, o nível mais baixo desde fevereiro, sinalizando o temor de desaceleração econômica.

Na Ásia, o Banco Popular da China divulgou nesta terça-feira que manteve a taxa referencial para empréstimos corporativos e para famílias com vencimento em um ano em 3,85%. Da mesma forma, a taxa com vencimento em cinco anos foi mantida em 4,65%. O anúncio veio em linha com as expectativas de analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters.

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