Tesouro Direto: prêmios de títulos públicos têm queda nesta sexta-feira

Cena política brasileira esteve no radar dos investidores; no exterior, mercados repercutiram falas do Federal Reserve e saída de primeiro-ministro japonês

Mariana Zonta d'Ávila

Notas de real (Crédito: Shutterstock)

SÃO PAULO – As taxas oferecidas pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto apresentam queda na tarde desta sexta-feira (28).

No Brasil, as atenções continuaram voltadas sobre o cenário político, com a expectativa de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, leve ao presidente Jair Bolsonaro apenas a prorrogação do auxílio emergencial e deixe para depois o polêmico Renda Brasil.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o impasse na elaboração do programa pode levar o governo a prorrogar o auxílio emergencial não apenas até dezembro, mas também nos primeiros meses de 2021.

No entanto, o Ministério da Economia avalia que o governo não tem recursos para fazer esses pagamentos. Isso porque as regras fiscais seriam desrespeitadas, ou seria necessário fazer cortes em programas sociais existentes, algo que o presidente vetou.

Ainda no âmbito político, o governo aumentou para R$ 6,5 bilhões o valor que será previsto no Orçamento para a realização de obras de infraestrutura, traz o jornal O Globo. Embora o valor tenha ficado acima do que o ministro da Economia queria, o montante ficou dentro do teto de gastos.

Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o Banco Central a repassar R$ 325 bilhões das reservas de resultado cambial ao Tesouro Nacional para o pagamento da dívida pública.

De acordo com o Estado de S.Paulo, o valor ficou abaixo do que foi pedido pelo Ministério da Economia porque o BC se mostrou resistente à operação. Em nota divulgada nesta quinta, o conselho informou ainda que o valor a ser repassado pelo BC ao Tesouro poderá ser ampliado “caso haja necessidade”

O repasse é considerado necessário para garantir ao Tesouro maior conforto na gestão da dívida pública num momento de aumento de gastos e maior dificuldade para o País se financiar no mercado.

Com a crise, o colchão de liquidez do Tesouro, que é o caixa do governo para financiar a dívida pública, chegou ao mínimo recomendado. A secretaria, no entanto, não divulga o valor.

Entre os indicadores, a taxa de desocupação do Brasil foi de 13,3% no segundo trimestre deste ano, um aumento de 1,1 ponto percentual em relação aos primeiros três meses de 2020. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta manhã.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desalentados foi de 5,6 milhões de pessoas, com alta de 19,1% em relação ao trimestre anterior.

Mercado hoje

No Tesouro Direto, o título indexado à inflação com vencimento em 2026 pagava uma taxa de 2,45%, ante 2,52% a.a. na tarde de quinta-feira (27). Os juros oferecidos pelos papéis com prazos em 2035 e 2045, por sua vez, cediam de 3,74% para 3,69% ao ano.

Entre os títulos com retorno prefixado, o papel com juros semestrais e vencimento em 2031 pagava uma taxa anual de 7,10%, frente 7,25% anteriormente, enquanto o Tesouro Prefixado 2026 pagava 6,52% ao ano, ante 6,67% a.a. ontem.

No câmbio, o dólar operava em queda de 2,9% ante o real, negociado a R$ 5,41, por volta das 15h40.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta sexta-feira (28):

Fonte: Tesouro Direto

Cena externa

No mercado internacional, os investidores seguiram digerindo hoje as mudanças na política monetária dos Estados Unidos.

Ontem, o Federal Reserve anunciou uma grande alteração em sua política, dizendo estar disposto a permitir que a inflação aumente um pouco mais que o normal como forma de apoiar o mercado de trabalho e a economia em geral.

Nesta sexta-feira, contudo, a presidente da distrital de Cleveland da autoridade monetária dos Estados Unidos, Loretta Mester, ressaltou que os dirigentes não vão permitir inflação muito acima da meta de 2%, agora flexibilizada. “Nossa meta de inflação ainda é 2% O que muda é a estratégia para chegar lá”, afirmou em entrevista à emissora CNBC, nesta sexta-feira, 28.

Mester defendeu a atualização da estratégia do Fed. “A revisão foi feita porque a economia mudou. Em um ambiente de juros baixos, há uma pressão deflacionária. Precisamos fazer algo para trazer a inflação para cima”, afirmou. “Apoio fiscal precisa seguir e acomodação monetária será necessária por um tempo”, completou.

Ainda no radar dos investidores esteve a notícia de que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vai deixar o cargo por motivos de saúde.

“Minha saúde frágil não deveria guiar à decisões políticas equivocadas”, disse durante coletiva de imprensa em Tóquio. “Como eu não sou mais capaz de cumprir com as expectativas sobre o mandato do povo do Japão, eu decidi que não devo seguir na posição de primeiro-ministro. Então eu decidi me retirar”, afirmou.

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