Tesouro Direto: taxas operam mistas e devolvem ganhos da semana

Prefixados oferecem até 13,33% ao ano; ganho dos papéis de inflação chega a 6,17%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta sexta-feira (15). Nos prefixados, algumas taxas apresentam alta de até 4 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação as taxas recuam.

Segundo Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, o movimento das taxas, principalmente prefixadas, é de leve correção com destaque para os títulos de curto prazo.

Ele explica que, ao longo da semana, o mercado mostrou uma tendência de aumento nos prêmios de risco, que foi perceptível na curva prefixada e de inflação, com aumento nas taxas.

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“Isso foi por conta de uma percepção de piora do ambiente fiscal brasileiro, também impactado pelas incertezas do mercado internacional e da subida esperada dos juros dos Estados Unidos”, destaca Cavaca.

Já nesta sexta-feira (15), acompanhando essa correção, as taxas prefixadas subiram com menos intensidade.  Na curva de juros reais, Cavaca cita a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios e uma gestão fiscal mais frouxa, que se traduz em uma postura mais hawkish (preocupada com a inflação) do Banco Central, como fatores que impactaram nas taxas.

“Esse movimento é reforçado com a sinalização de um Produto Interno Bruto (PIB) mais fraco na China, que deve impactar o preço das commodities nas próximas semanas, e instituições americanas sinalizando um pico de inflação próximo”, afirma Cavaca.

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Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era do título prefixado de médio prazo. O Tesouro Prefixado 2029 oferecia um retorno anual de 13,24%, superior aos 13,20% vistos na quinta-feira (14).

Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 13,33%, acima dos 13,31% registrados ontem.

A taxa do Tesouro Prefixado 2025 operava com estabilidade.

Nos títulos atrelados à inflação, o movimento era de queda nas taxas, de entre 4 e 9 pontos-base.

A maior baixa era nos títulos com vencimento em 2035 e 2045. O Tesouro IPCA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045 ofereciam ambos um ganho real de 6,08%, inferior aos 6,17% vistos na sessão anterior.

O maior ganho real visto nos papéis de inflação era de 6,17%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (15): 

Fonte: Tesouro Direto

China e commodities

O destaque do dia está nos números vindos da China. O crescimento econômico do país desacelerou acentuadamente no segundo trimestre, com alta de 0,4% em relação ao ano anterior.

A previsão apontava para uma expansão de 1,0% no trimestre abril-junho em relação ao ano anterior, de acordo com uma pesquisa da Reuters.

Na comparação com os três meses anteriores, o PIB caiu 2,6% no segundo trimestre. Já no primeiro semestre, a economia chinesa cresceu 2,5%.

Pesquisa feita pela Reuters com analistas prevê que o crescimento da China desacelere para 4,0% em 2022, muito abaixo da meta oficial de crescimento estabelecida em 5,5%.

Em relatório enviado a clientes, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, disse que os dados da China reforçam que a volatilidade deve seguir elevada.

“Ali se vê que o passado sofreu mais do que se esperava em meio a tais restrições, enquanto o presente viu de perto o resultado das reaberturas, nas vendas ao varejo, produção industrial e desemprego, ou seja, o problema ainda é Xi Jinping”, destacou o economista.

As cotações do minério de ferro recuavam fortemente, após o resultado do PIB chinês. Além disso, as perspectivas para a demanda do principal setor imobiliário, que responde por mais de 20% da economia chinesa, estão sob nova pressão devido ao boicote generalizado aos pagamentos de hipotecas por compradores de casas, que estão protestando contra o fracasso das incorporadoras em entregar casas que foram vendidas antecipadamente.

PEC dos Auxílios, deflação e perdas com ICMS

Na cena política, o Congresso promulgou, ontem (14), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que decreta estado de emergência no País para permitir ao Planalto conceder e ampliar benefícios sociais às vésperas da eleição. O texto, que já havia passado no Senado, foi aprovado ontem na Câmara após ter a tramitação acelerada por meio de manobras regimentais.

O governo tem pressa para pagar as benesses. Hoje, o chefe do Executivo aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao participar da solenidade de promulgação da PEC dos Auxílios, Bolsonaro elogiou o Congresso por ser “parceiro” do governo e voltou a dizer que a redução do ICMS incidente sobre os combustíveis pode resultar em deflação.

“Teto do ICMS vai levar a uma inflação bem menor no próximo ano. Ouso dizer que podemos ter deflação. É o Brasil voltando à normalidade do período pré-pandemia”, declarou o presidente.

Também na seara política, o Congresso derrubou, ontem (14), o veto do presidente Bolsonaro ao trecho da lei do ICMS que prevê compensação aos Estados por possível perda na arrecadação. A lei estabelece um teto, que varia de 17% a 18%, para a cobrança do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.