Tesouro Direto: após uma hora de suspensão, juros de prefixados recuam até 12,16%; maior parte dos papéis de inflação são negociadas em estabilidade

No mercado internacional, investidores monitoram o avanço do petróleo e as preocupações com a inflação global

Bruna Furlani Katherine Rivas

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Na volta do feriadão, as negociações de títulos públicos no Tesouro Direto chegaram a ser suspensas por cerca de uma hora ao longo da tarde desta segunda-feira (18).

Na retomada, os juros oferecidos pelos papéis operam de forma mista: os retornos da maioria dos títulos atrelados à inflação são negociados em estabilidade, enquanto os de prefixados recuam. Nos prefixados, a rentabilidade oferecida chega a 12,16%.

Na semana passada, o Tesouro Direto também chegou a interromper os negócios diante da forte volatilidade.

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Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o movimento de queda é técnico, dado que o mercado brasileiro está descolado dos juros no exterior e a falta de surpresas inflacionárias dos indicadores IPC-S e IGP-10 divulgados hoje. O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) avançou 2,48% em abril, puxado especialmente pela subida no preço dos combustíveis. Chama a atenção também que a alta dos preços está cada vez mais disseminada.

“É uma correção dos excessos da semana passada, apoiada pela queda do dólar por conta da conjuntura”, afirma.

Borsoi defende que o cenário ainda está recheado de riscos altistas para os juros. Entre estes ele cita: o risco da paralisação dos funcionários públicos forçar o governo a entregar um reajuste superior aos 5% acordados; os índices de inflação que seguem superando as expectativas e as commodities rompendo máximas recentemente, tais como milho, algodão e gás natural. O economista cita também a alta dos juros no exterior.

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Além disso, investidores monitoram participação de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em painel do Fundo Monetário Internacional (FMI), na tarde de hoje.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 12,14%, inferior aos 12,31% vistos na quinta-feira (14) – antes do feriado.

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 12,04% e 12,16%, respectivamente, abaixo dos 12,14% e 12,24% da sessão anterior.

Nos títulos atrelados ao IPCA, apenas o título de curto prazo apresentava queda nas taxas. O Tesouro IPCA+ 2026 oferecia um ganho real de 5,35%, inferior aos 5,39% registrados na semana passada.

As outras taxas dos títulos do Tesouro IPCA+ operavam com estabilidade.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (18): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Dados da China e commodities

Um dos destaques da sessão está nos dados da China. O Produto Interno Bruto (PIB) da China avançou 4,8% no primeiro trimestre de 2022 em relação a igual período do ano anterior, informou o Escritório Nacional de Estatística do país (NBS, na sigla em inglês).

O resultado superou as projeções de economistas consultados pelo The Wall Street Journal, de alta de 4,6%, e o crescimento interanual de 4,0% registrado no último trimestre de 2021. No entanto, colocou a economia chinesa em uma trajetória aquém da meta oficial para este ano, de expansão de 5,5% – mesmo se alcançado, o porcentual levaria a atividade do país ao avanço mais lento visto em mais de 25 anos.

Na margem, a economia chinesa registrou expansão de 1,3% no primeiro trimestre deste ano, o que representa desaceleração em relação ao ritmo observado no quarto trimestre de 2021, quando houve crescimento de 1,6% nessa base

O dado saiu junto com outros indicadores da economia da China: a produção industrial, com crescimento anual de 5% em março, de acordo com o esperado; e as vendas no varejo, que recuaram 3,5% em março, na comparação com o mesmo período do ano passado. O mercado apostava em uma queda de 2%.

Atenção também para as commodities. Os contratos futuros do petróleo sobem na tarde desta segunda-feira, com a notícia de que a produção de um dos campos de petróleo da Líbia foi interrompida na véspera (17). Além disso, com a continuação da guerra, há um temor entre os agentes financeiros de que mais sanções ao comércio de petróleo da Rússia deixem a oferta da commodity ainda mais apertada.

Por volta das 15h20 (horário de Brasília), o contrato do tipo Brent era negociado a US$ 114,33, com alta de 2,35% e o contrato do tipo WTI subia 2,11%, aos US$ 109,21.

IGP-10

Em dia de agenda econômica mais esvaziada, o destaque está nos números do IGP-10, que subiu 2,48% em abril. No mês anterior, o índice havia registrado alta de 1,18%. Com esse resultado, o indicador acumula alta de 7,63% no ano e de 15,65% em 12 meses.

No documento, André Braz, coordenador dos índices de preços, destacou que a maior contribuição veio dos combustíveis, além da alta significativa da cotação dos fertilizantes. O pesquisador, no entanto, disse que as pressões inflacionárias andam muito disseminadas.

Segundo ele, mesmo excluindo a contribuição da gasolina (0,15% para 18,73%) e do diesel (0,24% para 24,90%) no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), a variação média do índice ao produtor ficaria em 1,81%, superando a variação apurada pelo IPA em março.

Guedes no FMI e contas no vermelho

Na cena política, as atenções estão voltadas para a série de reuniões de ministros de finanças do G20, no Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com apuração da imprensa local, Paulo Guedes, ministro da Economia, vai ao Estados Unidos para vender a ideia de que o Brasil é um “porto seguro” para receber investimentos.

“O Brasil vai estar lá se posicionando como uma solução. O ministro tem dito claramente nas ultimas oportunidades que o Brasil é um porto seguro. Fizemos o dever de casa com as reformas domésticas e isso nos torna mais resilientes ao ambiente mais adverso e turbulento”, disse um técnico da equipe econômica ao jornal O Estado de S.Paulo.

Destaque também para o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que foi enviado ao Congresso na última quinta-feira (14).

Na ocasião, o Ministério da Economia propôs uma meta de déficit primário de até R$ 65,9 bilhões para 2023. O déficit primário indica quanto o governo deve gastar acima da arrecadação do ano, sem contar as despesas com a dívida pública.

Para honrar esse valor adicional, a União terá de emitir mais dívida. Confirmado o resultado, esse será o décimo ano consecutivo de rombo nas contas públicas. A trajetória de déficits fiscais teve início em 2014.