Tesouro Direto: com falas de presidentes de bancos centrais no radar, títulos públicos avançam e prefixados oferecem até 12,3%

Papéis atrelados à inflação entregam retornos reais de até 5,75% na tarde desta sexta-feira

Bruna Furlani

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Na volta do feriado, o mercado de títulos públicos segue com alta nas taxas na tarde desta sexta-feira (22). Agentes financeiros continuam repercutindo a fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que disse ontem (21) que uma alta de 0,50 ponto percentual está “na mesa” para o próximo encontro da autoridade monetária.

Ao mesmo tempo, o mercado está atento à fala de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, a investidores nos Estados Unidos, em reuniões privadas. Ontem (21), ele reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve promover um aumento de 1 ponto percentual da Selic na reunião de 3 e 4 de maio, o que elevaria a taxa básica de juros para 12,75%.

Na leitura de alguns agentes do mercado, o BC voltou a adotar tom em que mostrou que o ciclo de alta de juros estaria próximo do fim. Na ocasião, Campos Neto também falou sobre o câmbio, o que ajudou a dar força para a subida do dólar comercial, que apresentava forte alta de 3,96%, a R$ 4,803 na compra e a R$ 4,804 na venda, por volta das 15h20. Já o contrato do dólar futuro para maio subia 3,97%, a R$ 4,819.

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Apesar de a sinalização do BC brasileiro de que deve promover um aumento de 1 ponto percentual em maio e de que o ciclo de elevação da Selic estaria perto do fim, juros prefixados avançam de forma mais expressiva nesta sexta-feira, com alta de até 14 pontos-base (0,14 ponto percentual).

O destaque está no Tesouro Prefixado 2029, que oferecia um retorno de 12,17%, às 15h20, levemente abaixo dos 12,20% do começo da manhã. O percentual, no entanto, está acima dos 12,03% vistos na sessão de quarta-feira (20), já que na véspera não houve sessão em virtude do feriado.

No mesmo horário, o maior juro era pago pelo Tesouro Prefixado 2033, no valor de 12,30%, o que representa um avanço em relação aos 12,27% da abertura dos negócios. Tal percentual também é maior do que o pago um dia antes: 12,18%.

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Movimento semelhante era registrado entre os papéis atrelados à inflação como, por exemplo, o Tesouro IPCA +2055, com cupom semestral, que oferecia 5,75%, às 15h20. Valor acima dos 5,72% da quarta-feira.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (22): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Powell e BCE

Na cena externa, as declarações de Jerome Powell seguem impactando fortemente o mercado. Na véspera, o presidente do Fed disse que com a inflação atingindo cerca de três vezes a meta de 2% do Fed, “é apropriado avançar um pouco mais rapidamente”. “Cinquenta pontos básicos estarão na mesa para a reunião de maio.”

O presidente do Fed também afirmou sentir que os investidores que atualmente antecipam uma série de aumentos de meio ponto estão “reagindo adequadamente “à luta emergente do Fed contra o aumento dos preços”.

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Uma postura mais agressiva contra as pressões inflacionárias também marcou a entrevista de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), nesta sexta-feira, à emissora americana CNBC, ao lado de Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos.

Segundo Christine, há uma “chance forte” de alta de juros na zona do euro ainda neste ano. A presidente do banco também informou que o programa de compra de bônus (APP, na sigla em inglês) do BCE que injetou liquidez na economia pode ser encerrado no início do terceiro trimestre, o que abriria espaço para a elevação das taxas. Ao mesmo tempo, a autoridade ressaltou que a abordagem será gradual e dependerá dos indicadores.

Já sobre commodities, o petróleo caminha para uma perda semanal de cerca de 4%, com o Brent. O recuo envolve o cenário de alta de juros nos EUA, preocupações com o crescimento na China e também com a economia global, mesmo quando a União Europeia considera uma proibição do petróleo russo, o que restringiria ainda mais a oferta.

Reajustes no funcionalismo público, cassação de parlamentares e Auxílio Brasil

Na cena política, o governo já montou uma estratégia para impedir a tentativa, articulada por parlamentares de oposição, de aumentar o valor do Auxílio Brasil para R$ 600. As informações do jornal O Estado de S.Paulo. A ideia é incentivada por ministros como Ciro Nogueira (Casa Civil) e Célio Faria (Secretaria de Governo).

Segundo o jornal, o objetivo é fazer com que a medida provisória que complementa os pagamentos do programa caduque e, em seguida, editar um decreto para fixar o benefício em R$ 400 até o fim de 2022.

Jornais destacam ainda as pressões de servidores por reajustes. Os Policiais Federais marcaram protesto para o dia 28, após se dizerem frustrados com propostas do governo. Funcionários da CVM aprovaram operação-padrão a partir de segunda-feira (25), com o objetivo de pressionar o governo federal por maior reajuste salarial. Já os funcionários do Banco Central suspenderam greve e disseram que vão publicar o Relatório Focus às 8h30 de terça-feira (26), com datas-referência de 1º, 8, 15 e 22 de abril.

Também na seara política, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira (20) para tentar garantir que o Legislativo tenha a palavra final em casos de cassação de parlamentares em julgamentos da Corte.

A medida foi tomada no mesmo dia em que a Suprema Corte decidiu condenar o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) a 8 anos e 9 meses de prisão pelos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes e coação no curso do processo.