Tesouro Direto: taxas devolvem ganhos com LDO, commodities e medo de recessão global

Prefixados oferecem até 13,35% ao ano; ganho real dos papéis de inflação chega a 6,32%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Getty Images)

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Após forte alta no período da manhã, as taxas dos títulos públicos devolveram ganhos na tarde desta terça-feira (12).  Nos prefixados, algumas taxas avançavam até 3 pontos-base. Enquanto nos títulos atrelados à inflação, a maioria das taxas permanecia estável, e apenas duas avançavam até 5 pontos-base.

Segundo Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, as taxas devolveram os ganhos do dia acompanhando o preço das commodities que apresentou baixa. Ele cita o petróleo Brent, que caiu abaixo do patamar dos US$ 100 o barril durante o dia, algo que não era visto há muito tempo no mercado. Além do petróleo, commodities como o cobre, entre outras, apresentaram um movimento geral de realização, de acordo com o economista.

“A história da recessão global volta ao radar, com notícias sobre novas variantes da covid-19. Além de dúvidas sobre o que o Federal Reserve, banco central americano, pode fazer em termos de política monetária”, afirma Costa.

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Já no cenário doméstico, a aprovação do texto-base do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, que determina as metas e prioridades para os gastos públicos e oferece os parâmetros para elaboração do projeto de lei orçamentária do ano que vem, também acabou contribuindo com um cenário mais ameno para as taxas de juros.

“Isso é importante porque limpa a pauta do Congresso, que agora vai se debruçar sobre a PEC dos Auxílios ou PEC Kamikaze, encerrando as últimas medidas fiscais de maior impacto que o governo poderia tomar neste ano”, explica Costa.

Para o economista-chefe da Monte Bravo Investimentos isso favorece também na percepção de que o governo vai seguir com a PEC sem grandes alterações, com um gasto adicional em torno de R$ 41 bilhões.

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“Sem mudanças no texto, a conclusão da votação da PEC pode ocorrer até amanhã. Se aprovada, os programas entrariam em funcionamento no dia 1º de agosto”, explica ele.

Na visão dele, o mercado zerou as dúvidas em relação ao fiscal, porém há outros desafios como o cenário eleitoral e a política econômica daqui em diante.

Ainda na cena local, atenção também para a divulgação do volume de serviços, que subiu 0,9% em maio, acima do esperado pelo mercado.

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Dentro do Tesouro Direto, os prefixados ofereciam uma rentabilidade anual de até 13,35% na última atualização desta terça-feira (12), já o ganho real dos títulos de inflação chegava a 6,32%.

A maior alta nas taxas dos prefixados era do título de longo prazo. O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia uma rentabilidade anual de 13,35%, superior aos 13,32% vistos ontem.

Já o Tesouro Prefixado 2029 apresentava um retorno anual de 13,26%, acima dos 13,24%, registrados na segunda-feira (11),

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A taxa do Tesouro Prefixado 2025 operava estável.

Nos títulos atrelados à inflação, apenas dois títulos apresentavam alta nas taxas.

O Tesouro IPCA+ 2026 oferecia às 15h25 um ganho real de 6,08%, acima dos 6,03% vistos ontem. Enquanto o Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, apresentava um ganho real de 6,32%, superior aos 6,30% da sessão anterior.

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As outras taxas negociavam com estabilidade.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (12):

Fonte: Tesouro Direto

Congresso aprova texto-base da LDO de 2023

O Congresso Nacional aprovou, nesta terça-feira (12), o texto-base (PLN 5/2022) do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, que determina as metas e prioridades para os gastos públicos e oferece os parâmetros para elaboração do projeto de lei orçamentária do ano que vem.

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O placar foi de 324 votos a favor contra 110, na Câmara dos Deputados, e 46 votos contra 23, no Senado Federal. A matéria agora segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Inicialmente, o parecer do relator, senador Marcos do Val (Podemos-ES), previa a “obrigatoriedade de execução” das emendas relator − tecnicamente referidas pela rubrica RP 9, mas que se tornaram conhecidas como “orçamento secreto”, pela baixa transparência sobre a autoria, entre os parlamentares, das indicações para a destinação dos recursos.

Mas, em meio à polêmica do dispositivo, o relator recuou e anunciou, durante a sessão conjunta de segunda-feira (11), que retiraria o trecho da versão final do texto. Essas emendas somam R$ 16,5 bilhões no Orçamento deste ano, mas poderiam chegar a R$ 19 bilhões em 2023. O recuo irritou integrantes do “centrão”, que tentavam recolocar o dispositivo no texto minutos antes do início da sessão.

O movimento ocorreu após a repercussão negativa de uma entrevista na qual o parlamentar diz ter recebido R$ 50 bilhões em emendas para o Espírito Santo como “gratidão” pelo apoio dado à eleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a presidência do Senado Federal em 2021.

Petróleo

Os contratos de petróleo internacional fecharam abaixo dos US$ 100, diante de um dólar cada vez mais forte e recessão no horizonte. O Brent chegou ao menor patamar desde 12 de abril de 2022. O WTI fechou no menor nível desde 11 de abril do mesmo ano.

  • WTI (agosto): -8,22% (a US$ 95,53)
  • Brent (setembro): -7,56% (a US$ 99,00)

Serviços

O destaque da agenda local está nos números de serviços. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), maio foi o terceiro mês de resultado positivo dos últimos quatro meses, período em que o setor acumulou ganhos de 3,3%. No mês anterior, houve recuo de 0,1%.

Com o resultado de maio, o setor se encontra 8,4% acima do nível pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 2,8% abaixo do ponto mais alto da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), alcançado em novembro de 2014.

Frente a maio do ano passado, os serviços avançaram 9,2%, a 15ª taxa positiva consecutiva neste indicador.

O dado ficou acima do esperado. O consenso Refinitiv projetava um avanço mensal de 0,2% e anual de 8,5%.