Tesouro Direto: juros de prefixados encerram a semana com alta, enquanto taxas de títulos de inflação caem

Papéis prefixados pagam até 12,73% ao ano. Taxas mais altas entre os títulos indexados ao IPCA alcançam 5,72% anuais

Bruna Furlani

(Gustavo Mellossa/Getty Images)

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Os títulos públicos negociados no Tesouro Direto encerram a semana com comportamentos diversos nas taxas.

Os papéis prefixados, que começaram a sexta-feira (13) com taxas mais baixas que as da véspera, passaram oferecer juros mais altos à tarde. Já a remuneração dos títulos indexados à inflação diminuiu na última atualização do sistema, realizada às 15h22.

“Hoje a curva de contratos futuros de DI oscila pouco, tendo variações positivas e negativas em patamar inferior a 5 pontos-base em toda a curva”, diz Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management.

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Cavaca ressalta que o recente receio dos investidores sobre uma forte desaceleração da economia mundial decorrente dos aumentos programados na taxa de juros ao redor do globo vem reduzindo a aposta sobre o nível de inflação global. “Dado o momento atual do ciclo de política monetária, os agentes de mercado começam a dosar o quanto pode haver de efeito defasado nos aumentos de juros que já ocorreram”, diz o gestor.

A semana foi intensa em indicadores nos Estados Unidos. Os investidores seguem na expectativa de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, realize um aperto mais forte nos juros para domar a inflação.

Na quinta-feira (12), Jerome Powell, presidente do Fed, destacou que controlar a alta de preços não será fácil e alertou que não pode prometer um “pouso suave” da economia. Hoje, o mercado acompanha outros dirigentes da autoridade monetária e suas falas em eventos, numa tentativa de identificar pistas sobre os próximos passos do Fed.

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No Tesouro Direto, todos os três títulos prefixados disponíveis tinham taxas mais altas à tarde, chegando a oferecer 12,73% ao ano. Era o caso do Tesouro Prefixado 2033, com pagamento de juros semestrais, que pela manhã tinha juros de 12,68%.

Entre os papéis atrelados à inflação, o maior juro real era pago pelos títulos Tesouro IPCA+ 2035 e 2045. Ambos entregavam um retorno de 5,72% ao ano, abaixo dos 5,76% registrados nessa manhã. A remuneração mais baixa era a do Tesouro IPCA+ 2026, de 5,52% ao ano, também menor que os 5,56% verificados mais cedo.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (13): 

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Taxas oferecidas pelos títulos públicos no Tesouro Direto na tarde de 13.05.2022 (Fonte: Tesouro Direto)

As novas falas dos dirigentes do Fed

Dirigentes do Federal Reserve (Fed) participaram de diferentes eventos nesta sexta-feira, e cada um de seus discursos foi acompanhado com interesse pelo mercado.

Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland, reafirmou hoje o que Jerome Powell disse semanas atrás: o cenário base para as próximas duas reuniões da autoridade monetária é de alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros.

Mester participou do Fórum Internacional de Pesquisa sobre Política Monetária, onde disse que só em setembro o Fed vai ser capaz de avaliar para onde a inflação está indo.

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“Os riscos para a inflação permanecem fortemente positivos, especialmente em meio à guerra contínua na Ucrânia e o potencial de que a política de zero-Covid na China perturbe ainda mais as cadeias de suprimentos. Serão necessários vários meses de queda antes de se concluir que a inflação atingiu o pico”, afirmou.

Ela adicionou que “se até a reunião de setembro as leituras mensais sobre a inflação fornecerem evidências convincentes de que está caindo, então o ritmo dos aumentos das taxas pode desacelerar, mas se a inflação não se moderar, então um ritmo mais rápido de aumentos das taxas pode ser necessário”.

Já Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, afirmou que a celeridade na contenção da alta de juros depende, em parte, de uma redução nas restrições de oferta de energia.

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“Espero que tenhamos que fazer menos, e só poderemos fazer menos se houver mais oferta”, disse, durante um evento sobre energia e inflação organizado pelo Fed de Dallas e Minneapolis.

Reajustes, paralisações e Petrobras

Na cena local, dado o temor com o descontrole fiscal, as atenções se voltam para as demandas de reajuste do funcionalismo público.

O Banco Central (BC) chegou a enviar ao Ministério da Economia um pedido de aumento de 22% para seus analistas e técnicos, de 69,6% para os diretores e de 78,53% para o presidente da autarquia, noticiou o jornal O Estado de S. Paulo. Sob pressão, o BC retirou a solicitação na quinta-feira (12).

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Os funcionários do BC estão em greve pela segunda vez no ano desde o dia 3 de maio. Segundo o órgão, o motivo do recuo foram “inconsistências” no texto.

A proposta causou mal-estar no Ministério da Economia e foi considerada uma “vergonha” por membros da equipe econômica, já que é quase o dobro da inflação em 12 meses até abril, de 12%. Caso aprovada, a medida representaria um incremento de R$ 6 mil no contracheque de um analista no topo da carreira.

A proposição também foi considerada “descabida” porque o presidente Jair Bolsonaro (PL) já tinha anunciado que daria reajuste linear de 5% a todos os servidores e feito consultas ao Judiciário e ao Legislativo, que deram sinal verde. Um aumento de 22% para a equipe do BC provocaria a ira das demais categorias mobilizadas.

Ato contínuo, foi divulgado que uma carta assinada pelos 15 superintendentes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pede isonomia para todos os trabalhadores das instituições públicas que integram o “núcleo financeiro” do governo federal. A carta foi enviada ao presidente da CVM, Marcelo Barbosa, na quarta-feira (11).

O documento destaca “extrema preocupação com qualquer tentativa de tratamento diferenciado entre as carreiras do serviço público, especialmente as que compõem núcleos com instituições cujos mandatos são complementares, como as que integram o Núcleo Financeiro”.

“Isso poderia acarretar desequilíbrios e impactos significativos aos nossos servidores e, no limite, ao regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Nesse sentido, e como integrantes de um sistema, destacamos que seguiremos alinhados às futuras ações de mobilização do corpo de carreiras que formam o núcleo de reguladores do sistema financeiro”, diz um trecho.

Segundo nota do Sindicato Nacional dos Servidores da CVM (SindCVM), a carta assinada pelos superintendentes é mais um passo da mobilização por reajustes salariais. A mobilização já inclui uma “operação padrão”, com redução de 50% das metas dos servidores, aprovada em assembleia do SindCVM.

O descontentamento também cresce entre os caminhoneiros, que voltaram a discutir uma paralisação nacional por causa de mais um reajuste no preço do diesel anunciado pela Petrobras.

Vídeos de caminhoneiros viralizam em redes sociais. Neles, trabalhadores criticam o fato de o valor total pago nas bombas ultrapassar R$ 5.500, para armazenar pouco mais de 600 litros do combustível. O litro, na região de Barreiras, na Bahia, é vendido por R$ 8,24.

Diante do impacto eleitoral que os aumentos anunciados pela Petrobras podem gerar na imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL), o mandatário do País disse ontem (12) que vai recorrer à Justiça para tentar obrigar a Petrobras (PETR3;PETR4) a reduzir o preço dos combustíveis.

Ele admitiu, no entanto, que são remotas as possibilidades de conseguir decisão favorável e reclamou de interferências do Judiciário em medidas do governo para enfrentar os efeitos da alta na inflação.

O presidente abriu guerra contra a petroleira pelos constantes reajustes no preço dos combustíveis, que influenciam no aumento da inflação. Sem conseguir interferir na estatal, o chefe do Executivo exonerou na última quarta-feira (11) o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.