Tesouro Direto: mesmo com maior aversão a risco com nova variante, juros dos títulos públicos operam de forma mista

Bolsa recuam mundo afora. Mercado de commodities e de criptomoedas também é afetado negativamente com mau humor externo

Bruna Furlani

(GettyImages)

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Em dia de agenda política esvaziada no Brasil, agentes financeiros acompanham com temor a notícia de que a África do Sul teria detectado uma nova variante da Covid-19, com mais de 50 mutações. Índices mundo afora apresentam queda com o aumento da aversão a risco no cenário global.

O mercado de commodities e até mesmo o Bitcoin são afetados negativamente pelo mau humor que tomou conta das Bolsas globais. A preocupação é de que a nova variante faça com que o aumento de casos que afeta uma série de países da Europa seja ainda pior, em um momento em que há sinais de desaceleração do crescimento econômico no continente.

Aqui no Brasil, investidores acompanham declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que disse que o pico da inflação está próximo. A fala vem após a divulgação da prévia da inflação oficial de novembro ontem (25) e que trouxe que o índice ficou em 1,17%, ligeiramente acima do esperado pelo mercado.

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Em meio a um movimento de forte aversão a risco nos mercados, os títulos públicos operam de forma mista na tarde desta sexta-feira (26). Taxas de papéis prefixados apresentam queda, enquanto as de papéis de inflação sobem ou são negociadas perto da estabilidade.

Na atualização das 16h30, o Tesouro Prefixado 2024 oferece retorno de 11,81% ao ano, contra 11,91% ao ano, na primeira atualização do dia. O valor também é menor do que os 11,95%, da sessão anterior. No mesmo horário, o juro oferecido pelo Tesouro Prefixado 2026 recuava de 11,79% para 11,73% ao ano.

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Entre os títulos atrelados à inflação, na atualização das 16h30, as taxas reais oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2026 estavam em 5,15% ao ano – valor maior do que os 5,13% do começo do dia e do que os 5,10% do dia anterior. O Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, oferecia juros reais de 5,30% ao ano – percentual igual ao registrado na quinta-feira (25).

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (26): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Nova variante e aumento de casos na Europa

Após o anúncio feito pelo governo da África do Sul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniu nesta sexta-feira (26) e classificou como “preocupante” a variante B.1.1.529 do coronavírus, identificada na África, e decidiu chamá-la de Omicron.

“A evidência preliminar sugere um risco aumentado de reinfecção com esta variante, em comparação com outros VOCs”, disseram os dirigentes da OMS.

Agora, autoridades mundiais correm contra o tempo para tentar entender se a B.1.1.529 é mais transmissível ou letal do que as anteriores. Ainda não há clareza dessas informações entre pesquisadores.

A chegada de uma nova variante causa maior preocupação na Europa, que vê o número de casos de Covid-19 subir. Bélgica e Holanda, por exemplo, anunciaram, nesta sexta-feira (26), novas medidas para controlar o aumento da pandemia nos países.

O impacto da nova variante respingou também no mercado de commodities. Às 15h (horário de Brasília), os contratos futuros de petróleo do tipo Brent e WTI para janeiro de 2022 caiam 11,32% e 13,04%, respectivamente.

O Bitcoin (BTC) também foi afetado negativamente pelo mau humor externo. Às 17h, a criptomoeda era negociada a US$ 54.461, segundo dados da CoinMarketCap. Ontem por volta das 23h, o criptoativo havia ultrapassado os US$ 59 mil.

Para alguns analistas, no entanto, a reação do mercado à descoberta da nova variante foi exagerada. Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, o mercado entrou em um movimento irracional de manada.

“A gente ainda não sabe quais são os problemas dessa variante e pode ser que a vacina funcione, e nada muda”, disse. Nesse primeiro momento, como você tem falta de informações, o mercado tende a ser um pouco irracional e a derreter preços de alguns ativos que não deveriam derreter tanto assim”, acrescentou Franchini.

Falas de Campos Neto e PEC dos Precatórios

Na agenda econômica, o destaque está nas declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em evento nesta sexta-feira, ele afirmou que o BC imaginava “em algum momento” que o auge da inflação ocorreria em setembro, mas isso não ocorreu em função dos “choques de energia (que) vieram de forma consecutiva, surpreendendo a todos” e do aumento da gasolina subindo na bomba puxado pelo etanol.

“A gente acha que a gente está perto, olhando 12 meses, de ver o topo (da inflação) e a gente entende que a partir do ano que vem a gente vai ver uma melhora”, complementou.

Durante sua participação, Campos Neto também indicou que o BC deve piorar sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, mas não na magnitude que espera o mercado.

A alta de 2,1% será provavelmente revista para baixo, disse Campos Neto, “mas não tão baixo” como a mediana de expectativas de agentes do mercado, que projetam crescimento de apenas 0,7% para a economia brasileira em 2022.

Na agenda política, o destaque segue na PEC dos Precatórios. O governo quer votar o texto na próxima terça-feira (30) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário, mas ainda há pressão por mudanças.

O PSD, partido de Pacheco e que tem a segunda maior bancada da Casa, age para adiar a votação e ameaça dar votos contra se não houver alterações no texto.

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