Tesouro Direto: prefixados sobem até 4,35% em maio – e aposta de analistas é de que valorizem mais em junho

Agenda do próximo mês tem reuniões dos conselhos monetários de Brasil e EUA, consideradas decisivas para calibrar expectativas sobre corte de juros por aqui

Leonardo Guimarães

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Arcabouço fiscal, dívida dos Estados Unidos e dados de inflação marcaram maio. De mês para mês, os elementos de análise até podem mudar, mas o objetivo dos investidores tem sido sempre o mesmo:  encontrar pistas para saber quando os juros começarão a cair no Brasil.

Com as peças de maio, a maioria deles montou um quebra-cabeças com a imagem de um primeiro corte na Selic no início do segundo semestre. O arcabouço fiscal foi bem aceito e está andando, o Congresso dos EUA deve aprovar aumento no teto da dívida e a inflação oficial do Brasil segue desacelerando, como mostrou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de abril.

Diante desse cenário, os títulos prefixados se destacaram no mês que termina nesta quarta (31). O Tesouro Prefixado 2033, que paga juros semestrais, teve valorização de 4,35% em maio. No ano, o título ganha 11,85%. Já o Tesouro Prefixado 2029 ganhou 4,12% em maio, se beneficiando do fechamento – ou queda – da curva de juros.

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A maior valorização de maio (4,43%) foi do Tesouro Renda+ 2065. Parte da rentabilidade do título é prefixada.

Alexandre Yamamoto, analista de renda fixa da Levante, explica que os títulos longos são mais sensíveis à expectativa de juros, o que justifica a maior valorização dos papéis com vencimento tardio.

Em geral, grande parte da valorização dos títulos do Tesouro Direto se deu por causa da tramitação do arcabouço fiscal, que, de certa forma, deu tranquilidade aos agentes financeiros quanto à capacidade do governo em organizar as contas públicas e balizar as condições de quedas de juros.

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Nenhum título disponível para compra hoje no Tesouro Direto desvalorizou em maio. As altas mais tímidas foram vistas no Tesouro Selic, com o papel que vence em 2026 subindo 1,21%.

Veja os rendimentos dos títulos negociados no Tesouro Direto em maio e no acumulado do ano:

Título Rentabilidade em maio (%) Rentabilidade no ano (%) Taxa de compra (%) Taxa de venda (%)
Tesouro Prefixado 2026 2,24 9,81 10,96 11,08
Tesouro Prefixado 2029 4,12 13,07 11,4 11,52
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 4,35 11,85 11,52 11,64
Tesouro Selic 2026 1,21 0,08 0,09
Tesouro Selic 2029 1,2 0,18 0,19
Tesouro IPCA+ 2029 2,01 5,38 5,5
Tesouro IPCA+ 2035 3,95 11,27 5,52 5,64
Tesouro IPCA+ 2045 3,18 12,95 5,78 5,9
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 2,36 9,42 5,48 5,6
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 2,32 10,22 5,65 5,77
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 2,59 11,33 5,69 5,81

Fonte: Tesouro Direto

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Ainda há espaço para valorização?

Para analistas, os prefixados devem seguir se destacando no próximo mês. “A premissa é a mesma: o mercado ainda não sabe quando o ciclo de cortes da Selic começa, se em agosto ou setembro”, diz Yamamoto.

O principal fator para a apreciação desses títulos é a queda nas expectativas de juros. Portanto, é preciso ficar de olho nos fatores que fazem o mercado precificar queda da Selic.

Um deles é uma mudança de tom no comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Se o grupo sinalizar que enxerga cenário para corte dos juros, os títulos prefixados devem se valorizar, enquanto a remuneração oferecida cai. “Acreditamos que essa mudança [de tom] possa acontecer já na próxima reunião”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

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A próxima reunião do Copom termina no dia 21 de junho. Uma semana antes, no dia 14, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) divulga sua decisão sobre os juros no país. A maioria dos agentes do mercado financeiro espera manutenção das taxas no intervalo entre 5% e 5,25% ao ano.

“O Federal Reserve serve como limitador da queda de juros no Brasil”, afirma Komura. “Caso o Fed sinalize que vai parar de subir os juros, abre espaço para o Copom realizar corte e achamos que isto pode ocorrer na próxima reunião”.

Segundo o CME Group, 66,8% dos agentes do mercado financeiro acreditavam na manutenção dos juros na próxima reunião da autoridade monetária americana. Os dados são desta quarta-feira (31).

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Para o analista da Ouro Preto, ruídos políticos não devem atrapalhar tanto os mercados brasileiros em junho: “O Congresso tem agido como uma força moderadora, levando as decisões ao centro, o que dá alívio ao mercado”.

Entre os indicadores mais importantes do mês, os radares estão apontados para o IPCA de maio, que será divulgado no próximo dia 7 e deve mexer com a rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto. O primeiro dia do mês reserva a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de maio, o mais importante indicador para a avaliação da força da atividade econômica no P–aís.