Tesouro Direto: juros longos recuam após Copom reafirmar pico da Selic em 15%

Juros curtos sobem com tom duro do Copom, enquanto papéis longos recuam em meio a cautela global

Paulo Barros

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Os títulos públicos negociados no Tesouro Direto abriram esta terça-feira (24) com leve queda nas taxas mais longas, dando sequência ao movimento iniciado após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O ajuste ocorre em sintonia com a ata divulgada nesta manhã, que reforçou a sinalização de que a Selic permanecerá em 15% por um período prolongado, consolidando a percepção de que o ciclo de alta chegou ao fim.

O Tesouro IPCA+ 2050, por exemplo, caiu de 6,83% ontem para 6,81% de juro real nesta manhã. O IPCA+ 2029 passou de 7,58% para 7,54%, e o papel com vencimento em 2040 variou de 6,91% para 6,92%. Já entre os prefixados, os movimentos foram praticamente estáveis, com leve alta no Tesouro Prefixado com juros semestrais 2035 (13,79% para 13,80%).

A queda nas taxas longas está diretamente relacionada à reafirmação, por parte do Banco Central, de que o atual patamar da taxa básica de juros é o limite superior do ciclo. A ata reforçou que o plano do Copom é “manter a Selic em nível contracionista por um período bastante prolongado”, expressão repetida seis vezes no documento.

Para o investidor, a interpretação é que, mesmo sem data definida, o BC está mais próximo de iniciar um ciclo de corte do que de novas altas, o que tende a reduzir os juros de longo prazo nos títulos públicos, que precificam as expectativas futuras da política monetária.

“O recado continua o mesmo: inflação incompatível com a meta, expectativas desancoradas e a atividade econômica apresentando dinamismo, […] agora esperar que faça efeito”, explicou Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. Para ele, o BC confia no efeito defasado dos juros sobre a atividade e deve manter o atual patamar por várias reuniões.

O cenário reforça a avaliação de que, apesar da manutenção da Selic em 15%, a porta para cortes em 2026 está entreaberta. “Mantemos a nossa expectativa de que os juros comecem a ser reduzidos na 1ª reunião de 2026, fechando o ano que vem em 12,50% a.a”, completou Leal.

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Fabio Kanczuk, diretor de macroeconomia da ASA Investments, também destacou que, embora a ata tenha tido um tom levemente mais brando (“dovish”), não deve provocar grandes ajustes no mercado. “O comitê novamente afirmou que seu plano é manter os juros em patamar contracionista por período bastante prolongado”, afirmou.

Confira as taxas dos títulos do Tesouro Direto às 9h30 desta terça-feira (24):

(Fonte: Tesouro Direto)

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)