Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem com Treasuries e fala de Bullard

Dirigente do Fed defendeu uma elevação de juros americanos de 0,50 ponto percentual em março, enquanto boa parte do mercado esperava uma alta de 0,25 pp

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam em alta na tarde desta quinta-feira (10) acompanhando o rendimento dos Treasuries – títulos do Tesouro americano – que avançaram com os dados de inflação nos Estados Unidos e declarações de James Bullard, presidente do Federal Reserve de Saint Louis.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,6% em janeiro em relação a dezembro. A inflação veio acima da expectativa do mercado que esperava por uma alta de 0,4%. Na comparação anual, a inflação americana subiu 7,5%, maior avanço desde fevereiro de 1982.

O salto da inflação acabou impactando a curva de juros lá fora, com a possibilidade de um aperto monetário maior e prolongado para frear a pressão inflacionária.

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O presidente do Federal Reserve de Saint Louis, James Bullard defendeu uma elevação de juros de 0,50 ponto percentual – a primeira do tipo desde 2000. Até o momento, boa parte do mercado americano esperava uma alta de 0,25 ponto em março.

O rendimento dos Treasuries de 10 anos chegou a 2,041%, por volta das 15h20 (horário de Brasília). No começo do ano, esses títulos apresentavam um retorno de 1,637%.

Com os juros dos Estados Unidos subindo e a renda fixa americana ficando mais atrativa, a curva de juros brasileira também é impactada. Investidores passam a exigir prêmios mais elevados para investir nos títulos brasileiros, puxando as taxas para cima.

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Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos públicos de curto prazo aceleravam ganhos. É o caso do Tesouro Prefixado 2024 que apresentou a maior variação, o título entregava uma rentabilidade anual de 11,54%, superior aos 11,39% vistos ontem.

Os retornos do Tesouro Prefixado 2026 e do Tesouro Prefixado 2031, com pagamento de juros semestrais, também avançavam. As taxas oferecidas pelos títulos na última atualização desta quinta-feira (10) eram de 11,25% e 11,47%, respectivamente. Rentabilidade superior aos 11,12% e 11,41% da sessão anterior.

Nos títulos atrelados ao IPCA o movimento era semelhante. As taxas do Tesouro IPCA+ 2026 foram as que mais subiram, com uma rentabilidade real de 5,30% às 15h20, acima dos 5,21% da quarta-feira (9).

Atenção ainda para os títulos com vencimento em 2030 e 2040 com juros semestrais, que estão com as negociações suspensas porque o pagamento de cupom ocorre na próxima terça-feira (15).

Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que oferecem cupons de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (10):

Declarações de James Bullard

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em St Louis, James Bullard, afirmou, nesta quinta-feira (10), que gostaria de ver aumento de 100 pontos-base no juro básico até 1º de julho deste ano. A taxa está na faixa entre 0% e 0,25% desde o início da pandemia, mas deve começar a ser elevada em março, em meio à escalada persistente da inflação nos Estados Unidos.

Em entrevista à Bloomberg, Bullard – que tem direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) – afirmou que apoia o primeiro aumento em uma reunião de 50 pontos-base nos juros desde 2000.

O dirigente expressou preocupação com a alta do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em janeiro, conforme informado hoje.

Inflação americana

O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) subiu 0,6% em janeiro em relação a dezembro, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (10). O núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) também teve alta de 0,6% no período.

O consenso de mercado apontava para alta de 0,4% para o índice cheio na base mensal e de 0,5% para o núcleo.

Na comparação anual, a inflação subiu 7,5%, ainda acima do esperado, que era de alta de 7,3%. Esse é o maior avanço anual desde fevereiro de 1982.

Biden otimista

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adotou tom otimista quanto ao combate à forte inflação nos Estados Unidos, ao comentar em nota divulgada nesta quinta-feira, 10, pela Casa Branca o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de janeiro, divulgado mais cedo e que registrou a sua maior alta anual desde fevereiro de 1982.

Segundo ele, embora o CPI esteja pressionando a renda dos norte-americanos a ponto de causar “estresse real” em domicílios, há sinais de que os EUA conseguirão superar a alta inflacionária, como o recuo recente nos preços de automóveis, “responsáveis por cerca de um quarto de toda a inflação em 2021”.