As taxas dos títulos públicos operam em alta na tarde desta quinta-feira (10) acompanhando o rendimento dos Treasuries – títulos do Tesouro americano – que avançaram com os dados de inflação nos Estados Unidos e declarações de James Bullard, presidente do Federal Reserve de Saint Louis.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,6% em janeiro em relação a dezembro. A inflação veio acima da expectativa do mercado que esperava por uma alta de 0,4%. Na comparação anual, a inflação americana subiu 7,5%, maior avanço desde fevereiro de 1982.
O salto da inflação acabou impactando a curva de juros lá fora, com a possibilidade de um aperto monetário maior e prolongado para frear a pressão inflacionária.
O presidente do Federal Reserve de Saint Louis, James Bullard defendeu uma elevação de juros de 0,50 ponto percentual – a primeira do tipo desde 2000. Até o momento, boa parte do mercado americano esperava uma alta de 0,25 ponto em março.
O rendimento dos Treasuries de 10 anos chegou a 2,041%, por volta das 15h20 (horário de Brasília). No começo do ano, esses títulos apresentavam um retorno de 1,637%.
Com os juros dos Estados Unidos subindo e a renda fixa americana ficando mais atrativa, a curva de juros brasileira também é impactada. Investidores passam a exigir prêmios mais elevados para investir nos títulos brasileiros, puxando as taxas para cima.
Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos públicos de curto prazo aceleravam ganhos. É o caso do Tesouro Prefixado 2024 que apresentou a maior variação, o título entregava uma rentabilidade anual de 11,54%, superior aos 11,39% vistos ontem.
Os retornos do Tesouro Prefixado 2026 e do Tesouro Prefixado 2031, com pagamento de juros semestrais, também avançavam. As taxas oferecidas pelos títulos na última atualização desta quinta-feira (10) eram de 11,25% e 11,47%, respectivamente. Rentabilidade superior aos 11,12% e 11,41% da sessão anterior.
Nos títulos atrelados ao IPCA o movimento era semelhante. As taxas do Tesouro IPCA+ 2026 foram as que mais subiram, com uma rentabilidade real de 5,30% às 15h20, acima dos 5,21% da quarta-feira (9).
Atenção ainda para os títulos com vencimento em 2030 e 2040 com juros semestrais, que estão com as negociações suspensas porque o pagamento de cupom ocorre na próxima terça-feira (15).
Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que oferecem cupons de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (10):
Declarações de James Bullard
O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em St Louis, James Bullard, afirmou, nesta quinta-feira (10), que gostaria de ver aumento de 100 pontos-base no juro básico até 1º de julho deste ano. A taxa está na faixa entre 0% e 0,25% desde o início da pandemia, mas deve começar a ser elevada em março, em meio à escalada persistente da inflação nos Estados Unidos.
Em entrevista à Bloomberg, Bullard – que tem direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) – afirmou que apoia o primeiro aumento em uma reunião de 50 pontos-base nos juros desde 2000.
O dirigente expressou preocupação com a alta do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em janeiro, conforme informado hoje.
Inflação americana
O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) subiu 0,6% em janeiro em relação a dezembro, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (10). O núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) também teve alta de 0,6% no período.
O consenso de mercado apontava para alta de 0,4% para o índice cheio na base mensal e de 0,5% para o núcleo.
Na comparação anual, a inflação subiu 7,5%, ainda acima do esperado, que era de alta de 7,3%. Esse é o maior avanço anual desde fevereiro de 1982.
Biden otimista
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adotou tom otimista quanto ao combate à forte inflação nos Estados Unidos, ao comentar em nota divulgada nesta quinta-feira, 10, pela Casa Branca o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de janeiro, divulgado mais cedo e que registrou a sua maior alta anual desde fevereiro de 1982.
Segundo ele, embora o CPI esteja pressionando a renda dos norte-americanos a ponto de causar “estresse real” em domicílios, há sinais de que os EUA conseguirão superar a alta inflacionária, como o recuo recente nos preços de automóveis, “responsáveis por cerca de um quarto de toda a inflação em 2021”.