Tesouro Direto: juros de títulos prefixados seguem alta nas Treasuries americanas e alcançam até 12,09%

Ganho real dos papéis de inflação chega a 5,93%

Bruna Furlani Katherine Rivas

Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)

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Apesar da queda no preço das commodities, as taxas dos títulos públicos avançam na tarde desta quinta-feira (15). Tanto prefixados como papéis atrelados à inflação, apresentam alta nas taxas de até 11 pontos-base.

Segundo Camila Abdelmalack, economista-chefe na Veedha Investimentos, o movimento das taxas repercute os dados do  Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, que demonstrou avanço de 1,17% da economia em julho na comparação mensal, bem acima do esperado pelo mercado.

Contudo, ela destaca que a maior pressão nas taxas locais foi do mercado americano, com as Treasuries (títulos do Tesouro americano) chegando perto do patamar de 3,5%. Estas apresentaram amplitude em toda a curva, até os 30 anos, por conta de um movimento de aversão ao risco dos investidores da renda fixa.

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“Nos Estados Unidos, a expectativa de um Federal Reserve (Fed, banco central americano) agressivo elevou os juros das Treasuries”, afirma Camila.

A aposta de que o Fed pode aumentar a taxa de juros, semana que vem, em 1 ponto cheio tem adesão de 24%, contra 76% que acham que o aumento vai ser de 75 pontos-base.

Destaque também para a informação de que Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) anunciou a manutenção da taxa de um ano para sua linha de crédito de médio prazo em 2,75%, com injeção de 400 bilhões de yuans.

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Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era na taxa do título de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h25 um retorno anual de 12,06%, superior aos 11,95% registrados na quinta-feira (14).

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 11,96% e 12,09%, respectivamente, acima dos 11,88% e 12,04% vistos na véspera.

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas subiam entre 3 e 11 pontos-base. A maior alta era na taxa do Tesouro IPCA+ 2026 que oferecia um ganho real de 5,79%, acima dos 5,68% vistos ontem.

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O maior ganho real registrado nesta sessão era de 5,93%, do Tesouro IPCA+ 2055.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (15): 

Fonte: Tesouro Direto

Estados Unidos

Na cena externa, investidores monitoram novos indicadores de atividade nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Comércio, as vendas no varejo no País subiram 0,3% em agosto ante julho, a US$ 683,3 bilhões, conforme apontaram dados com ajustes sazonais divulgados nesta quinta-feira.

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O resultado superou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam estabilidade no período.

Excluindo-se automóveis, porém, as vendas no setor varejista americano tiveram queda de 0,3% no confronto mensal de agosto. Neste caso, a projeção era de alta de 0,1%.

Já os dados de julho ante junho foram revisados para baixo. No caso das vendas totais, a estabilidade original foi revisada para queda de 0,4%. Em relação ao resultado sem automóveis, o avanço inicial de 0,4% passou para estabilidade.

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Atenção também para os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que tiveram queda de 5 mil na semana encerrada em 10 de setembro, a 213 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho norte-americano.

O resultado veio abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam 225 mil solicitações.

O total de pedidos da semana anterior foi revisado para baixo, de 222 mil para 218 mil.

Já o número de pedidos continuados registrou aumento de 2 mil na semana encerrada em 3 de setembro, a 1,403 milhão.

IBC-Br e revisão do PIB

Na cena doméstica, o avanço de 1,17% registrado no IBC-Br veio bem acima do esperado pelo mercado (que projetava uma alta de 0,30%, segundo o consenso Refinitiv) e representa o segundo mês seguido de crescimento. Em junho, o indicador teve alta de 0,69%, na comparação mensal.

Nos últimos 12 meses, a variação ficou em 2,09%. Já em relação a julho de 2021, o índice teve crescimento de 3,87%.

Também na cena econômica, o Ministério da Economia revisou para cima o crescimento do PIB 2022, para 2,7%, superando a projeção anterior de 2,0%.

Esse é o segundo aumento consecutivo, explicado pelo resultado acima do projetado para a atividade do segundo trimestre e indicadores positivos que começaram a ser divulgados para o segundo semestre deste ano.

Em relação à inflação ao consumidor amplo (IPCA), a variação para este ano foi reduzida de 7,2% para 6,3%, informou a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério. Para 2023, a projeção se manteve em 4,50%.

A partir de 2024, espera-se convergência do IPCA para a meta de 3,00%. Em relação à inflação ao consumidor (INPC), a projeção para 2022 caiu de 7,40% para 6,54%

Lula e devolução à União

Já na cena política, a entrega pelos presidenciáveis da prestação de contas parcial da campanha, até terça-feira (13), mostrou que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera o ranking dos gastos declarados, com informe de despesas eleitorais de R$ 52 milhões até o momento.

Com histórico de omissões de gastos eleitorais na campanha de 2018, Jair Bolsonaro (PL) informou à Justiça Eleitoral ter usado em sua campanha até agora menos da metade que seu principal rival, R$ 21 milhões.

Destaque também para a informação que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao Ministério da Economia que encaminhe, em até 30 dias após notificação, os cronogramas de devolução à União dos valores aportados nos bancos públicos por meio da emissão direta de títulos da dívida pública federal.

A decisão da Corte foi tomada após um recurso da equipe econômica contra decisão que alterou as devoluções em curso pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O BNDES alegava que o pagamento dos recursos prejudicaria o banco e propôs um segundo cronograma com devolução dos valores até 2040. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem cobrado publicamente a devolução de R$ 90 bilhões ainda em 2022. Segundo ele, esses recursos serão usados para reduzir a dívida pública.