Tesouro Direto: taxas operam mistas com falas de Serra, risco fiscal e EUA

Prefixados oferecem rentabilidade anual de até 12,51%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Shutterstock)

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As taxas dos títulos públicos operam em movimento misto na tarde desta quarta-feira (18). Nos prefixados as taxas curtas recuam enquanto os títulos longos apresentam uma rentabilidade maior.

Luciano Costa, sócio e economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, explica que o mercado de juros apresentou um movimento de alta nas taxas hoje. Nos juros curtos, pesaram as novas declarações do diretor do Banco Central, Bruno Serra, que fez uma nova apresentação na Câmara Espanhola e acabou ajustando o seu discurso sobre o fim do ciclo de alta nos juros.

“Ele sinalizou que o ciclo pode terminar em junho, porém se a realidade da inflação se mostrar mais dura o ciclo pode prosseguir”, explica Costa. “Ficou esse tom mais hawkish (preocupado com a inflação) de que se for necessário eles podem seguir com o ciclo”, reforça.

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Na parte longa da curva, Costa explica que o risco fiscal impactou, com a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro estar debatendo um reajuste maior para policiais rodoviários federais.

“O custo fiscal disso é de R$ 1 bilhão extras em gasto, mas o perigo da decisão seria que outras categorias busquem também um reajuste maior. Se o debate em curso já é por um reajuste de 5%, com as categorias pleiteando novos reajustes, a conta vai ficar maior”, avalia o economista.

No cenário externo, Costa cita a aversão ao risco dos investidores, provocada por dúvidas sobre o crescimento da economia americana, alguns dados de empresas de varejo com resultados ruins, aumento de custos e a discussão sobre até quanto o Federal Reserve pode elevar os juros americanos e desacelerar a economia.

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Dentro do Tesouro Direto, o título prefixado de longo prazo apresentava uma rentabilidade maior.

O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia um retorno anual de 12,51%, superior aos 12,48% do dia anterior.

Na contramão, o título prefixado de curto prazo tinha queda nas taxas. O Tesouro Prefixado 2025 entregava uma rentabilidade anual de 12,45%, inferior aos 12,53% vistos na terça-feira (17).

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As taxas do Tesouro Prefixado 2029 operavam com estabilidade.

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas dos papéis com vencimento em 2026, 2032, permaneciam estáveis.  As outras taxas avançavam entre 2 e 4 pontos-base.

Destaque para o Tesouro IPCA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045, ambos ofereciam um retorno real de 5,66%, acima dos 5,62% registrados ontem.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta quarta-feira (18): 

Fonte: Tesouro Direto

Cenário externo

A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou uma disparada dos preços de energia e alimentos, o que aumentou os riscos de estagflação na economia global, afirmou a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.

Estagflação é o termo que se refere a períodos prolongados de inflação em alta e crescimento econômico lento.

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“As perspectivas econômicas globais são desafiadoras e incertas”, disse Yellen.

“E os preços mais altos de alimentos e energia estão tendo efeitos estagflacionários, ou seja, deprimir a produção e os gastos e aumentar a inflação em todo o mundo”, acrescentou Yellen.

Bruno Serra

O Banco Central espera estar chegando ao fim de seu atual ciclo de aperto monetário, embora essa expectativa ainda dependa de dados e o ciclo possa ser alongado caso o cenário exija, disse o diretor de política monetária da autarquia, Bruno Serra, nesta quarta-feira.

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“No momento a gente ainda está num ciclo de alta (de juros); a gente espera estar chegando no final dele, mas é sempre uma expectativa que depende dos dados”, disse Serra em evento organizado pela Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.

“A gente está num regime de meta de inflação e não pensa em nenhum momento em mudar isso. Se a realidade se impuser de um lado mais negativo a gente pode, naturalmente, alongar um pouco mais.”

Num cenário de aperto nas condições monetárias no mundo inteiro, com o Federal Reserve, dos EUA, se mostrando bastante agressivo na elevação dos juros, o Banco Central do Brasil tem instrumentos para combater efeitos adversos que poderiam recair sobre mercados emergentes, inclusive com mais aumentos na taxa Selic, disse Serra.

Teto de gastos “virou a Geni”

Ainda no evento da Câmara Espanhola, o diretor do Banco Central, Bruno Serra afirmou que a regra do teto de gastos tem sido atacada no País, mas ainda cumpre o efeito de controlar o crescimento das despesas do governo. “O teto de gastos virou a Geni, está apanhando de todos os lados”, disse ele.

Serra elogiou a política fiscal conduzida pelo governo e disse que, no curto prazo, o aumento da demanda agregada por causa de aumentos dos gastos “já não é um problema”.

Ele destacou que, em 2021, o Brasil foi um de cinco países do mundo com superávit primário e um dos três que reduziram a dívida bruta.

“À frente, o que importa são as escolhas que vão ser feitas em 2023”, disse Serra, para quem será necessária uma meta fiscal que permita a convergência da dívida brasileira ao nível dos pares. “Ajudaria a política monetária se fosse conduzido como neste ano pós-pandemia.”