Tesouro Direto: taxas recuam com decisão da Petrobras de reduzir os preços da gasolina em 7%

Prefixados oferecem até 12,15% ao ano; ganho real dos papéis de inflação chega a 5,94%

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam maioritariamente em queda na tarde desta quinta-feira (1). Nos prefixados, as taxas recuam até 12 pontos-base, já nos papéis de inflação apenas as taxas curtas apresentam baixa, enquanto as outras permanecem estáveis.

Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, afirma que o movimento de queda é por conta da decisão da Petrobras de reduzir o preço da gasolina em 7% nas refinarias a partir desta sexta-feira (2).

A petrolífera anunciou nesta manhã que vai reduzir o preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras de R$ 3,53 para R$ 3,28 por litro, uma redução de R$ 0,25 por litro, ou uma baixa de 7,08%. Este é o quarto corte consecutivo desde meados de julho.

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Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,57, em média, para R$ 2,39 a cada litro vendido na bomba, ou uma baixa de 7%.

“Essa redução traz um impacto de 20 a 25 pontos-base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deverá apresentar deflação tanto em agosto como setembro”, avalia Serrano.

Enquanto isso, no Brasil, o destaque está na divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que cresceu 1,2% frente ao trimestre anterior. Esse é o quarto resultado positivo consecutivo do indicador. O número ficou acima do esperado pelo mercado e foi puxado pela alta do setor de serviços, que avançou 1,3% na comparação com os três meses anteriores.

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“O PIB veio forte e poderia ter pressionado as taxas provocando alta, mas esse movimento acabou não ocorrendo no período da tarde”, comenta Serrano.

No radar do mercado e que pode impactar a curva de juros, o economista destaca a apresentação do relatório de emprego dos Estados Unidos, o chamado payroll, que sai nesta sexta-feira (2) e possui grande relevância na análise do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre os rumos da política monetária do país.

Tem ainda os dados de produção industrial no Brasil. Segundo Serrano, dados fortes podem acabar provocando um movimento de alta nas taxas, já dados fracos aliviariam a curva de juros.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era na taxa do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 11,90% às 15h25, inferior aos 12,02% vistos na véspera.

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 11,97% e 12,15%, respectivamente, abaixo dos 12,06% e 12,19%, registrados na sessão anterior.

Nos títulos atrelados à inflação, apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2026 recuava. O título público oferecia um ganho real de 5,79%, inferior aos 5,82% da quarta-feira (31).

As outras taxas dos papéis de inflação permaneciam estáveis. O maior ganho real desta quinta-feira (1), era do Tesouro IPCA+ 2055, de 5,94%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (1): 

Fonte: Tesouro Direto

China e Europa

Novos dados vindos da China ajudaram a pesar negativamente no mercado nesta manhã. Hoje, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) privado do país recuou de 50,4 em julho para 49,5 em agosto. Ou seja: ficou abaixo da marca de 50 pontos, que separa contração da expansão, de acordo com dados divulgados pela Caixin Media e S&P Global.

A situação se repetiu na Alemanha, onde o índice de gerentes de compras (PMI) industrial do país caiu de 49,3 em julho para 49,1 em agosto, permanecendo abaixo da marca de 50 que indica contração na atividade e atingindo o menor patamar em 26 meses, segundo pesquisa final divulgada nesta quinta pela S&P Global.

A leitura definitiva ficou abaixo da estimativa preliminar de agosto e da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 49,8 em ambos os casos.

PIB

O mercado repercute ainda os números do PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, e que chegou a R$ 2,404 trilhões em valores correntes, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o crescimento do PIB foi de 3,2%

O número ficou acima do esperado. As expectativas da pesquisa Refinitiv eram de crescimento de 0,9% sobre o primeiro trimestre e de 2,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Como esperado, o PIB foi puxado pela alta de serviços, de 1,3%. Já na indústria, a alta de 2,2% foi o segundo resultado positivo consecutivo do setor, após a queda de 0,9% no quatro trimestre do ano passado.

A agropecuária, que havia recuado 0,9% no último trimestre, variou 0,5% no segundo trimestre deste ano.

Já do lado da demanda, o consumo das famílias teve a maior alta desde o quarto trimestre de 2020, ao crescer 2,6% no segundo trimestre.

Os gastos do governo, por sua vez, recuaram 0,9%, após registrar estabilidade no trimestre anterior (-0,1%). Em relação aos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), houve aumento de 4,8% no período.

Já no setor externo, as exportações caíram 2,5%, enquanto as importações cresceram 7,6% em relação ao primeiro trimestre de 2022.

Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, a melhora da atividade está ligada a quatro fatores: reabertura da economia, recuperação do mercado de trabalho, liberação de benefícios fiscais, como saques extraordinários do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e antecipação de 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS.

No terceiro trimestre, Sung afirma que a expectativa é que a dinâmica mais positiva do mercado de trabalho, juntamente com as reduções tributárias sobre combustíveis e energia, além dos auxílios, ajudem a dar novo fôlego para a economia.

Embora o saldo seja um pouco mais positivo entre agosto e outubro, o economista acredita que a segunda metade do ano como um todo deve ser marcada pelo arrefecimento da atividade, diante das pressões inflacionárias e do efeito defasado da alta de juros.

Orçamento

Na cena política, uma leve revisão para cima das estimativas de arrecadação no próximo ano fez a equipe econômica diminuir a estimativa de déficit primário para 2023.

Segundo o projeto do Orçamento do próximo ano, enviado ontem (31) ao Congresso, a meta de resultado negativo corresponderá a R$ 63,7 bilhões para o Governo Central – composto pelo Tesouro Nacional, pela Previdência Social e pelo Banco Central.

O déficit será um pouco menor do que o estipulado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, sancionada na semana passada. A LDO estipula meta de R$ 65,9 bilhões para o próximo ano.